Festival de Sundance 2018 – Dia 10 #ConexãoSundance
Conexão Sundance

Festival de Sundance 2018 – Dia 10 #ConexãoSundance

Festival de Sundance 2018 – Dia 10: Chegamos ao último dia do Festival de Sundance (com um pouco de atraso aqui no Cinem(ação), é verdade). Desta vez, o crítico Maurício Costa comenta o melhor filme do festival, “We The Animals”, e o pior de todos, “Damsel”. Além destes, tem a nova obra do aclamado diretor Spike Lee.

 

Festival de Sundance 2018 – Dia 10:

 

We the Animals

Estados Unidos, 2018, 90 min. Ficção. Direção: Jeremiah Zagar

Primeiro filme de ficção do diretor, que fez apenas documentários antes. Foi o melhor filme visto por Maurício neste festival, que inclusive ganhou o prêmio da mostra NEXT (abordagem mais inovadora). É muito tocante e trata de uma família “disfuncional”, embora isso seja ingrato para dizer sobre o filme. É uma família de imigrantes porto-riquenhos que tem seus problemas, com pais separados, alcoolismo, mas que também tem muito carinho e muita união. O filme tem o ponto de vista do filho mais novo, que é o “baby boy” da mamãe, com 10 anos de idade. O filme mostra como ele lida com os pais, os irmãos mais velhos entrando na adolescência, o comportamento deles. E o filme tem uma abordagem muito sensível e tocante. Para se ter uma ideia do toque do filme: ele tem uma abordagem e montagem parecida com Moonlight. Ao contrário do Madeline’s Madeline, com muitos planos fechados que davam errado, neste filme isso é feito de forma certa.

O filme se concentra muito no olho do menino, no que ele tá vendo, no close das reações, e tem muitas animações – uma das válvulas de escape do garoto é desenhar, então ele desenha para expressar o que ele pensa, e esses desenhos são animados. E tem muitas sequências interessantes que são fantasiosas. Não são alucinações e nem sequências de sonhos, mas refletem o pensamento mágico da criança, e como ela gostaria que as coisas fossem para ela lidar com os problemas que ela tem à sua volta. Não é um filme sobre uma família abusiva, mas sobre as dificuldades da vida e de como os pais muitas vezes fazem as coisas erradas, mas amam os filhos. O longa tem uma história contada do início ao fim de forma a ser mais simples de assimilar do que a do Moonlight ou de um filme do Malick, por exemplo. Segundo Maurício, “We The Animals” está acima de “Benzinho“, que está acima de “Ferrugem“, que está acima de “Holiday“.

 

Pass Over

Estados Unidos, 2017, 74 min. Ficção. Direção: Spike Lee

Foi em um evento especial: o filme não estava anunciado, e era um do Spike Lee. Infelizmente não é um filmaço, mas entra na categoria do Blindspoting: é um filme completamente americano sobre questões americanas. É a filmagem de uma peça de teatro interpretada pela companhia Steppenwolf, de Nova York, e trata basicamente de violência policial. Ele mostra dois homens negros moradores de rua que interagem durante alguns dias na rua e vão interagindo com as pessoas. O que está em debate é a violência policial, racismo, falta de crescimento, etc. O crítico conta que, às vezes, parece chato repetir essas coisas, mas esse é um tema central na sociedade americana, e por isso que isso se repete no cinema. É um filme interessante, filmado de forma cinematográfica, com vários ângulos, plano e contraplano, filmagens da plateia, mas as atuações são teatrais. É uma experiência interessante mas não vai ficar na memória por tanto tempo: é experimental e é um mérito de Spike Lee se experimentar.

 

Damsel

Estados Unidos, 2017, 113 min. Ficção. Direção: David Zellner, Nathan Zellner

Estrelado pelo Robert Pattinson e pela Mia Wasikowska, é um western de comédia. Pattinson faz um homem que vai atrás da noiva, que supostamente foi sequestrada. O protagonista é o Damsel, que é um homem que acaba encontrando, em uma passagem de carruagem, um pastor maluco que deixa com ele uma bíblia rasgada, e então ele assume a identidade do pastor. E no fim, a noiva do personagem de Pattinson não foi sequestrada. O filme acaba circulando em volta dessa trama. Damsel é interpretado por um dos diretores. Apesar de a Mia Wasikowska estar muito bem, os cenários serem lindos e a fotografia também, o filme não funciona. Eles certamente tiveram muita influência dos irmãos Coen. Então, segundo Maurício, o filme é uma espécie de Western dos irmãos Coen sem nenhum carisma. Talvez tenham tentado fazer uma paródia e fizeram um Pastiche. Mia Wasikowska e Robert Pattinson estão bem nos personagens, mas isso não é suficiente para salvar o filme. Existem várias cenas desnecessárias, e tem momentos engraçados, mas que estão muito isolados ao longo do filme. As coisas acabam ficando sem nexo, e o filme gera um profundo tédio, e por outro lado você não consegue ficar com raiva dele. É um filme que te deixa completamente indiferente.

 

 

Participam da cobertura do Festival de Sundance 2018 os seguintes sites e canais: Razão:de:Aspecto, Cinem(ação), Cine Drive Out, Artecines,  O Sete e Correio Braziliense.

 

Confira a cobertura do #ConexãoSundance:

Cobertura do Festival em 2017

Festival de Sundance 2018 – Dia 1

Festival de Sundance 2018 – Dia 2

Festival de Sundance 2018 – Dia 3

Festival de Sundance 2018 – Dia 4

Festival de Sundance 2018 – Dia 5

Festival de Sundance 2018 – Dia 6

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Festival de Sundance 2018 – Dia 8

Festival de Sundance 2018 – Dia 9

Festival de Sundance 2018 – Dia 10

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