O QUE DIABOS DEU ERRADO NO ARTHUR DO RITCHIE?? - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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O QUE DIABOS DEU ERRADO NO ARTHUR DO RITCHIE??

Sabemos que a ideia da Warner era fazer uma trilogia fantástica, um universo compartilhado épico usando um dos contos mais famosos do mundo, e para isso, trouxeram um diretor inglês raiz, com um tom diferenciado e que agregaria um grande potencial na possível franquia. Um elenco muito bem pensado, mesclando profissionais consagrados, alguns nomes em ascensão e outros lado B muito carismáticos. Temos criaturas e efeitos visuais impecáveis, uma trilha sonora profunda, que te dá dimensão e energia, fora as interessantes cenas de ação casadas com uma fotografia que contrasta com tudo que já consumismo deste gênero.

Mas então… o que diabos deu errado no Arhtur do Ritchie??

TALVEZ a lenda já esteja batida demais e as pessoas já não interessam da mesma forma.

Bom, talvez…

Porém acho que a ideia de trazer Guy Ritchie (Snatch: Porcos e Diamantes) para dar um tom distinto ao longa, era exatamente para sair “do mesmo”, e explorar a história que todo mundo já conhece de uma forma mais criativa, visceral e até mesmo gangsta. Mas de fato, nenhuma delas colou da forma que foram criadas. Gerou o interesse, mas não supriu as expectativas.

TALVEZ faltou pulso na personalidade fílmica do seu diretor.

Talvez, talvez…

Tivemos os seus saborosos diálogos rudes e criativos, com reviravoltas dentro de seus próprios temas e até camadas e camadas narrativas, onde a sequência de um personagem narrando uma cena onde um terceiro conta uma outra cena dentro da cena, sempre com um timing incrível que sustenta o seu bom e velho humor ácido. Mas sabemos como a Warner é um estúdio que possuí produtores com mãos realmente pesadas, cabeças bem fechadas que gostam e até abusam do poder de limar coisas. Talvez temos aqui um produto final, onde é apenas um recorte do planejamento inicial do diretor.

TALVEZ o clima da cultura dos cockneys, não tenha funcionado bem com um Rei.

É, talvez…

Histórias em que um garoto miserável é um herdeiro do trono e não sabe (Oliver Twist) ou uma pequena e sonhadora garota, diariamente humilhada seja uma princesa (Cinderela), já vimos aos baldes, e todos inspirados na lenda de Arthur. Porém com este tom cockney ninguém havia ousado. Aliás este termo é muito usado de forma pejorativa quando é necessário se referir a periferia da Zona Leste de Londres. Vemos muito isso no currículo de Ritchie, personagens rústicos de sotaque carregado, sempre durões e envolvidos com a máfia local ou perigosas gangues. Talvez até a escolha de Charlie Hunnam para o papel de Arthur, seja proposital para comandar uma gangue (Sons of Anarchy e Hooligans), fora da própria adolescência que pode ler AQUI.

Mas o fato é que não é porque é uma de suas assinaturas, que deve ser usada em qualquer ambiente ou personagem. Não me incomodou nenhum pouco, porém foi uma das coisas que mais agrediram o público, uma vez que a lenda nasceu de poemas galeses-bretões, e tem registro de uma crônica escrita em latim no final do século X. O Rei que viria estabelecer o verdadeiro império na Bretanha, Irlanda, Islândia, Noruega e Gália, ser criado por prostitutas e falar através de gírias sujas, pode ter sido um tiro no pé e ofendido de alguma forma o público por aí.

TALVEZ tenham exagerado na fantasia.

Será? Talvez…

Mas ele foi pensado e lançado com moldes que lembrava muito a última trilogia fantástica de Peter Jackson (Hobbit), e foi em meio ao auge do estrondoso sucesso da série na HBO (Game of Thrones), então fazia parte do planejamento abordar um formato que vinha dando certo. Claro que talvez o excesso de monstros como o obelisco usado algumas vezes ou o acordo com as sereias – que ao meu ver – deixam o universo ali mais povoado e rico, tira completamente os pés do chão. Talvez mexer na realidade deixe todo o mito fragilizado. Temos uma espécie de olifante na abertura que já pontua o que veremos por todo o longa, mas nas cenas do “especial” do protagonista, ultrapassa as camadas do filme e se torna um vídeo game ruim.

TALVEZ erraram feio na escolha do diretor.

Com certeza, um bom talvez…

Eu acho interessantíssimo a mescla que ele propõe em sua narrativa, traz vitalidade vem por fora da curva, e sabemos que se o escolheram era porque ele tinha o perfil do tom que queriam para toda a possível trilogia. Foi bem especifica a escolha, uma vez que sabemos que ele vinha de alguns filmes fraquíssimos (como O Agente da U.N.C.L.E). Quem sabe um James Wan (Aquaman) ou um James Gunn (Guardiões da Galáxia), poderiam também dar essa “nova” cara para a lenda, também pesando ainda mais na fantasia e no humor.

TALVEZ tenha faltado química na equipe.

Eu discordo, mas é um talvez…

Charlie Hunnam tem histórico de agregar todo time que entra, aliás, existe uma ótima história de como ele conseguiu o papel no lugar do Henry Cavill (Man of Steel) e do Jai Courtney (Esquadrão Suícida), confira AQUI.

Eric Bana (Tróia), Astrid Berges-Frisbey (Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas) Djimon Hounsou (Diamante de Sangue), Aidan Gilen (Game Of Thrones), Annabelle Wallis (Peaky Blinders) entre outros, todos entraram de cabeça. Até mesmo a velha guarda do Ritchie como o Geoff Bell (Rock’n Rolla) e o Jude Law (Sherlock Holmes), temos ainda a participação do seu amigo pessoal e um dos símbolos da seleção inglesa David Beckham. Podem estar perdidos em alguns momentos, muito pela edição.

TALVEZ o roteiro simplesmente é fraco demais.

Fato…

Ninguém gostou da história. Ninguém. Os fãs de Ritchie, os amantes de Arthur, o pessoal da Warner, os críticos pelo mundo, os consumidores de mídia medieval e até mesmo os que simplesmente pegaram o filme passando na TV a cabo enquanto zapeavam os canais. Claro, que é difícil propor um ritmo em algo que todo mundo já conhece e manter essa linha. Genialidade para sustentar isso tudo subvertendo expectativas e ser um puta blockbuster sem deixar de ser artístico, só alguém como Quentin Tarantino. Mas aí devemos compartilhar essa culpa com a dupla Joby Harold (Awake: A Vida Por Um Fio) e Lionem Wigram (Sherlock Holmes) que sentaram juntos ao diretos pra rabiscar esse longa a seis mãos, que querendo ou não, virou uma verdadeira pérola.

Mas o que perdemos com tudo isso?

Ah, perdemos muito! Poderiam ser 3 filmes incríveis! Até mais! Um universo histórico com fantasia medieval. Perdemos de ver o Rei Arthur comandando seu exército em outros países, enfrentando outras tantas lendas como este universo viria a permitir. Intrigas palacianas e adição de outros grandes personagens como Lancelot e Merlin em volta à Távola Redonda. Aliás a sétima arte poderia ganhar mais um puta mago com poderes equivalentes ao Albus Dumbledore e quem sabe um carisma ala Gandalf. Perdemos muito mesmo. Temos uma obra oca que tenta sair da sua zona de conforto com agressividade e acaba perdendo o seu espírito no processo e se tornando apenas um Fúria de Titãs.

UMA PENA.

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