Crítica: Aliados (Allied, 2016) - Cinem(ação) | Resenha, trailer, laçamento
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Crítica: Aliados (Allied, 2016)

Aliados está concorrendo ao Oscar de Melhor Figurino.

Ficha técnica:
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Brad Pitt, Marion Cotillard, Jared Harris, Lizzy Caplan
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (16 de fevereiro de 2017 no Brasil)

Sinopse: Em 1942, Max Vatan (Brad Pitt) encontra a combatente da Resistência Francesa Marianne Beausejour (Marion Cotillard), em uma missão mortal atrás das linhas inimigas no Marrocos. Em Londres, a relação deles é ameaçada pelas pressões extremas da guerra.

Aliados cumpre determinados quesitos de forma bem correta, mas sofre de um mal grave: ele não sabe o que quer ser – ao contrário do trailer que sabe até demais e entrega praticamente todo o filme ali. Então se quiser ter alguma surpresa recomendo não assisti-lo. A presente crítica, como de praxe no Cinem(ação), NÃO terá spoiler

O contexto é segunda guerra, mas ao contrário de um filme daquele gênero, a proposta aqui é outra, ou melhor: outras… Até o final do primeiro arco vemos um longa onde dois agentes disfarçados se infiltram para cumprir uma missão. Temos algo de ação com suspense. É, disparado, o melhor trecho de Aliados. A fotografia com planos abertos e closes, uma coloração precisa – sabendo mesclar tons mais escuros com cores mais quentes – além de uma trilha instrumental das melhores do ano… Isso tudo sem contar a química dos protagonistas, chego lá já já…

Quando há um evento x que marca a transição para o segundo ato, penso aquela poderia ser a trama completa de muitos filmes. O suposto clímax aquela altura não me cheirava bem… E não estava errado, daí em diante Aliados não se recupera mais. As opções soam erradas tanto na direção quanto no roteiro, o que reverbera até nas boas atuações. Max Vatan (Brad Pitt) tem um drama pessoal que é realmente dramático, mas a resolução é tão óbvia que não compramos o sofrimento dele.

O final, que era para ter força, vai perdendo viço e chegamos ali sem engajamento. Além de ficar com uma reviravolta óbvia, aquela esquizofrenia de gêneros pouco acrescenta e a resolução é simplificada e corrida. Efeito parecido percebemos em Passageiros, onde é vendido o gênero x no começo, passa pelo Y e termina o Z…. Isso feito de forma orgânica merece elogios, mas não foi nenhum dos dois casos… O grande diretor Robert Zemeckis (De Volta Para o FuturoUma Cilada Para Roger Rabbit  e Forrest Gump) aqui repete os vícios de A Travessia, que ele dirigiu antes deste. De maneira análoga, o roteirista Steven Knight também serpenteia pelos mesmos problemas vistos em O Dono do Jogo, também assinado por ele.

Inegavelmente, contudo, Aliados é muito bem filmado. A câmera circular na cena da tempestade de areia ou mesmo a sequência de ação na festa premiam o público. Na primeira, tem-se um trabalho interessante dos atores; na segunda, um posicionamento correto dos presentes deixa a coisa fluida. Sinais claros de uma boa direção. A aparente contradição (de eu ter criticado antes e agora elogiado) é inerente ao filme. A sequência na prisão gera um quase humor involuntário, a do avião é piegas e o último instante falta emoção.

Brad Pitt e Marion Cotillard estão quase que o tempo todo em tela. Aqui novamente vemos outra contradição… Ambos funcionam bem juntos e separados. A troca de olhares, os toques, os desaforos e até a fisicalidade são destaques positivos. Ele firme, ela meticulosa (adjetivo dito expressamente, aliás). Aos poucos ele entra em um ciclo de terror cujo ápice interpretativo é ficar descabelado… ela some e faz qualquer coisa que uma atriz mediana faria (e a Cotillard está longe de ser apenas mediana).

O lembrado (pela academia) figurino e o esnobado design de produção realmente são meritosos. Na primeira cena, a vestimenta de Max já salta aos olhos. Toda a ambientação posterior também impressiona e o retrato da época é bem feito. Não foi por falta de imersão que o filme rompe….

Aliados é cheio de altos de baixos, na realidade começa bem e vai em queda livre… Ah se o filme acabasse no primeiro ato…ah se eles estendessem a trama só com aquilo… ah se Zemeckis e Knight tivessem aprendido com os vacilos recentes…. ah… bem, não dá para exigir de Aliados um filme que ele não quis ser….ah, uma pena.

(trailer, como avisado, contém detalhes importantes da trama…)

  • Nota Geral
3

Resumo

Indicado para melhor figurino no Oscar 2017, Aliados cumpre determinados quesitos de forma bem correta, mas sofre de um mal grave: ele não sabe o que quer ser.

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