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Crítica: Como Eu Era Antes de Você (2016)

Como Eu Era Antes de Você vai um pouco (só um pouco..) além de uma história de amor convencional.

Ficha técnica:
Direção: Thea Sharrock
Roteiro: Jojo Moyes
Elenco: Sam Claflin, Emilia Clarke, Matthew Lewis, Stephen Peacocke, Janet McTeer, Charles Dance
Nacionalidade e lançamento:  Reino Unido, 2016 (16 de junho de 2016 no Brasil).

Sinopse: Will Traynor sofre um acidente que o deixa tetraplégico. A família de Louisa Clark passa por uma situação financeira complicada após ela ser demitida de uma cafeteria. Quando o caminho de Will e Lou se cruzam a vida deles muda.

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Confesso que fui esperando pouco de Como Eu Era Antes de Você. Achei que seria clichê, melodramático e para um público alvo que não sou eu. O longa de fato é tudo isso, mas entrega algumas coisa interessantes e se sustenta como obra única. Vale o comentário de que não analisarei o livro ou traçarei paralelos entre as expressões nas duas mídias, pois só vi o filme.

O começo do longa tem uma rápida contextualização dos personagens. Uma cena para cada. Não perde tempo com a vida pregressa dos protagonistas. O desenvolvimento que há nesse sentido vai sendo construído ao longo da trama. Essa opção deu um dinamismo e fez sentido narrativo.

Após o acidente, a rica família dos Traynor (eles moram em uma mansão/castelo) precisa de uma ajudante para acompanhar o filho. Convenientemente Louisa Clark, que não tinha experiência na área nem como enfermeira e tampouco com pessoas tetraplégicas, é contratada. Ela tem como características profissionais aprender rápido e fazer um chá delicioso (!?!?). Demonstrando ser um pouco desastrada em certas atividades. A premissa de contratar alguém assim, tendo tanto dinheiro, é meio ruim, mas releva-se pela a proposta do filme.

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Mesmo com um desenvolvimento muito óbvio e alguns (muitos) clichês do gênero, a relação entre Louisa e Will é a melhor coisa da obra. O carisma e, principalmente, o humor deles garantem a atenção do público. O humor aliás é surpreendentemente divertido. Tal afirmação pode parecer redundante, porém vários filmes que se intitulam como comédias não arrancam muitas risadas (vide: Vizinhos 2, Casamento Grego 2 e Zerando a Vida). A pegada aqui é até politicamente incorreta ao fazer comentários sobre a condição de Will. Piadas simples, mas que estão inseridas no texto de forma orgânica e funcionam.

Ele é arrogante, hostil, sarcástico e instável, além de ter uma saúde fragilizada para além da paralisia dos membros. Ela é tagarela, sorridente, adora roupas extravagantes e exala um jeitinho quase infantil. O contraste é claro e não original – algumas vezes soando repetitivo e chato. Contudo, quase todas as cenas com os dois tem um charme que cativa quem está assistindo. Os anseios de ambos também geram bons momentos.

Os demais personagens não tem quaisquer desenvolvimento e só fazem parte do elenco de apoio. Os momentos que eles estão em tela o viço narrativo enfraquece. A família de Loisa tem um mini arco fraco e os pais de Will são presenças esquisitas na trama. O namorado de Lou, Patrick, só pensa em praticar esportes e não é muito sensível às necessidades da namorada que está com ele há 7 anos. O personagem é meio desnecessário e sem força dramática, ficando meio jogado. O único secundário que traz alguma presença é o fisioterapeuta de Will. O triplete com os protagonistas é leve e coerente.

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A trilha sonora é pop/romântica e torna-se, mesmo consonante com a trama, genérica. Já vimos aqueles ritmos escolhidos muitas vezes em outros filmes. Há duas músicas, mais para o final, que funcionam melhor e ganham força. A fotografia usa tons mais claros (a primeira cena é até gritante a brancura) e pastéis para Lou e mais frias para Will, também comum neste tipo de filme – reforçando o contraste. O ritmo é ágil quando os dois protagonistas dialogam e um pouco truncado na transição para as demais cenas – no todo não atrapalha, mas careceu de uma edição mais objetiva, sendo um problema mais até de direção.

Sam Claflin (o Finnick de Jogos Vorazes) e Emilia Clarke (Daenerys Targaryen de Game of Thrones) têm química e convencem. Eles possuem um sorriso, ele de ironia e ela quase infantil, que marca a interpretação deles. Apesar ter um bom resultado e ser encantador, a repetição do recurso soa preguiçosa. Todavia a atuação de ambos é elogiável.

Como Eu Era Antes de Você traz uma trama que tem um público cativo. Fará alguns se emocionarem e arrancará suspiros. Mesmo eu não tendo tal reação foi uma experiência divertida e agradável. Este ano tivemos, mais ou menos nessa linha – um romance melodramático, A Garota do Livro, que se mostrou bem pior que este. Mesmo Pais e Filhas sendo o melhor do gênero até agora no ano, Como Eu Era Antes de Você é valoroso. Há uma pincelada sobre uma discussão de um tema importante, que envolve liberdade. Junta isso com o já mencionado carisma dos protagonistas e nem de longe ficou a sensação de tempo perdido. Além disso tem muitas referências explícitas ao título de vários filmes. Vale conferir nos cinemas.

 

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