Cine PE 2018 | Dia 3 - Curtas-Metragens - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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Cine PE 2018 | Dia 3 – Curtas-Metragens

“Consegue ter mais vida que muitas produções “de grife” e evidência um avanço e qualidade sem iguais do Cine PE, com seu cinema diversificado não só nas posições políticas e sociais, mas na própria sétima arte”

A noite 3 do Cine PE foi uma dos melhores e mais diversas do festival, com um mockumentary político (“Vidas Cinzas”) um quase coming of age sexual (“Através de Ti”), uma animação sensível e ambiental ( “PLANTAE”) e até mesmo um cinema trash de verdade ( “Cara de Rato” ). Confira:

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS- METRAGENS PERNAMBUCANOS (MOSTRA PE)


CARA DE RATO (PE) – Ficção – 20min.

Sinopse: “O destino difícil de Veridiana estava traçado desde o parto. A menina nasceu com uma doença congênita e por isso decidiu viver reclusa, com o rosto escondido atrás de um véu. Mas ela não estava protegida nem mesmo entre as paredes de sua própria casa. O próprio pai a abandonou se recusando a conviver com a filha. O homem saiu de casa deixando a família a própria sorte. Mulher, negra, pobre e vulnerável. Veridiana e a mãe, Dona Sara, vão em busca da sobrevivência. Ela precisa enfrentar o medo e ajudar a mãe no trabalho. Veridiana agora é mulher e olhares maliciosos a perseguem. A moça vai com Dona Sara trabalhar na cantina de um colégio. Lá ela conhece Carlos Miguel, um típico garanhão juvenil que deseja apenas aumentar sua lista de conquistas. Veridiana vira alvo de apostas. O véu que esconde o rosto desperta a curiosidade, um mistério que está prestes a ser revelado. A aposta se torna paixão e o desejo toma um destino inusitado. Veridiana pensa em vingança. Todos nós morremos um pouco a cada dia, não é mesmo?”.

Direção: Benedito Serafim

É possível que, para muitos, o curta pernambucano Cara de Rato seja o pior filme do festival: com valores de produção baixos, apuro técnico quase inexistente e atuações abaixo da média, o curta é de um inegável amadorismo. Mas deve-se notar que isso não é negativo. Cara de Rato é uma daquelas produções que, assim que liberadas para o mundo, pode se tornar uma produção de um cunho quase cult. É o Trash não intencional, aquele que almeja a qualidade e é feito sem concessões, e portanto, autêntico. Do coração, apenas pela necessidade de fazer cinema, bom ou ruim. Consegue ter mais vida que muitas produções “de grife” e evidencia um avanço e qualidade sem iguais do Cine PE, com seu cinema diversificado não só nas posições políticas e sociais, mas na própria arte. Má qualidade ou não, ainda é uma voz. E precisamos ouvi-las.


MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS- METRAGENS NACIONAIS


PLANTAE (RJ) – Animação – 10 min.

Sinopse: Ao cortar uma grande árvore no interior da floresta amazônica, um madeireiro contempla uma inesperada reação da natureza. Uma reflexão sobre as conseqüências irreversíveis do desmatamento e da subjugação lamentável dos humanos aos demais seres da Terra.

Direção: Guilherme Gehr

A animação Plantae consegue ser, com seu trabalho de arte apurado, uma narrativa quase sensorial e extremamente sensível, a consciência ambiental através do contar história e sem parecer panfletária. Mais do que isso: tal consciência te acerta através do poder do que é mostrado em tela. Ao invés do mal estar imposto na maioria deste tipo de filme, o que se tem aqui é um misto de plasticidade – beleza gráfica – e deslumbramento. Uma quase-ficção científica que impressiona com imagens surreais e trilha sonora evocativa.

ATRAVÉS DE TI (RS) – Ficção – 16’

Sinopse: Sobre cumplicidade, sintonia e descobertas. Alguns sentimentos (nos) partem e outros não podem partir.

Direção: Diego Tafarel

Três jovens adultos  viajam para um sítio, e sentimentos reprimidos afloram. Entendendo que as relações humanas não são tão simples como parecem, Através de Ti tem como maior êxito a forma como aborda os temas de descoberta e sexo sem tabus. Sem querer explicar motivos, o que se vê aqui é um evento na vida daquelas pessoas que, apesar de um futuro incerto e eventuais términos, o que tiveram naquele tempo foi único.

VIDAS CINZAS (RJ) – Documentário – 15 min.

Sinopse: Um falso documentário sobre a atual crise social, política e econômica no Brasil, onde o governo corta as cores do Rio de Janeiro, deixando a cidade em preto e branco..

Direção: Leonardo Martinelli

Poderoso, Vidas Cinzas é um mockumentary que, apesar de seu conceito, nunca soa excessivamente alegórico. Ao invés disso, abordando tais temas de forma direta e com a participação de atores como Wagner Moura em falsos depoimentos sobre o estado atual do pais, alcança-se a autenticidade. Com um dos melhores momentos de qualquer produção do festival – uma coleção de cenas embaladas ao som do Hino da Independência do Brasil -, Vidas Cinzas  é – e deve ser – político, mas também consegue ser dotado de um estilo cinematográfica notável.


Cine PE 2018 | Dia 1 – Curtas-Metragens

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