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Tudo sobre os curtas indicados ao Oscar

Os curtas-metragens indicados ao Oscar são, em sua maioria, fáceis de encontrar. Disponíveis em plataformas como o Youtube, Vimeo, ou serviços de streaming populares como a Netflix, eles também podem ser vistos em um único dia, dado o tempo de duração.

A boa notícia é que muitos deles são bons e bastante inspiradores. Aliás, é importante que as pessoas se dediquem a assistir mais curtas-metragens: são exercícios cinematográficos que podem ser tão memoráveis e ricos quanto os longas.

Por isso, após indicar os curtas de ficção neste artigo aqui no Cinem(ação), decidi comentar outras categorias de curtas de animação e documentário.

Na ordem: A Concerto is a Conversation, Colette, Toca, Genius Loci, Se Algo Acontecer… Te Amo.

Indicados na categoria Melhor Curta de Animação

Toca
Genius Loci
Se Algo Acontecer… Te Amo
Opera
Yes-People

Disponível na plataforma do Mickey, o curta “Toca” é rápido, fofo e infantil. Voltado a passar uma mensagem de cooperação, o curta me parece ter ganhado destaque apenas por ser da linha de produção de curtas da Pixar.

Igualmente simples é o curta “Yes-People” (Já-Fólkið). A animação islandesa se assemelha a diversas outras produções com mensagens bonitas, personagens que “não falam”, e a proposta de discutir algo da sociedade, mas não indo além do básico.

Produzido pela Netflix, “Se Algo Acontecer… Te Amo” é tocante e aborda a dor dos pais que perderam a filha em uma circunstância bastante comum nos Estados Unidos, o que deve fazer com que este seja o favorito ao prêmio (estar na plataforma ajuda muito). Há emoção, uso da animação para mostrar metáforas, e elementos suficientes para emocionar o público.

Enquanto isso, “Genius Loci” e “Opera” são certamente as animações mais complexas e profundas.

Na animação francesa “Genius Loci”, que carrega uma expressão em latim com referência ao “espírito do lugar”, há um fio de trama e inúmeras referências e misturas de paisagens com elementos surrealistas. O curta trata de temas como a cor da pele da protagonista e seu lugar naquela cidade, mas também tem elementos que discutem a solidão das pessoas nas cidades grandes. É arte pura.

Já “Opera” é provavelmente o mais criativo dos curtas: ele exibe a visão geral de uma grande pirâmide que funciona como representativa da sociedade: no topo, os ricos gozam da boa vida, enquanto o trabalho é mais intenso a cada degrau e quanto mais próximo da base. O que a animação faz é deixar que o espectador escolha para onde olhar e assista o “cantinho” que quiser, sempre perdendo algo. Os acontecimentos podem nos deixar nervosos, e o final é sugestivo.

Na ordem: Hunger Ward, Opera, Uma Canção para Latasha, Do Not Split.

Indicados na categoria de documentário em curta-metragem

Collete
A Concerto Is a Conversation
Do Not Split
Hunger Ward
Uma Canção Para Latasha

Com exceção de “Hunger Ward,” que não pude ver, posso dizer que os indicados nesta categoria são bons, mas não chegam a um nível muito alto.

Talvez o melhor documentário em curta-metragem seja também o menos “urgente” em sua temática: Colette. A personagem-título é uma sobrevivente do Holocausto que vai em busca das memórias de seu irmão, acompanhada de uma funcionária de um museu dedicado à memória dos judeus. Com uma câmera discreta, o filme se destaca por nos permitir compreender melhor o que se passa na mente da senhora que guardou tanto sofrimento, além de fazer sua crítica ao “turismo mórbido” e à falta de conhecimento histórico das pessoas.

Igualmente emocionante, mas com direção mais subjetiva e repleto de cenas poéticas, o americano “Uma Canção Para Latasha” discute a violência contra pessoas negras, mais especificamente em relação a um crime ocorrido anos atrás contra uma menina. Informação é talvez o menos importante neste conjunto de depoimentos e memórias entrecortadas por cenas agridoces e inspiradoras.

A Concerto is a Conversation” é um curta do músico Kris Bowers, compositor em ascensão após fazer a trilha do filme Green Book (e agora incluso em produções como Space Jam, Olhos que Condenam, entre outros). No documentário de 13 minutos, o músico conversa com seu avô, resgatando a história de sua família. Ao falar de resgate histórico dos negros americanos, o filme se relaciona com “Judas e o Messias Negro” e “Estados Unidos vs Billie Holliday”, que também falam sobre a revisão histórica do povo afro-americano. Diferente de “Latasha”, no entanto, “Concerto” é um filme que exagera na tentativa de ser poético, e acaba por fazer firulas que não precisam: a história é bonita o suficiente, não há necessidade de dar uma de Terrence Malick.

Por fim, “Do Not Split” é o tipo de filme que vai direto ao ponto e nos coloca dentro da realidade de manifestantes de Hong Kong contrários ao aumento da presença da China continental na cidade. Mostra as estratégias de luta e resistência de alguns estudantes e militantes, e termina com imagens de como a pandemia afetou a luta e a vida dessas pessoas.

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