SEXO DROGAS & ROCK N' ROLL NO CINEMA | Dia MUNDIAL do ROCK
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SEXO, DROGAS & ROCK N’ ROLL NO CINEMA | ESPECIAL DIA MUNDIAL DO ROCK

 

13 de Julho é Dia Mundial do Rock! Poderíamos fazer aqui uma lista de filmes sobre Rock, ou mesmo listar cenas com Rock na trilha sonora. Mas para celebrar esse Dia Mundial do Rock, vamos aplicar o famoso bordão “Sexo, Drogas e Rock n’ Roll” nos cinemas e listar três filmes. Um sobre Sexo, outro sobre Drogas e fechamos com Rock n’ Roll.

Participam dessa brincadeira, a diva Iole Melo, o lisérgico Thiago Piruka e o roqueiro Fernando Machado.

 

SEXO

por Iole Melo
Shortbus (2006)
Vamos começar falando do mais universal dos temas, pelo menos entre estes três! Sexo! E pra não decepcionar nenhuma expectativa vamos apresentar um filme que bota pra fuder (literalmente? ( ͡° ͜ʖ ͡°) ).

Shortbus é um filme de 2006 (mas que só chegou ao Brasil em 2008), da cena independente do cinema americano. O filme apresenta diversas histórias paralelas, todas acontecendo na cidade de Nova York e, claro, todas giram ao redor do sexo e a relação dos personagens com essa temática. Antes que você assista, eu preciso avisar: o longa é extremamente explícito. Tem desde cenas solos (masturbação) até surubas em casas de sexo. Os mais puristas vão ficar sensibilizados com sêmen que jorra e fica escorrendo de um quadro do Pollack, por exemplo. Então você já sabe, nada de ver na sala de casa em um domingo a tarde.

Os personagens são conectados de alguma forma na narrativa e a principal ‘cola’ nessas histórias é a terapeuta sexual Sofia Lin, que atende alguns dos personagens, mas ela mesma encontra desafios em sua jornada sexual. Mas não se engane! Além de muito sexual, cheio de fluidos e movimentos, o longa também se mostra sensível, trabalhando as problemáticas das histórias entrelaças e não usa o sexo como caminho fácil para o fechamento da história.

Não assista com tesão acumulado.

 

DROGAS

por Thiago Piruka de Mello
The Doors (1991)

Tomarei a liberdade de fazer uma conexão histórica que para muitos parecerá esdrúxula. Mas não consigo ver de outra forma e tomo-a como verdade incontestável. Portanto, abra as portas de vossa percepção e deixe-se levar pela loucura anacrônica a seguir.

Ao contrário das biográficas e registros históricos, The Doors não nasceu em 1965, no início da contracultura. Seu embrião vem de muitos anos antes. Séculos, para ser mais vagamente preciso. The Doors começou a tomar forma no Século da Luz, no revolucionário século XVIII. Isso mesmo! The Doors é filho do Iluminismo e veio ao mundo através de William Blake, poeta e pintor.

Seu primeiro registro é em 1793, nas páginas de O Casamento do Céu e do Inferno, onde Blake deu luz à filosofia que guiava a banda através de uma célebre frase:

“Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito”.

A partir daí, os Doors começaram. Quando Aldous Huxley escreveu As Portas da Percepção (1954), onde relata suas experiências com mescalina, ele resgatou a noção de Blake. E quando a década de 1960 chegou, trazendo consigo profundas revoluções culturais e sociais contra o establishment, Jim Morrison e Ray Manzarek fizeram a escolha óbvia para batizar à banda que, por anos, seria uma das mais importantes dessa contracultura. The Doors fazia música sobre as aberturas das portas da percepção para que o mundo seja visto, entendido e absorvido como ele é.

The Doors, de Oliver Stone, entende o valor da frase de Blake, das experiências de Huxley e da força motriz dos Doors. É um filme que mergulha de cabeça no ideal de uma década marcada pela intensidade das mudanças sociais. Era o crescimento da cultura hippie, da força do rock and roll (e nascimento do rock psicodélico), não só nos EUA, mas em outros pontos do globo (Beatles, no Reino Unido; Os Mutantes, no Brasil, só para citar a força e pluralidade do movimento).

Não pelo valor biográfico da banda (o filme apresenta vários exageros quanto às personificações dos membros do grupo), mas de uma época, The Doors é um trabalho fascinante de Stone. A clássica atuação de Val Kilmer como Morrison ainda é (merecidamente) lembrada. Dos trejeitos à voz encorpada e profunda, o ator realiza o maior trabalho de sua carreira, evidenciado pela inventividade técnica de Stone e sua fotografia lisérgica e saturada, sempre acompanhada de alguma música do grupo.

As drogas foram uma importante parte do rock, mesmo diante seus excessos e tragédias repentinas. Ainda assim, influenciaram diretamente no crescimento do gênero musical que se tornou uma filosofia de vida. E The Doors capta muito bem essa sinergia, explorando tanto os aspectos positivos, quanto negativos.

The Doors é um filme psicodélico e sensorial, tal como a música da banda.

 

ROCK N’ ROLL

– por Fernando Machado

Escola de Rock (2003)

Dirigido por Richard Linklater e escrito por Mike White, Escola de Rock pode parecer um filme simples sem muita profundidade, mas a verdade é que ele esconde uma poderosa mensagem social e educacional que pode mudar a forma como encaramos a educação.

Na história, Dewey Finn (Jake Black) é um roqueiro frustado com o fim de sua banda e que vive da complacência de seu amigo Ned Schneebly. Depois de algumas situações constrangedoras proporcionada pela namorada de Ned, Dewey decide tentar se sustentar dando aulas de forma clandestina numa Escola de Ensino Fundamental (elementary school). Um dia Dewey descobre que haverá uma competição de Bandas de Rock e decide montar uma banda com os alunos usando como pretexto um projeto chamado “Projeto Banda de Rock”. E é nesse projeto que o filme esconde sua real mensagem. Uma forte crítica ao sistema educacional americano (estendendo-se claro a vários sistemas educacionais no mundo todo).

Apesar de Dewey não ter licença para lecionar, o que ele faz é uma revolução nos métodos de ensino daquela instituição. Mesmo sem saber disso, Dewey propõe o que os educadores chamam de Pedagogia de Projetos. Uma curiosidade: essa ideia de pedagogia foi criada no início do século passado pelo americano John Dewey, nome esse homenageado no filme. Segundo John Dewey, a ideia da Pedagogia de Projetos é que a escola deva representar o agora, a vida prática dos alunos, a sociedade que eles enfrentam hoje e não uma preparação para um futuro do qual eles nem sabem como se dará.

No filme, Dewey utiliza-se da música para estimular a criatividade dos alunos e propor que eles mesmos criem ferramentas de aprendizagem baseadas nas suas experiências de vida. Isso permite um vínculo entre a escola e o aluno que ultrapassa as horas em salas de aula. O aluno passa a reconhecer o valor real do que está aprendendo colocando isso em sua vida hoje e não no futuro. O que muitas escolas, principalmente de ensino infantil e fundamental fazem hoje é tentar desenvolver nos alunos atividades intelectuais que só lhes servirão no futuro, não desenvolvendo neles o estimulo de aprendizagem, de curiosidade, além de atividades motoras e de sociabilidade.

O roteirista Mike White utiliza-se do Rock no filme, não apenas por preferência pessoal, mas como ferramente de inclusão.  No filme, o professor Dewey Finn ensina essa variedade utilizando-se de uma tabela similar a esta (abaixo), onde observamos como o ROCK é eclético e tem espaço para todos. Isso faz com que todos os alunos sejam inseridos no projeto ensinando-os desde pequenos o significado da palavra REPRESENTATIVIDADE.

 

ROCK é um dos estilos musicas mais multi-temáticos que existem. Isso ensina muito sobre representatividade.

 

Pegue como exemplo, todo o arco da Tomika (Maryam Hassan), uma criança negra, acima do peso e bastante insegura. Seu arco mostra o poder da representatividade em detrimento das constantes exclusões de crianças negras e acima do peso nas principais atividades escolares. Ou mesmo o arco do tímido Lawrence (Robert Tsai), que é um dos alunos mais pressionados pelos pais, que exigem dele uma capacidade que sua idade não comporta, talvez até valendo-se o esteriótipo de que o oriental precisa ser mais inteligente que todos o que só aumenta a pressão sobre o garoto.

O Rock no filme não tem apenas a função de entreter, mas de ensinar. Por exemplo, o professor utiliza-se da música para ensinar matemática, da banda para ensinar cooperação mútua, e até do staff da banda para ensinar gestão de pessoas e recursos. Sempre dando espaço para que cada criança desenvolva habilidades especificas. Esse tipo de aprendizado é o ideal para estimular o aluno a sempre buscar aprender mais. Segundo o escritor e educador Philipe Meirieu no livro Sim, mas como? (1998):

“O papel do professor é fazer com que nasça o desejo de aprender (…).” (MEIRIEU, 1998. P. 92)

E a satisfação do professor é quando ele vê que esse estimulo surtiu efeito, como acontece no caso do supra-citado Lawrence que vence a timidez e escreve a letra dessa música abaixo, e é com essa letra que encerro esse texto. Espero que tenham gostado! Deixem nos comentários outros filmes sobre SEXO, DROGAS e ROCK N’ ROLL que gostariam de acrescentar à lista.

Bom ROCK para todos!

“Querida, sempre tiramos 10
Mas estamos ficando bitolados
Não é difícil decorar suas mentiras
Parece que estou hipnotizado

Foi quando um feiticeiro chegou na cidade
E ele virou minha cabeça
Ele disse que o intervalo era aula
E dois e dois eram cinco
E agora, querida, sinto-me vivo

(Refrão)
E se quiser ser o favorito do professor
É melhor você esquecer
O rock não tem razão, o rock não tem rima
Melhor você chegar na hora na escola

Você sabe que eu era a melhor aluna
Com boas notas, mas sem alma
Levantei a mão para dizer o que eu penso
Já fiquei calada tempo demais

Mas então o feiticeiro levou você embora
Faça o que o feiticeiro faz
Não o que o feiticeiro manda

Este é o meu exame final
Agora que todos vocês sabem quem eu sou
Eu não estou sendo o filho perfeito
Mas todos vocês estarão balançando quando eu terminar.”

 

 

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