19 Filmes que vi no cinema em junho de 2016
Filmes nacionais tem o estigma de serem produções menores. Mas esse mês junho foi a prova que isso não é verdade. Dentre os 19 longas que vi no cinema, 6 são brasileiros. E os três primeiros 2 são nacionais e um é argentino em coprodução com o Brasil. Tivemos também filmes daqui não tão bons, péssimos até… normal, como em qualquer país grande. Quanto aos filmes gringos, junho se caracterizou pelas continuações: 4 no total – novamente umas boas e outras nem tanto.
Vocês podem ver o que assisti nos outros meses clicando aqui: Janeiro (15 filmes), Fevereiro (16), Março (10), Abril (19) e Maio (29). Juntando com os 19 de junho, vi 108 filmes nas telonas nos seis primeiros meses de 2016. É um número aceitável, né?
Vamos à lista de junho, lembrando que ao clicar no título vocês serão poderão ler a crítica completa (sem spoiler). Na ordem crescente das notas:
19) Doonby: Todos Tem o Direito de Viver:
Doonby é errado em vários sentidos. E até onde me lembro, o pior filme que vi no cinema. O roteiro com viradas malucas e diálogos bizarros. Uma direção completamente errada. A edição usando de escurecimentos da tela para as transições. E atuações horríveis, muito mas muito ruins mesmo (salvo a do John Schneider). E o pior: o longa quer passar uma mensagem e o faz da maneira mais tonta possível. Nota: 0,5
18) Porta dos Fundos: Contrato Vitalício:
Primeiro longa da trupe do Porta dos Fundos nas telonas poderia cair na armadilha de ser um festival de esquetes curtas espalhadas pelas duas horas. Esse erro eles não cometem, mas antes fosse isso do que nos entregar um roteiro bizarro e completamente sem graça. Um personagem jogar fezes e lama no outro ou então uma personagem falando francês e o Fábio Porchat dizendo: “nossa que inglês difícil” é o tipo de piada que integra o currículo do filme. Decepcionante. Nota: 2,0
17) Tartarugas Ninjas: Fora das Sombras:
Tartarugas Ninjas nunca se pretendeu profundo. Mas ele se assumia como galhofa. O filme anterior da franquia é, mesmo com todas as falhas, engraçado. Este tem um roteiro muito ruim, cenas de ação batidas, piadas sem graça e atuações ruins e personagens fracos. Bebop e Rocksteady tentam salvar o filme. Eles protagonizam os melhores momentos. A caracterização funciona e o humor da dupla também. Nota: 2,5
Há um intenso trabalho com a câmera, uma parte sonora incrível e o longa dá voz a algumas minorias. Basicamente esses são os méritos do filme. Ralé é muito autoral e a diretora Helena Ignêz quis falar mais alto que a história que ela tinha para contar. A sensação que fica é de colagem e não de uma coesão narrativa. A história aqui, que parecia boa, ficou renegada a um plano terciário. Nota: 3,5
15)Mundo Deserto de Almas Negras:
É raro ver um suspense policial no Brasil. E Mundo Deserto de Almas Negras se propõe a isso. E não para por aí. Há uma alegoria muito interessante ao colocar os negros como centrais e os brancos nas posições periféricas da sociedade. A trilha sonora é variada e muito boa. Mas o roteiro, direção e atuação quebram muito o filme. Há uma falta de realismo em algumas situações que não me convenceram (mesmo considerando a proposta).
Nota: 4
14) Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos:
Fãs e não fãs se dividiram com esse filme. Uma das adaptações mais aguardadas rendeu um ótimo fan service, mas um filme que deixou muito a desejar. Visual bom e design de produção dos Orcs à parte, o que vimos (nós o público leigo no universo warcraft) foi um roteiro que não se preocupa em situar o público, traz subtramas mal desenvolvidas e desnecessárias, além de personagens sem carisma. Nota: 4
13) Truque de Mestre: O 2º Ato:
Este é o típico filme que tenta te surpreender o tempo inteiro. Você já preparado para isso, acaba resultando no efeito oposto: nunca somos surpreendidos. Uma edição que tenta acelerar as coisas para maquiar uma falta de narrativa coerente, bons atores subaproveitados e uma sensação de vazio. As boas cenas, bem produzidas e com algum charme acabam se perdendo. Nota: 4,5
Rock em Cabul tem dois grandes méritos atuação de Bill Murray e a trilha. A trilha é muito boa de fato, mas nada imperdível. Então pagar o ingresso (ou comprar o filme) só vale pelo Murray.Se você gosta do ator e quer vê-lo mais uma vez nas telonas o filme pode funcionar para você. No mais temos uma narrativa confusa, uma direção atrapalhada e um ritmo equivocado. Nota: 5,0
11) Independence Day: O Ressurgimento:
Se você encarar Independence Day como aquilo que ele é se divertirá. Não espere um roteiro profundo. Mas sim cenas de batalhas áreas, ETs gigantescos e um humor meio absurdo. Mesmo não sendo filosofia pura, o roteiro deste filme é melhor que o do antecessor, conta agora com alguns elementos bem interessantes que dão sequência aquela história. Mas sem dúvidas que o ponto forte aqui são as homenagens ao longa de 1996. Típico filme pipoca. Nota:5,5
Mais uma vez o tema do duplo chega às telonas. O que você faria se alguém fisicamente igualzinho a você passasse a frequentar os mesmos ambientes? E mais: apresentando uma personalidade completamente diferente de ti? Essa é a proposta deste longa que conta com uma mixagem de som a cima da média e uma boa fotografia. Além de uma boa divisão do curto tempo, 66 minutos. Ainda assim não traz nada de novo e tampouco se torna memorável. Nota: 6
O grande problema aqui é não saber que história quer contar. Se o longa se focasse no drama adolescente ou na situação política poderia se sair melhor. Atirar para os dois lados não foi uma boa. Há muita inconstância nos elementos técnicos: enquanto uns funcionam muito bem (design de produção, trilha e fotografia), outros falham bastante (atuação, roteiro, ritmo e direção). Todavia, vale para conhecer um pouco da história de Brasília e ver um drama adolescente familiar. Nota: 6
Filmes nacionais de terror no grande circuito não é algo muito comum. A produção deste filme não deixa a desejar a maioria das coisas que vemos lá fora. Não há o uso de jumpscares para assustar. Trilha e fotografia ajudam a compor uma atmosfera sombria e competente sem nunca se servir daquela muleta. As atuações estão fracas e os personagens genéricos, ambas os pontos fracos do filme. O ritmo também é equivocado nos três arcos. Mas pesando os defeitos e qualidades merece uma Nota: 6
07) Como Eu Era Antes de Você
Eis o longa que arrancou lágrimas de muita gente. Notadamente uma comédia romântica clichê e usando vários recursos do gênero. Mas o clichê em si não é problema quando se vai um pouco além ou o utiliza de forma eficaz. E temos ambas as condições aqui. Protagonistas muito carismáticos e com química entre eles, um humor politicamente incorreto que surpreende e uma discussão sobre um tema que eu realmente não esperava neste tipo de filme. Vale ser visto, mesmo com a ressalva de ser mais do mesmo em vários momentos. Nota:6,5
Você cresceu no auge da sessão da tarde e viu muitos filmes sobre um grupo de adolescentes na escola? Quer matar a saudade daquela época com um filme realmente divertido? O Novato se apresenta como ótima alternativa para tal. Diálogos rápidos, dramas eternos de um dia e piadas sobre tudo. Eis um resumo da vida dos jovens retratados e do filme em si. Não espere aqui um vencedor do Oscar ou a nova revolução do cinema, apenas se divirta com velhos amigos Nota: 7
A foto mais requisitada do arquivo americano é a de um encontro entre o Presidente Richard Nixon e o astro Elvis Presley na Casa Branca. A brincadeira do filme é mostrar como teria sido arquitetado este encontro e o que eles conversaram. A coisa é de um absurdo quase lúdico: Elvis quer ser um agente anonimo do Governo. Logo a figura mais conhecida do mundo na época quer se passar por um desconhecido. A ótima premissa é brilhantemente interpretada por Michael Shannon e Kevin Spacey. Nota: 7,5
O filme anterior amedronta um pouco mais. Mas demérito algum de Invocação do Mal 2. Há vários elementos sensacionais aqui. O trabalho de câmera de James Wan é uma aula de direção… a cena da janela no começo do filme e as transições entre os cômodos são muito bem feitas. A atuação da jovem Madison Wolfe entra no hall das melhores atuações infantis, ela circula entre o drama e o terror de um jeito brilhante. Filme que vale muito a pena ser visto e uma das melhores coisas de terror deste ano. Nota: 8,5
3) Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo:
“Filme nacional é mal produzido”. Quando alguém te disser essa frase mostre este filme. A cinebiografia de José Aldo não deve em nada a qualquer longa americano do gênero. O trabalho de direção do Afonso Poyart nos brindou com algo muito fora da curva no nosso cinema. A edição dá um vigor e não deixa o ritmo cair ou acelerar demais. A trilha sonora na segunda parte e a fotografia e design de produção na primeira estão muito bons. E que atuações… José Loreto e Jackson Antunes em especial dando um show (até o Rafinha Bastos está bem…). Nota: 8,5
Um tema mega delicado – estupro – é abordado aqui de uma forma muito peculiar. A protagonista tem reações inesperadas, mas muito firmes como consequência ao ato. Dolores Fonzi, aliás, que faz Paulina, é brilhante na condução da personagem. Passa o vigor necessário que o contexto pedia. O trabalho de direção de Santiago Mitre se apresenta desde a primeira cena muito acertado e dinâmico. Filme difícil, forte, mas que vale a pena ser visto. Nota: 9,0
Melhor atuação que vi do Matheus Nachtergaele. Melhor filme nacional do ano. Um monte de alegorias com metáforas fantásticas. Piadas a cada 5 minutos. A câmera trabalhando de um jeito único, fornecendo quase que um 3D intratela. E tudo isso com uma narrativa fluida, leve e encantadora. O Auto da Compadecida do Século XXI. Não percam este filme. Nota: 9,5
A média das notas dos filmes deste mês não foram altas 5,5. Ainda bem que os bons/ótimos salvaram um pouco. Torço para julho ser mais produtivo nesse sentido. E vocês: que filmes viram em junho? Teve algum da lista que não conheciam e se interessaram? Deixem aí nos comentários.