De Volta Aos 15 – Um abraço quentinho e aconchegante
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De Volta Aos 15 – Um abraço quentinho e aconchegante cheio de nostalgia e esperança

Nova série da Netflix acerta na medida certa com nostalgia, carisma e temas necessários

O que você faria se voltasse aos seus 15 anos? O que faria de diferente? O que faria de igual? É com essa premissa que De Volta aos 15, nova série nacional da Netflix, tem conquistado o Brasil e o mundo. Estrelada por Maísa e Camila Queiroz e baseada no livro homônimo de Bruna Vieira, De Volta aos 15 é sem dúvida nenhuma uma grata surpresa e um respiro de esperança e alegria em tempos sombrios.

Na série, Anita (Camila Queiroz) é uma mulher de 30 anos cansada da sua vida. No casamento de sua irmã ela encontra o primeiro blog que criou, aos 15 anos de idade. Desejando voltar para uma época em que tudo era mais fácil, a jovem adulta fecha os olhos e, ao abri-los, tem seu desejo realizado. De volta a 2006 a Anita de 15 anos (Maisa) tem a chance de mudar tudo, já que agora tem a mentalidade de 30 anos e não de uma adolescente. Mas tudo que ela faz no passado, pode ter graves consequências no futuro. Um De Repente 30 às avessas com toques tupiniquins, De Volta aos 15 é pura nostalgia. Para quem viveu na década de 2000, é como entrar na máquina do tempo e sentir toda a atmosfera dos anos 2000 e dos tempos de escola. Acho que os trintões da década de 80, sentiram a mesma sensação ao assistir De Volta Para o Futuro. E antes que os fãs xiitas me apedrejem, não estou comparando a série da Netflix com o clássico de Robert Zemeckis, mas sim a sensação de ver sua época retratada na tela. E voltar ao passado e relembrar tudo é muito bom! Mesmo que isso exploda alguns gatilhos.

Voltando as coisas boas, a nostalgia, tudo que fazia a nossa cabeça na década de 2000 está lá. As músicas, a onda emo, os testes da revista Capricho, a moda, as comunidades do Orkut, as fitas VHS, as locadoras, tá tudo ali. Pra quem viveu aquela época, como este que vos escreve, é como voltar ao passado e lembrar de um tempo bom em que nossa única preocupação era tirar 10 na prova e entender as fórmulas da física. Isso em si dá um quentinho no coração e aconchego que dá um respiro nesses tempos obscuros em que vivemos.

Mas como nostalgia não é tudo, e Jurassic Wolrd tá aí pra mostrar isso, a pergunta que surge é: a série é só isso? E a resposta é não. A série é muito mais que nostalgia. Embora o roteiro seja bem simples, e por vezes clichê, como ‘o grande amor da vida era o melhor amigo da adolescência, que a personagem principal nunca desconfiou de nada, e só descobriu adulta’, ela trata de assuntos delicados e mostra que sim, precisamos evoluir. Na série vemos discussão sobre homofobia, bullying, trote, feminismo, autenticidade x conivência, tudo de forma simples e leve. A discussão tá ali, mas é leve, nunca pesa e te faz pensar. Assuntos necessários são abordados e mostra o quão bom foi evoluirmos. E essa história de “tá tudo muito chato”, “essa coisa de politicamente correto é muito chato”, “sai da lacrolândia”, “no passado era melhor porque podíamos falar tudo”, blá, blá, blá, está errado porque sim fez muito bem evoluirmos.

Agora falando do elenco, Camila Queiroz e Maísa estão perfeitas, elas têm uma sintonia perfeita. Elas têm um carisma difícil de ver hoje em dia. Mas como uma atriz não se faz apenas de carisma, temos de destacar a atuação de ambas. Os trejeitos, o jeito de falar, as manias, parecem realmente a mesma pessoa, você compra que a Maísa é Camila adolescente e que a Camila é a Maísa adulta. Outro destaque para mim no elenco é João Guilherme, que faz o “vilãozinho” Fabrício, a ideia no início é você odiá-lo mas é impossível não amá-lo no final. Outro destaque fica para Antonio Carrara, que faz o tímido Joel. Ele passa uma verdade tão grande em sua atuação que qualquer um que era como ele quando adolescente vai se identificar, digo por experiência própria. Nem parece que é o primeiro trabalho do ator. Espero em uma possível segunda temporada ver mais dele adolescente e adulto, vivido por Gabriel Stauffer. A verdade é que, diferente de 3%, onde temos atuações por vezes sofríveis mesmo entre grandes nomes da atuação como Zezé Motta e Sérgio Mamberti, aqui, com exceção de  um ou outro personagem, todos estão incríveis. As atuações nunca são forçadas, todas fluem naturalmente, sem contar que o elenco é de um carisma sem igual.

Mas um dos grandes destaques na série é a diversidade. Sim, as protagonistas são mulheres, brancas, cis e  hétero. Mas, temos que dar destaque a algo muito importante, um dos melhores amigos de Anita é César, uma personagem LGBTQIA+ que é feita por Pedro Vinícius: uma pessoa não binária e que em seu Instagram se identifica como atriz. Quando adulto, César se torna Camila, que é interpretada pela atriz Alice Marcone, uma mulher trans. E a forma como é abordada a personagem, é tão natural, não levanta bandeira, não faz lacração, não faz militância, mas é abordada de forma natural, leve e bonita. Inclusive em um dos momentos da série, é emocionante ao ver Camila autografar um livro. É simples, emocionante e importante.

O resumo da ópera é: De Volta aos 15 é uma série divertida, leve que merece ser assistida. Ela vai agradar aqueles que foram adolescentes na década de 2000, não só pela nostalgia, mas por imaginar como seria se tivéssemos a chance que Anita teve. Ela também vai agradar a nova geração porque traz os queridinhos e queridinhas da nova geração, em papéis incríveis. Ou seja, vai agradar a gregos e troianos.

De Volta aos 15, é um abraço quentinho, aconchegante e nostálgico em todos nós. Algo necessário nesses momentos de trevas que vivemos. Então, perca o preconceito, deixe sua visão crítica de lado e embarque nessa aventura, pois vale muito a pena!

Obs: A série termina com um gancho incrível para uma segunda temporada. A primeira temporada foi baseada no primeiro livro de Bruna Vieira, De Volta aos 15, que tem uma continuação chamada De Volta aos Sonhos. E ganhará em breve uma terceira e última parte. Com isso em mente e já que no momento que escrevo esse texto a série está no Top 10 Netflix em 17 países diferentes, acho que podemos sim esperar uma segunda temporada. Camila Queiroz e Maísa já disseram querem muito! Agora é só a Netflix confirmar!

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