Festival de Sundance 2018 – Dia 6 #ConexãoSundance
Festival de Sundance 2018 – Dia 6: O sexto dia do festival traz três filmes conferidos por Maurício Costa. Além de um convencional filme de espionagem (que, reforçando, é bastante convencional! rsrs), o resumo mostra o estudo de personagem “Puzzle” e o surpreendente Lords of Chaos, que conta a história de uma banda de black metal. Confira:
Foto acima: Elenco e equipe de Puzzle e do Festival de Sundance em Premiére do filme. Photo by Jonathan Hickerson/ Courtesy of Sundance Institute.
Festival de Sundance 2018 – Dia 6:
Beirut
Estados Unidos, 2017, 110 min. Ficção. Direção: Brad Anderson
O filme que está em Premiére mundial é um thriller político de espionagem. Estrelado pelo Jon Hamm e dirigido por Brad Anderson, é um filme interessante e bem executado apesar de convencional. Hamm vive um diplomata que trabalhava em Beirut em 1973, e depois de um evento trágico ele se retira, vai para a iniciativa privada. Durante a Guerra Civil no Líbano, no início dos anos 80, é chamado de volta pelo governo dos Estados Unidos para participar de uma negociação de troca de reféns. Esse é o mote principal do filme, envolvendo o conflito do Oriente Médio, a questão Palestina, Yasser Arafat, etc. Como filme de ação e espionagem, funciona bastante bem. A melhor comparação seria com os filmes baseados na obra de John Le Carré. É o tipo de narrativa que se tem aqui. Mas no geral, é bastante convencional, com direção bem executada e uma história convencional, com uma interpretação que parece o Don Draper (Mad Men) espião. É aquele tipo boêmio e problemático, mas carismático, o que não é típico do ator. É um anti-herói charmosão buscando resolver seus dramas pessoais em busca de uma redenção por meio do trabalho. Quem está no filme é Rosamund Pike, que vive uma diplomata americana em Beirut. As locações do filme foram todas no Marrocos, onde encontraram uma cidade que lembrasse a Beirut destruída pela guerra civil, de forma bem produzida.
Puzzle
Estados Unidos, 2017, 103 min. Ficção. Direção: Marc Turtletaub
O filme que pode se chamar Enigma ou Quebra-Cabeça em português está mais para a segunda opção. É um filme que realmente trata de quebra-cabeças. É um drama interessante sobre uma dona de casa com talento para fazer quebra-cabeças e isso acaba mudando a vida dela e a desperta para o mundo. Kelly Macdonald, a atriz principal, está realmente em uma atuação primorosa. O filme é um estudo de personagem e depende essencialmente da atuação dela. Agnes, a protagonista, é super contida e extremamente simplória na forma de pensar e agir, e tem dificuldade de expressar a sua insatisfação e sua infelicidade. A descoberta do talento dela faz com que ela vá atrás de um parceiro, o que acaba desorganizando sua vida como dona de casa. Segundo o crítico, uma coisa muito boa do filme é que apesar de ela ter um casamento infeliz, não se trata de um relacionamento abusivo. O marido dela é um cara machista de forma tradicional, mas isso acontece por conta da forma como ele foi criado: ele é simplório e limitado pelos preconceitos, mas não é um cara maldoso ou maltrata a esposa. É apenas o estereótipo de um homem antiquado. E o filme se desenvolve bem, fazendo uma escolha excelente para o final, sem apelar para o melodrama. É um filme que tem um grande senso de humor, mas a graça está nos fatos da vida real e de como as coisas efetivamente acontecem. Está nas coisas que falamos que são engraçadas no contexto de quem está vendo de fora, mesmo que seja um momento trágico, e sem que estejam forçando uma piadinha. A construção do personagem e a execução dele torna a situação engraçada e nos faz rir daquilo por achá-las ridículas, mas sem tratá-las como ridículas. É um bom drama que deve fazer algum sucesso nos cinemas. O público médio, que gosta de ir ao cinema e ver um bom filme que não seja apelativo vai gostar de Puzzle.
Lords of Chaos
Estados Unidos, 2017, 112 min. Ficção. Direção: Jonas Åkerlund
Segundo Maurício, este é um filme que surpreendeu muito. É baseado na história real do Mayhem, uma banda norueguesa que fundou o black metal, e mudou o estilo de como se fazia o death metal. Ele supera as expectativas por diversas razões. A história é engajante e conta a história toda de quando o protagonista descobre que é satanista, até o final trágico que ocorre com os personagens principais – que qualquer um pode descobrir com uma pesquisa no Google caso queira saber de spoilers. O filme começa muito bem e com um tom muito cômico, porque é engraçado ver os adolescentes com aquele tipo de discurso, e vai ficando sombrio em um crescendo, à medida que as coisas ficam sombrias na vida real, como por exemplo o suicídio de um personagem no início da trama. Até aquele momento, ele estava engraçado. O grande mérito do filme é a direção junto com a montagem, que pegaram uma história que poderia interessar a um público específico, e transformaram em um thriller engajante para o público em geral. Ele tem uma montagem bastante inteligente, sabendo usar sequências de memórias, alucinações e sonhos para ajudar a formar o contexto de quem são os personagens, as contradições entre eles, e como o personagem tem muito mais camadas do que se imaginaria pelo estereótipo dele. Até chegar em seu desfecho, o filme acaba ficando muito sombrio e bastante gore, com violência explícita e sem poupar o espectador, chocando o público. É um ótimo filme, mas para gostar dele tem que ter estômago.
Participam da cobertura do Festival de Sundance 2018 os seguintes sites e canais: Razão:de:Aspecto, Cinem(ação), Cine Drive Out, Artecines, O Sete e Correio Braziliense.
Confira a cobertura do #ConexãoSundance:
Festival de Sundance 2018 – Dia 1
Festival de Sundance 2018 – Dia 2
Festival de Sundance 2018 – Dia 3
Festival de Sundance 2018 – Dia 4
Festival de Sundance 2018 – Dia 5
Festival de Sundance 2018 – Dia 6