51º Festival de Brasília: Bixa Travesty + dois curtas - Dia 9
Festival de Brasília
Cinema Nacional

51º Festival de Brasília: Bixa Travesty – Dia 9

O 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega ao nono dia (oitavo da mostra competitiva. Na noite foram exibidos 3 filmes, 2 curtas e 1 longas.

Confira aqui a cobertura do primeiro dia do Festival. Recheado de homenagens e com a exibição especial de “Imaginário” de Cristiano Burlan e  “Domingo”, longa de Clara Linhart e Fellipe Barbosa.

Segundo dia (Mostra Competitiva): Boca de Loba, Kairo, Torre das Donzelas e Los Silencios

Terceiro dia (Mostra Competitiva): Liberdade, Sempre Verei Cores no seu Cinza e New Life S.A.

Quarto dia. Mostra Brasília: Para a Minha Gata Mieze, O Homem Banco e Marés. Mostra Competitiva: Mesmo com Tanta Agonia e Luna

Quinto dia: Bloqueio + 7 curtas 

Sexto dia: Cabeças, O Outro Lado da Memória, Aulas que Amei e a Ilha

Sétimo Dia: Casa na Praia, Terras Brasileiras, In Memoriam, Riscados Pela Memória, Presos que Menstruam, À Tona, Plano Controle, Guaxima e A Sombra do Pai

Oitavo dia: O Mistério da Carne, Sinucada, Noroeste, New Life S.A., Eu, Minha Mãe e Wallace e Temporada


Vamos aos filmes do dia no Festival de Brasília:

Vale o comentário inicial de que as críticas são restritas aos aspectos cinematográficos. O tema algum, neste caso um importante e necessário, não entram positivamente ou negativamente na minha avaliação. Tanto que ao longo do festival e em outros textos aqui no site, elogiei filmes com personagens LGBTQ, mas nem todo filme só por abordar esse tema é excelente a priori.

Reforma (ficção, 15 min, 2018, PE, 16 anos) de Fábio Leal

Um homem por estar acima do peso tem dificuldades de aceitar o próprio corpo e isso, teoricamente dificulta os relacionamentos dele. O curta trata dele desabafando com uma amiga em paralelo a cenas de sexo dele com outros rapazes.

Falta um arco mais consistente. Os problemas são ditos e não mostrados. Há até uma certa contradição nos eventos do filme, que torna o protagonista quase antipático ou no mínimo repetitivo. A metáfora entre a reforma do apartamento e a que passa o personagem é extremamente óbvia.

Os atores deixam um tanto a desejar e praticamente falam o texto, ao invés de interpretá-lo. A desenvoltura sexual, mostrada explicitamente acaba perdendo força ou ser alongada para ocupar o vazio narrativo. Contudo, como nota positiva, a cena final é bem pertinente e diverte, mas sem ser suficiente para extrairmos algo aqui. Nota: 1/5


BR3 (ficção, 23 min, 2018, RJ, 14 anos) de Bruno Ribeiro

Três contos dentro de um curta (confesso que não lembro de outro filme com essa proposta). Todos eles ambientados na favela da Maré e tendo as questões sexuais e LGBTQ como cerne.

No primeiro, de começo instigante, vemos uma moça indo morar em uma pensão e se preparando, aparentemente, para um programa. Do nada começa um musical embalado por uma música da Beyonce.
A história do meio, mostra uma personagem comprando cachorro quente e depois falando para a câmera em um canal de youtube sobre os causos da vida dela. No último temos um casal transando.

Com apenas uma conexão temática (todos os personagens principais são LGBTQ) e sem uma história propriamente dita, o curta se contenta em dar visibilidade ao invés de explorar outras nuances narrativas. Há muitas cenas de sexo, que pela ausência de trama, soam gratuitas. Nota: 1/5


Bixa Travesty (documentário, 75 min, 2018, SP, 14 anos) de Claudia Priscilla e Kiko Goifman

Coroando a noite LGBTQ (por sinal, parabéns para a curadoria de ter unido os filmes com a mesma temática, algo que se repetiu em outros dias – se essa foi uma escolha orgânica vale todos os elogios, mas se primeiro pensaram no tema e com isso descartaram filmes melhores, aí não é legal), temos o documentário sobre a artista Linn da Quebrada – confesso que não a conhecia e achei a sacada do nome sensacional.

Vemos apresentações musicais dela. O domínio de palco e as letras bem boladas, tornam esses momentos bem interessantes. Porém se eu quero ver esse tipo de coisa vou em um show e não no cinema. Tais momentos valeriam de forma pontual se o resto do filme se sustentasse.

Os momentos da vida pessoal são quase todos muito artificiais, rendendo por vezes uma filosofia barata e diálogos muito carregados. Eu queria conhecer mais da pessoa Linn da Quebrada e o filme praticamente se resume aos bons shows e a luta dela para se entender e denunciar o preconceito. Dá a entender que ela é só isso, o que desconfio não ser verdade. Tanto que há uma cena com fotos, que apesar de também forçada, vemos algum fiapo de naturalidade e é o melhor momento do longa.

Bixa Travesty possui um arco com uma luva (sim, uma luva…) que além de tomar tempo em tela é concluído de maneira rasa. Passando uma lição de moral que passaríamos para uma criança de cinco anos. Na linha do “acredite em si mesmo”.

Para os fãs e novamente como visibilidade temática, aqueles 75 minutos funcionam. Como cinema deixa a desejar. Contudo, o longa foi premiado em uma mostra no Festival de Berlim, então possivelmente estou errado nas minhas críticas. Nota: 2/5


Estou fazendo a cobertura do Festival de Brasília em parceira com os sites Razão de Aspecto e Louco por Filmes 
Veja meus comentários em vídeo, com toda essa turma, no canal do Razão de Aspecto no Youtube

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