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Cinema Nacional

Prato Nacional: A Luz do Lobo Perdido

O Chef já vai logo avisando: Abre o olho que hoje está perigoso! Vários crimes rondam os nossos pratos esta noite! Sórdidos, espalhafatosos, cruéis e inteligentes, cada um deles nos inspira de formas bem diferentes, pratos únicos! Escolham a mesa e fiquem à vontade!

Creio que já estejam familiarizado com o esta coluna mensal, e como havia dito anteriormente, não estarei mais postando toda a explicação do que é o PRATO NACIONAL antes do conteúdo. Porém, mais abaixo tem todos os links que te levarão para os episódios anteriores que explicam isso.

Para conferir o tenebroso sabor do primeiro PRATO NACIONAL, clique AQUI. Já o segundo, com um tom aprisionado, clique AQUI. A nossa última refeição foi 100% paulistana e você encontra AQUI.

ENTRADA

Neste prato de entrada, vamos abrir com um dos melhores sabores já criado com temperos tupiniquins. É folhado de cinismo puro e servido em uma grande bandeja em tons de preto e branco.

NA BEIRA DO FOGÃO TEMOS:

    Rogério Sganzerla, o cineasta maldito.

INGREDIENTES:

Estamos falando de temperos como:

Foi um jovem gênio.

Sabia escrever filmes como ninguém.

Um diretor 100% marginal e autoral.

Juntou o melhor do Welles com Godard.

Viveu para o Cinema.

Deixou grande obras que transformaram o cinema brasileiro.

MODO DE PREPARO:

Pegue uma história real e peculiar e a deixa ainda mais extravagante.

Seja minucioso e escrachado.

Critique tudo com pancadas inteligentes. Mine todo e qualquer julgamento.

Misture as cores e a falta delas, com a maior locução radiofônica que o nosso cinema já viu (ou voltou a ver).

Monólogo, violência, humor ácido, sensacionalismo e coloque um dos personagens mais icônicos da nossa filmografia.

Refogue tudo no sarcasmo e pode servir.

POR QUE VALE PROVAR??

Por ser um dos longas mais consagrados da filmografia nacional e feita pelas mãos de um jovem estreante de 22 anos.

Poesia concebida da Boca do Lixo.

Porque o diretor era casado com a estrela Helena Ignez e trouxe o verdadeiro amor e entrega para cada cena.

Timing perfeito para corroer o seu cérebro.

Um filme muito premiado, que só perdeu a oportunidade de fazer barulho no Oscar, por se tratar de um desconhecido garoto na direção concorrendo com grandes atrizes da Globo.

Ter um protagonista real que choca com a sua imagem. O cara gargalha ao ser baleado!

Uma sagaz apresentação via letreiros luminosos.

E claro, por ser o verdadeiro Faroeste sobre o Terceiro Mundo!

SABORES:

Doentio. Excêntrico. Debochado. Um filme sobre um caso público, mas muito, muito particular. Que obra-prima.

PRATO PRINCIPAL

Temos aqui um prato de sabor único. Uma vez que experimentá-lo, vai ter que conviver com o seu sabor. É forte, pesado e infelizmente comum de achar pessoas dispostas a faze-lo. Prepare o garfo e faca, porque só vai parar quando limpar o prato.

NA BEIRA DO FOGÃO TEMOS:

    Fernando Coimbra, o melhor diretor atrás da porta.

INGREDIENTES:

A maioria forte, como:

Criança viciada em filmes, saiu do interior de São Paulo atrás de um sonho.

Se tornou um refinado diretor e roteirista por ser um estudante voraz.

Venceu a morte da Embrafilmes

Vasta experiência como ator em palcos.

Diretor premiado e reconhecido mundialmente.

Chegou a comandar dois episódios da grandiosa série do Netflix, Narcos.

MODO DE PREPARO:

Se interesse por uma manchete, entre de cabeça a ponto de ir até o local do crime e acessar o processo judicial.

Pegue cada informação e lapide dentro de um roteiro por anos.

Adicione um grande elenco na mais pura expressão.

Não deixe de ensaiar a exaustão cada cena importante.

Registre os detalhes, improvise planos sequências e transmita o ser humano em si.

Saia recolhendo mais de vinte prêmios e jogue tudo na tigela.

Sirva com vontade, sem medo de ser julgado.

POR QUE VALE PROVAR??

Se trata de um plot baseado em fatos reais.

Um longa que sai completamente da mesmice maçante produzida por aqui.

Composição perfeita.

Bons personagens, atuações impecáveis.

No Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, este longa ganhou 7 estatuetas, entre elas Direção, Roteiro Original e Fotografia. No México ainda ganhou mais um com Melhor Atriz.

Dramático na medida certa e com um suspense sufocante.

E porque tem um casting pesadíssimo!

SABORES:

Verossímil. Perverso. Cruel. Tem uma frieza incrível em seu timing.

SOBREMESA

Hora da saideira! Uma bela taça de questionamentos, reviravoltas e relacionamentos. Música boa e uma imersão prazerosíssima em um ambiente pouco explorado. Pelo menos desta forma.

NA BEIRA DO FOGÃO TEMOS:

   Monique Gardenberg, cada vez mais forte, cada vez mais incisiva.

INGREDIENTES:

Mulher forte, que cresceu enfrentando tudo e todos para chegar onde chegou.

Estamos falando de uma mistura forte, passou a infância em São Paulo, cresceu e profissionalizou no Rio de Janeiro, mas foi concebida na Bahia, por uma mãe baiana e um pai polonês.

Uma grande amante de música, o que agrega muito em suas obras. Na faculdade se tornou diretora do Centro Cultural, ganhou a atenção de artistas.

De manager de turnês a empresária de grandes nomes da nossa música, trabalhou com Djavan, Milton Nascimento e Marina Lima.

Estudou cinema na escola New York University.

Ganhou prêmios com os primeiros curtas, com o seu primeiro longa e cada vez mais foi galgando o seu sucesso na unha.

Dirigiu longas bilíngues, videoclipes e peças de teatro.

MODO DE PREPARO:

Pegue eras distintas como Erasmo Carlos e Jaloo e batam em um recipiente limpo.

Adicione muita música, cenas contemplativas e uma boa imersão.

Levante questões familiares, sexuais e sobre deficiências.

Despeje um casting maravilhoso.

Use formas extravagantes e não tenha medo de ser brega.

Na geladeira, verá luzes incríveis e uma fotografia prazerosa que dará mais sabor para a sua sobremesa.

Na hora de servir, transborde amor, para que nenhum tipo de limite o pare.

POR QUE VALE PROVAR??

Feito pelas mãos de alguém que foi premiada em Gramados, Rio e Miami, concorreu ao Prêmio Shell e no Festival de Veneza.

Porque tem a experiência de quem já adaptou uma obra literária do Chico Buarque.

Não abandona a força da sua proposta.

Tem uma porrada de personalidade e detalhes inesperados.

Um bom caso de personagem com deficiência que as vezes não temos tanto contato. Demonstrando não só LIBRAS como também outros detalhes criativos.

Não tem medo de ser cafona e explorar um visual matizado.

Possuí coadjuvantes de luxo, o que convenhamos não vemos tanto fora de Hollywood.

Ímã é um personagem que flui sem parecer forçado, principalmente quando não é o protagonista da cena. Flutua muito bem.

SABORES:

Corajoso. Distinto. Curioso. Demonstra a força de uma família.

CRÍTICA do Daniel Cury você confere AQUI.

Estou aqui para derrubar o preconceito usando armas verdes e amarelas. Logo, os filmes aqui não terão uma crítica minha e sim a receita! Expondo pontos do tempero, modo de preparo e porque vale a pena provar. E assim como a nossa culinária, cultura e costumes, se encontra um pouquinho de cada parte do planeta em uma mistura cheia de ginga, criatividade e esforço, basicamente o DNA do nosso povo.

A crítica fica por conta de vocês! Convido cada um dos leitores deste artigo para que assista a lista (e se já provou o sabor), venha aqui expor a sua opinião nos comentários!

DELICIE-SE!!!!

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