Escolhida a comissão para decidir o nosso representante no Oscar 2020
Conheça os responsáveis para escolher o representante brasileiro para o Oscar 2020
O Oscar 2020 começou!!! É isso mesmo começou. Depois de termos alterações nas regras da Academia, anunciadas em abril, e também termos as datas anunciadas, foi a vez do Brasil se mexer. No último dia 12/06 foi anunciada a comissão para a escolha do representante brasileiro para o Oscar de Melhor Filme Internacional 2020.
A ABC (Academia Brasileira de Cinema) revelou a comissão que irá escolher o nosso representante para o Oscar 2020. A comissão é composta por 9 membros oficiais e 2 suplentes. Sobre a comissão, Jorge Peregrino, presidente da ABC disse
A comissão representa a pluralidade da produção audiovisual brasileira. – Jorge Peregrino
Confira abaixo os membros da comissão para escolher nosso representante para o Oscar 2020.
Membros Oficiais
Anna Muylaert: Uma das mais importantes diretoras brasileiras. Começou sua carreira como roteirista no infantil Mundo da Lua da TV Cultura, onde também dirigiu alguns episódios do infantil Castelo Ra-Tim-Bum. Sua estreia no cinema foi no premiado Durval Discos. Com o filme de estreia Anna ganhou grande reconhecimento da crítica e de parte de público. Após isso dirigiu o também premiado É Proibido Fumar e participou do tratamento final do roteiro de O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias. Mas o grande reconhecimento do público e da crítica nacional e mundial ocorreu em 2015 com Que Horas Ela Volta?. A história da empregada doméstica Val (Regina Casé) conquistou o Brasil e o mundo. O filme ganhou o Prêmio Especial do Júri em Sundance de Melhor Atriz para Regina Casé e Camila Márdila, e dois prêmios no Festival de Berlim na mostra Panorama. Após isso Anna recebeu o convite para fazer parte da Academia do Oscar. Seu último filme foi Mãe Só Há Uma.
David Shürmann: Diretor especializado em documentários marítimos, é filho dos Shürmann, o casal de velejadores que que já deu volta ao mundo várias vezes de barco. Seu primeiro trabalho foi como diretor aos 19 anos em In Focus, um talk show neozolandês. Seu primeiro longa foi O Mundo em Duas Voltas, um documentário que retrata as viagens da Família Shürmann pelo mundo. Mas David se tornou conhecido pelo grande público por um motivo não muito agradável. Em 2016, a comissão escolhida pelo então Ministério da Cultura, preferiu escolher Pequeno Segredo, de Shürmann, ao invés de Aquarius, de Kleber Mendonça, para concorrer a uma vaga no Oscar. O diretor foi acusado de apoiar “o golpe” sofrido pela então presidente Dilma, e o filme ficou estigmatizado devido a isso. Como sabemos, deixando a política de lado, a escolha foi um tiro no pé. Após isso o David se dedicou na direção da série da National Geographic Expressão Oriente que retrata as viagens de sua família pelo Oriente. O próximo filme do diretor a ser lançado é U-513 – Em Busca do Lobo Solitário, um documentário que irá contar a história do submarino nazista afundado no litoral catarinense. O filme foi completado, mas ainda não tem data de estreia confirmada.
Walter Carvalho: Um dos mais importantes fotógrafos do cinema nacional. Só para ter uma ideia ele tem 98 créditos como fotógrafo no seu perfil do IMDB, entre ficção, documentários, séries, telefilmes e curtas desde 1971. Entre esses trabalhos se destaca Central do Brasil, Lavoura Arcaica, Abril Despedaçado, Carandiru, O Filme da Minha Vida, entre outros. Como diretor, Walter estreou apenas em 2001, dividindo a direção com João Jardim do documentário Janela da Alma. Em 2004, ao lado de Sandra Werneck, o cineasta dirigiu Cazuza – O Tempo Não Para. Seu primeiro trabalho solo na direção foi o documentário Moacir Arte Bruta, sobre um artista surdo que desde os 7 anos de idade usa seus desenhos para se expressar. Um de seus principais trabalhos no cinema na direção foi o documentário biográfico Raul: O Início, o Fim e o Meio, que dirigiu em conjunto com Leonardo Gudel. Seu último trabalho como diretor foi o documentário Um Filme de Cinema. Já como fotógrafo, seu último trabalho foi a nova versão da peça de Nelson Rodrigues O Beijo no Asfalto.
Zelito Viana: Cineasta veterano no cinema nacional, Zelito é dos mais importantes produtores e diretores do cinema nacional. Começou sua carreira cinematográfica na década de 60, mais precisamente em 1965 quando fundou com um grupo de amigos a produtora Produções Cinematográficas Mapa Ltda, conhecida mais tarde como Mapa Filmes do Brasil. A produtora, e assim também Zelito, é responsável por importantes obras cinematográficas nacionais como Terra em Transe, O Dragão da Maldade Contra o Dragão Guerreiro e Cabra Marcado Para Morrer. Como diretor o primeiro trabalho de Zelito foi Minha Namorada, de 1970. Em 1977, o cineasta foi responsável pelo filme Morte e Vida Severina. O último trabalho de Zelito Viana foi A Arte Existe Porque a Vida Não Basta, de 2016. O filme trata-se de um documentário sobre a vida e obra de Ferreira Gullar, trazendo entrevistas com o próprio escritor e dramatizações inéditas de seus versos.
Sara Silveira: Uma das principais produtoras em atividade no Brasil, esteve envolvida na produção de várias produções nacionais importantes dos últimos anos. Sua estreia como produtora ocorreu em 1993 no curta A Voz do Morro, de Sérgio Zeigler e Vitor Ângelo. Seu primeiro longa, também em 1993 foi Alma Corsária, de Carlos Reichenbach. Entre os trabalhos da produtora podemos destacar Bicho de Sete Cabeças, Durval Discos, Cinema Aspirinas e Urubus, Ó Paí, ó, É Proibido Fumar, Elvis e Madona, Trabalhar Cansa, As Boas Maneiras, Mãe só Há Uma, O Escaravelho do Diabo, Vazante e tantos outros. Em seu perfil no IMDB, aparecem 4 futuros lançamentos da produtora. Dois em pós-produção, são os filmes O Clube dos Anjos, de Angelo Defanti, e Todos os Mortos, novo trabalho de Marco Dutra e Caetano Gotardo. Em status de ‘filmando’, está The Paths of My Father (ou Os Caminhos do Meu Pai), de Maurício Osaki, responsável pelo curta O Caminhão do Meu Pai que foi semifinalista no Oscar 2015. E em status ‘anunciado’, o filme Saudade, de Antonio Méndez Esparza.
Vânia Catani: Outra produtora de renome nacional envolvida em vários filmes importantes dos últimos anos. Vânia iniciou sua carreira no cinema em 1999 na produção do filme Outras Estórias, dirigido por Pedro Bial. Após isso Vânia produziu grandes filmes da nossa cinematografia como os premiadíssimos Narradores de Javé, A Festa da Menina Morta, Feliz Natal e O Palhaço. Vânia ainda esteve na produção de O Filme da Minha Vida, Deserto e Todos os Paulos do Mundo. Vânia também esteve envolvida na produção de Zama, o multipremiado filme argentino de Lucrecia Martel. O último trabalho de Vânia foi a comédia Serial Kelly, dirigido por René Guerra, o filme ainda inédito é a estreia da cantora Gaby Amaranto como protagonista no cinema.
Mikael de Albuquerque: O mais jovem entre os selecionados para a comissão. Mikael é roteirista e tem apenas dois anos de carreira no cinema. Até o momento Mikael escreveu apenas dois roteiros Real: O Plano Por Trás da História, de Rodrigo Bittencourt, e A Glória e a Graça, de Flávio R. Tambellini, ambos de 2017. Embora seja novato, Mikael já ganhou 4 prêmios, inclusive um internacional o Los Angeles Brazilian Film Festival, US pelo filme A Gloria e a Graça, filme esse que ele dividiu o roteiro com Lusa Silvestre.
Amir Labaki: Crítico de cinema formado em cinema pela USP, dirigiu o Museu da Imagem e do Som de São Paulo em duas ocasiões (1993-1995 e 2003-2005). Entre 2003 e 2012 fez parte do conselho do IDFA – Festival Internacional de Documentários de Amsterdã. Fundador e diretor do Festival É Tudo Verdade, desde 2002, Labaki escreve a coluna semanal É Tudo Verdade sobre documentários e cinema no jornal Valor Econômico. Desde 2004 apresenta no Canal Brasil o programa É Tudo Verdade, que da destaque aos documentários nacionais. Já escreveu 13 livros de história e cinema entre eles O Cinema dos Anos 80, O Cinema Urgente de Santiago Alvarez, Folha Conta Cem Anos de Cinema, O Cinema Brasileiro, Folha Explica 2001 –Uma Odisséia no Espaço, É Tudo Verdade – Reflexões sobre a Cultura do Documentário, Introdução ao Documentário Brasileiro e É Tudo Cinema – 15 anos de É Tudo Verdade. Amir já participou do júri de mais de 30 Fetivais Internacionais como Sundance, IDFA (Holanda), Moscou, Festival dei Popoli – Florença (Itália), Festival dos Direitos Humanos – Praga (República Tcheca), entre outros.
Ilda Santiago: Diretora de seleção, executiva, e relações internacionais do Festival do Rio. Estudou jornalismo e cinema na Universidade Federal Fluminense, onde fundou o Cineclube PEBA. Depois disso fundou também o Cineclube Macunaíma, na ABI, e o Cineclube Estação Botafogo. Participou na expansão do grupo e da criação do Espaço Unibanco. Integrou a organização de eventos internacionais – como a Mostra Banco Nacional e depois a Mostra Rio, que com a fusão com o Rio Cine Festival transformou-se no Festival do Rio. Organizou ainda retrospectivas de realizadores como Ingmar Bergman, François Truffaut, Louis Malle, Nelson Pereira dos Santos e Jean-Luc Godard. Hoje é responsável também pela distribuidora brasileira Pagu Pictures. Em 2013 compôs o júri da Mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes.
Membros Suplentes
Marcio Fraccaroli: Diretor geral da Paris Filmes, Marcio trabalha na área cinematográfica desde os 13 anos, quando entrou para a Cia. Serrador. Em 2000 tornou-se sócio da Imagem Filmes e da AB Internacional, distribuidora de VHS e DVD. Em 2004 voltou para a Paris Filmes onde se encontra até hoje. Em 2013 Marcio estreou como produtor no filme O Concurso, de Pedro Vasconcelos. De lá para cá esteve envolvido na produção dos filmes de maior bilheteria do Brasil dos últimos anos como Até Que a Sorte nos Separe 2 e 3, Carrossel 1 e 2 e Nada a Perder. Também está envolvido no filme e na série do anti-herói brasileiro O Doutrinador.
Adriana Dutra: Uma das diretoras da produtora Inffinito, estudou Artes Cênicas na Casa das Artes de Laranjeiras e fez pós-graduação em direção teatral pela Hauborn Performance and Art, Londres. Morando em Miami em 1997 foi uma das criadoras do Brazilian Film Festival of Miami, hoje o maior festival de cinema brasileiro no exterior. Em 2003, produziu o 1º Festival de Cinema Brasileiro de Nova York, agora chamado Cine Fest Petrobras-Brasil. Três anos depois, deu início ao Cine Fest Brasil-Barcelona, consolidando assim o Circuito Inffinito de Festivais, que em 2007 passou por Miami e Nova York, nos EUA, Barcelona, na Espanha, e Frascatti, na Itália. Em 12 anos, os festivais de cinema da Inffinito atingiram mais de 400 mil pessoas. Em 2009, lançou seu primeiro longa-metragem como diretora, o documentário Fumando Espero, distribuído pela Gávea Filmes e selecionado para a 32ª Mostra São Paulo.
Os possíveis candidatos
Agora vem a pergunta: quem será escolhido para tentar conseguir uma vaga para o Oscar 2020? A verdade que é muito cedo para dizer. A lista completa dos filmes que tentarão ser escolhidos para conseguir uma vaga no Oscar 2020 deverá ser divulgada provavelmente em agosto. Mas desde já podemos tentar descobrir quem deve estar nessa lista. E pelo que vemos até o momento no cenário cinematográfico nacional, podemos destacar pelo menos 4 filmes. O primeiro é o filme de Wagner Moura Marighella. O polêmico filme que deve estrear em novembro nos cinemas, estreou no Festival de Berlim desse ano com ótima repercussão. Outro que deve aparecer na lista brasileira é Divino Amor, de Gabriel Mascaro. O filme, que mostra um futuro distópico e é protagonizado por Dira Paes, estreou no Festival de Sundance e fez parte da Mostra Panorama no Festival de Berlim desse ano. Embora não tenha ganhado nenhum prêmio nesses festivais, o filme teve um excelente boca a boca.
Mas dois filmes se destacam na possível lista e já podemos até dizer que já tem uma cabeça de vantagem, ou melhor, um prêmio de vantagem, para conseguir uma vaga no Oscar 2020. Trata-se dos premiados em Cannes Bacurau, de Kleber Mendonça e Juliano Dornelles, e A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz. Bacurau, que tem Sônia Braga no elenco, ganhou o Prêmio Especial do Júri. Já A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, que tem Fernanda Montenegro no elenco em uma participação especial, ganhou o prêmio da mostra Um Certo Olhar, um dos mais importantes do Festival. Caso o Brasil não consiga emplacar nenhum sucesso no Festival de Veneza desse ano, que ocorre em agosto, os filmes de Kleber e Karim disputarão a escolha da comissão.
Mas na atual situação qual seria a melhor escolha? Na minha opinião seria A Vida Invisível de Eurídice Gusmão. Isso porque o filme além de ter sido premiado em Cannes, o filme ainda tem a RT Features de Rodrigo Teixeira, indicado ao Oscar por Me Chame Pelo Seu Nome, envolvido na produção. Outro ponto é a presença de Fernanda Montenegro no elenco. No trailer internacional do filme aparece ‘Participação Especial da Indicada ao Oscar Fernanda Montenegro’, essa informação Indicada ao Oscar é um excelente chamariz. Mas o que esses filmes precisam fazer é conseguir uma boa divulgação e distribuição nos Estados Unidos, e e talvez por Rodrigo Teixeira estar envolvido A Vida Invisível de Eurídice Gusmão tem uma chance maior.
Mas vamos aguardar né! Em setembro teremos a resposta: que filme tentará a vaga para o Oscar 2020? Mas uma coisa é certa, caso Bacurau seja escolhido, será a chance de David Shürmann “fazer as pazes” com Kleber Mendonça.