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Crítica: Ave, César!

Ave, César! é uma homenagem ao cinema, mas no estilo irmãos Coen.

Ficha Técnica: 
Direção e Roteiro: Ethan Coen e Joel Coen
Elenco: Josh Brolin, George Clooney, Alden Ehrenreich, Ralph Fiennes,  Scarlett Johansson, Tilda Swinton, Channing Tatum
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (14 de abril de 2016 no Brasil).

Sinopse: um executivo de um estúdio em Hollywood, nos anos 50, tem que lidar com a produção de vários filmes simultaneamente. Mas um grande astro de um dos principais filmes desaparece no meio das filmagens do longa Ave, César!.

Ave Cesar

Os irmãos Coen tem uma característica igual a do Tarantino: geralmente quem gosta do estilo deles vê todos os filmes e vibra quando sai uma notícia de um longa novo. Mas quem não curte dificilmente sairá do cinema satisfeito. Só lembrando os Coen fizeram trabalhos como: Onde os fracos não tem vez, Fargo – uma comédia de erros, Bravura Indômita. Ave, Cesar! apesar de inferior àqueles traz alguns elementos característicos dos irmãos.

Ave, Cesar!, tal como o Quentin também gosta de fazer, é uma homenagem ao cinema. O protagonista, Eddie Mannix, tenta apagar vários “incêndios” ao longo da história. E ele, tal como as figuras que os cercam, são inspirados em personalidades da época da trama (anos 50). As paródias podem soar familiar ou distantes a depender da relação que o público tiver com aquelas época.

O longa tem uma história mais central (a do Mannix), mas várias subtramas envolvendo os atores dos filmes que estão sendo rodados no estúdio. Com destaque para o desaparecimento de Baird Whitlock (Clooney), uma estrela consagrada, mas que tem um talento um tanto questionável.

Ave Cesar
Essas historinhas são divertidas (sempre tendo em vista a homenagem muito referencial e um que de humor pastelão), mas algumas são fracas e até descartáveis. Faltando um certo acabamento.

Por exemplo: Hobie Doyle é um ator de bang-bang que se caracteriza por atuações físicas. Mas o estúdio o quer colocar em um drama com mais falas. O resultado dessa transição é desastrosamente (para os envolvidos) hilariante (para o público). Quando ele não está em tela clamamos para que a história volte para ele. Já que, como falei, as outras passagens nem sempre acompanham o nível desta.

Além dos faroestes, o musical era um gênero bem comum na época. E este segundo elemento é bem explorado em Ave, César!. O filme que estamos vendo não é um musical em si (o gênero destacado é comédia), mas uma das obras rodadas no estúdio o é, então temos algumas apresentações nessa linha com todos os trejeitos e coreografias que se tem direito.

Ave Cesar

O roteiro, apesar das referências e do ótimo humor, peca em explorar melhor algumas histórias e de estruturá-las de forma mais adequada (problema também da edição). Temos algumas barrigas e momentos que parecem esquetes, soando um pouco desnecessários e filmados de forma abrupta.

Há uma cena, logo no começo, envolvendo uma discussão com líderes religiosos, que é a síntese do longa para mim. O momento me fez chorar de rir com diálogos perspicazes e intencionalmente estereotipados, mas poderia facilmente ser retirada do corte final sem prejuízo para a trama. Há outro seguimento, também envolvendo religiosidade, que se repete algumas vezes e perde força.

As atuações estão maravilhosas. Como vocês puderam ler ali em cima, o elenco é de alto calibre. Cada ator vestiu bem a camisa e comprou a ideia dos Coen. Apesar dos nomes de peso o destaque vai para o  Alden Ehrenreich (interpretando o já citado Hobie Doyle, deu pra ver que o trecho envolvendo o ator foi o que mais me agradou…). As cenas que fazem o público gargalhar e as que mais nos identificamos partem dele. Mas, tenha em mente que, nem de longe, os demais atores estão ruins…. eles só não estão tão marcantes quanto o jovem Ehrenreich.

Ave, cesar!

George Clooney está canastrão e parece se divertir. Channing Tatum se entrega nas performances dançantes. Tilda Swinton faz duas personagens com cenas bem engraçadas, apesar de descartáveis. E o Josh Brolin conduz com altos e baixos o olho do público na história. Scarlett Johansson não está espetacular, mas cumpre bem o papel. Há uma cena envolvendo o Jason Brolin e o George Clooney que é sensacional.

O visual do filme é variado e marca bem cada ambiente. Alguns propositalmente meio toscos, outros espalhafatosamente alegres e até cenários sóbrios também compões bem a diversidade pretendida.

Ave, César! é metalinguagem com humor que não vem mastigado, críticas ao socialismo e ao capitalismo e é uma experiência a ser vivida pelo amantes da sétima arte. Não é para qualquer público, mas, ainda assim, indico o longa que estreia nesta semana.

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