As melhores canções do Oscar 2015 – Parte 5 – Glory
É incrível como questões que deveriam estar ultrapassadas e muito bem resolvidas ainda vêm à tona. Infelizmente a descriminação racial e a descriminação de gênero ainda existem e isso gera problemas, inclusive culturais.

Durante toda a apresentação do Oscar no ano de 2015 aconteceram alguns protestos de atores contra hegemonia masculina e branca em Hollywood. Tal fato foi comentado no Podcast Cinem(ação) número 123, e lá sabiamente foi dito algo semelhante à: “Apesar da apresentação do Oscar ou até mesmo um filme ser um momento, uma janela, um palanque para expor e protestar sobre questões raciais e de gênero, a solução do problema surgirá apenas quando as bases financeiras, os grandes estúdios e até mesmo as bases da própria sociedade dos E.U.A. (e de uma grande parte do mundo) deixaram de ser representados por esta maioria branca e masculina. E isso demora… Nada nega o fato de filmes sobre o assunto e até mesmo a premiação do Oscar são ótimos momentos para levantar a discussão, porém a solução está longe de lá e não será a premiação do Oscar que vai resolver o problema.” Bem… se não foi isso que foi dito no Podcast Cinem(ação) 123, foi esse recado que eu peguei (alô direção! Me corrijam se eu estiver errado!).

O que estou tentando dizer é que já passou da hora destas situações preconceituosas serem resolvidas, pois todos somos iguais e todos temos os mesmos direitos. Pena que isso não acontece. Portanto, em todo canal possível e em todas as vezes possíveis, sempre haverá alguém pedindo por direitos primários enquanto questões maiores (que deveriam ser maiores, mas não são enquanto problemas de raça, gênero e preconceitos em geral existirem) que atingem toda a humanidade ficam de lado. Algumas vezes estas questões diferentes são colocadas de alguma forma à concorrer com os problemas de preconceito, e são criticadas com objetivo de serem suprimidas, o que é errado. Concordo que possa haver uma falta de urgência em resolver questões que não abordam preconceitos, mas elas não devem ser suprimidas.
Após um ano (2014) quando durante a premiação do Oscar a máxima era “se você não gostou de ‘12 Anos de Escravidão‘, você é preconceituoso” fica o receio da Academia perder o foco nas artes e premiar apenas filmes com questões de preconceitos sociais, o que geraria situações estranhas como diretores que notadamente apenas gravam filmes “oscarizáveis” (como Clint Eastwood) a gravar apenas filmes sobre preconceitos raciais, de gênero ou ainda de opções sexuais. Porém, ela teve sensibilidade para premiar a canção mais impactante (não a mais bonita, pois para mim, “I’m not Gonna Miss You” é mais inteligente e mais tocante), mais urgente, mais necessária e infelizmente, mais atual, conseguindo equilibrar as questões de pura arte e as questões sociais que a própria arte demanda.
Então, sendo assim, parabéns para a “Academia de Artes e Ciências Cinematográficas” pela escolha acertada na escolha da melhor canção na premiação de 2015.