Crítica: Tokyo!

O filme é uma idealização de produtores japoneses que queriam fazer uma compilação de curtas que se passam na capital nipônica. No entanto, ao contrário dos filmes deste tipo, “Tokyo!” não se utiliza de diretores conterrâneos, e sim estrangeiros. Vamos a cada um dos filmes que compõem a produção e uma breve crítica de cada um deles.


louco francês Leos Carax (Boy Meets Girl) mostra um homem que vive nos esgotos de Tóquio e sai vez ou outra para assustar as pessoas. O ator que interpreta Merda, o personagem-título, é Denis Lavant, parceiro do diretor em diversas produções, e que repete o personagem Merda no recente (e aclamado por muitos, odiado por outros) Holy Motors. O diretor consegue, neste curta, cuspir descaradamente na cara dos japoneses, criticar a sociedade e sua antiga união com os nazistas: Merda come as flores da família Imperial e dinheiro, símbolos que levaram o país a se unir a Hitler na Segunda Guerra, além de ser simbólico por sair das entranhas da cidade para incomodar a paz dos habitantes. O filme também retrata os japoneses com desdém, já que há homenagem aos “heróis de Nanquim” no esgoto, um sombrio ambiente para enforcar o condenado, e um âncora de jornal com ares de bobo – repare que só a mulher fala e dá opinião no noticiário da TV. No entanto, o filme se perde na própria loucura, e parece mais interessado em chocar o público que realmente mostrar a cidade.

Quando se faz um filme sobre uma cidade, é necessário que se transforme a cidade em uma protagonista. Isso acontece em “Tokyo!”, mas de maneira mais forte em uns que outros dos curtas apresentados. Em “Shaking Tokyo”, vemos uma Tóquio que realmente participa da história, age e incide suas influências sobre os personagens. Além disso, todos os personagens refletem a cultura da cidade. Na primeira narrativa, Gondry consegue fazer de Tóquio uma personagem que transforma as pessoas em fantasmas, cuja “bagunça” permite que as pessoas se escondam em meio às paredes ou se tornem invisíveis. A fraqueza está no fato de que esta Tóquio não tem idiossincrasias, mas características que são encontradas em qualquer grande metrópole. Enquanto isso, o segundo curta não faz de Tóquio uma personagem, já que está muito mais preocupado em chocar o espectador japonês que mostrar um personagem – talvez, se fosse a cidade que expelisse Merda, em vez de ele sair por vontade própria, aí teríamos algo mais interessante: um “cocô” sendo feito pela própria cidade para que ela possa se autoflagelar… mas isso são divagações minhas.
Nota: 03 Claquetes
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