Uma Leitura: Rocky Balboa
Eu infelizmente perdi o Creed II no cinema… isso me deixou muito mal. Gosto muito da série. Muito mesmo! Então quando consegui pegar o DVD para completar a coleção, achei justo fazer uma semana de maratona. Todos os dias chegava do trampo e assistia um dos filmes. Até que veio Creed II e satisfez toda a expectativa que tinha. Muito bom!
Mas em meio a esta maratona, me peguei conquistando uma nova leitura sobre a obra. Não é algo absurdo que irá explodir a sua mente, mas algo bacana para ser compartilhado. Vou dar uma breve pincelada em cada filme, não falarei sobre sua família ou personagens que não entrem no RINGUE. Sim, vou focar em cada LUTADOR. Em cada DESAFIO!
Vamos lá?!
O mais simples, humilde e inocente longa de toda a série.
É onde o sonho começou.
Rocky Balboa 100% underground, fumando e bebendo
com os malaco na esquina, xavecando a tia dos pet, porém como o próprio Mickey
dizia: Rocky aqui já tinha coração, mas lutava como um gorila. Não passava de
um tomate.
s2 Que construção de personagem s2
Temos que começar pelo protagonista que dá o nome a série. Rocky Balboa. Rocky é o próprio SYLVESTRE STALLONE. Por mais que seja inspirado naquele tio do Dog Chuck Whepner que lutou contra o Mohammed Ali, Rocky É o STALLONE.
Ele sabia que tinha em suas nas mãos uma oportunidade única de chamar atenção de todo o mundo. E foi sorte. No filme representado pelo sorteio do Apollo, na vida real ter assistido a luta Chuck e Ali com uma visão cinematográfica que ninguém ali teve.
E foi o que STALLONE fez, apanhou muito no caminho, mas conseguiu ficar sob os olhares de todo mundo. Então ele enfrentou diretamente Apollo Creed.
Apollo era conhecido por ser invencível, e quem seria este cara?? Apollo Creed era o PÚBLICO.
Agora o longa que mais brinca com a realidade.
É onde o sonho se concretizou.
Pessoas começam a reconhecer Rocky/STALLONE por aí.
Seu físico muda, ganha mais força, mais jeito e mais técnica.
Temos o Sly literalmente na posição em que o Rocky se encontra aqui, uma vez que era um desacreditado antes da primeira luta/FILME, e consegue surpreender o Apollo/PÚBLICO. Aqui, seria a verdadeira batalha para se firmar no posto que criou em Hollywood, o de Campeão.
Assim tiraria qualquer impressão de sorte e deixando claro e límpido o seu talento.
Todo filme feito assim como todo cara que entra no ringue, entra pra tentar vencer o Apollo/PÚBLICO. O próprio apontava o dedo na cara de Rocky/STALLONE dizendo ser sorte. Sly foi lá e não só o calou. Muito pelo contrário, foi lá e conquistou o seu prestígio.
Rocky vence a luta, se consagra e ganha um novo amigo.
Chegamos ao filme mais criativo de toda série!
É onde o Stallone mostra o seu verdadeiro tamanho!
Seis anos se passa após Rocky ser descoberto pelo mundo, e ele vem mantendo o seu título com folga. O cara se acha muito bom, mas descobre que é um lutador de papel, não tem enfrentado desafios a altura e só vivendo do que já foi.
Assim como Stallone, já se passou 6 anos de sua aposta neste roteiro, conquistou o topo mas o estrelato também te trazia a sensação de ter que se provar novamente, por isso o título do filme: DESAFIO SUPREMO.
Sly já foi um tomate,
mas se tornou Campeão do mundo, só que foi forçado a regredir para uma
almôndega nas mãos de Thunderlips.
Thunderlips é a personificação da PRESSÃO. E Rocky só o enfrenta porque estava em uma posição que ele mesmo se colocou. Se for pensar, aquela luta beneficente assim como este pensamento do Sly, não deveriam existir. Ele se colocou nesta posição. A pressão então te surpreende, te assusta, te espanca. Rocky/STALLONE precisa cair pra cima, tirar as luvas, ou seja, sair da sua zona de conforto para vence-lo. Por a mão na massa.
ROCKY III – DESAFIO SUPREMO (cont.)
Claro que o Desafio Supremo teria pressão, mas não é o verdadeiro desafio.
Se o Apollo Creed era o PÚBLICO, Clubber Lang é a CRÍTICA.
Lang/CRíTICA deixa claro que suas duas lutas/FILMES foram bons, porém depois delas é só mais do mesmo. Faltava mostrar garra se ele quisesse continuar!
Então Lang surra o Sly que estava se achando astro e o faz se reinventar, bate forte o obrigando a reencontrar os Eyes of the Tiger que tinha em tempos que rabiscou o seu primeiro roteiro. Que tinha em tempos que até mesmo seu cachorro teve que vender para conseguir levantar uma grana para produção!!
Sly só vence o Lang/CRÍTICA com a ajuda do Apollo/PÚBLICO, que aposta pesado e lhe da forças.
É o filme que eu mais amo de toda a série!
É onde grandes pilares deste enredo extrapolam qualquer expectativa: Trilha
sonora, treino e o vilão!
O conflito desta vez leva o nosso lutador/ator a ficar mais rico, começar a reclamar da idade, mostrar a evolução da tecnologia do mundo com o robô, mas tudo isso são pinceladas para tocar a corrida espacial, o uso de drogas por atletas e claro, adentrar enfim na política.
O Garanhão Italiano tem que vingar a América derrotando a União Soviética. E no mesmo ano que Sly havia vingado os EUA no Vietnã em Rambo II, ele mais uma vez toma a frente como ícone, e se concretizar como um verdadeiro símbolo.
O Apollo/PÚBLICO como humanidade tenta se provar em meio a festa, em meio a quem não liga, mas sofre nas mãos de Ivan Drago que é a REALIDADE. O russo se demonstra uma máquina, fria e em um grau de evolução diferente de tudo, assim como a própria REALIDADE.
Rocky/STALLONE se vê obrigado a encarar a REALIDADE. Se vê obrigado em ajudar da forma dele. No filme lutando. Na vida real escrevendo, produzindo e atuando. Sly bate com a sua mensagem, deixando o seu personagem cada vez mais cartunesco e ao mesmo tempo mais humano.
Rocky vence o problema que a humanidade mesmo criou. O preconceito, a desigualdade e a guerra. Stallone cria esperança em mais um passo em sua carreira que não para de se reinventar.
É o filme que com absoluta certeza, mais erra na série.
É onde se desperdiça um grande potencial.
Falar que a ideia de parar de lutar, de perder
tudo, de se ver obrigado a procurar suas raízes e ainda ser desta vez o
treinador, é uma ideia ruim… está mentindo.
O problema é toda a execução, porque o plot de
envelhecer foi muito bem usado no filme seguinte e nas continuações de Creed e
abre coisas indispensáveis nos plots seguintes que falarei mais a frente. Mas
vamos lá.
Primeiro vilão sem carisma da série, passagens
fracas, frases sem força, conflito interessante, mas sem peso e uma trilha que
nem parece fazer parte da série…
Mas tudo é soterrado pelo belo monólogo do Mickey no flashback de Rocky.
Rocky/STALLONE está querendo dar mais fôlego a série trazendo seu novo conflito contra Tommy Gunn. Tommy é o seu MEDO. Medo de ficar para trás após essa série, medo de talvez ter sido arrogante e ganancioso como Tonny quando começou a crescer no esporte/cinema, de ter tratado mal, de ter escolhido errado os seus passos, de ter agido por impulso, e principalmente, de ter sido ingrato.
Sly tem MEDO de ter se tornado o Tommy em algum momento e se sente culpado. MEDO de perder a maior série que já participou, do maior personagem que já criou e o colocou onde está.
Rocky/STALLONE vence o Tommy/MEDO e deixa bem claro que neste caso, foi fora dos ringues.
É o filme mais delicado, sentimental e que tem mais carinho com
o seu roteiro.
Obra que mostra absolutamente tudo que o Sly queria passar na vida toda do
Rocky.
Metem o pau e com certa razão no quinto filme, porém se não fosse ele, as continuações não seriam as mesmas.
Algumas coisas como o lance de perder toda grana por causa do Paulie é demais! Aprofunda o amor do casal principal, começa a criar o conflito que Rocky tem com seu filho no resto da série, nos da a oportunidade de ver aqui Rocky com o seu restaurante, cria-se ainda a ideia de que talvez Adrian morreu por não terem condições financeiras para um sustentar os melhores hospitais, fazendo a culpa estar toda sobre Paulie que piorou na bebida. E se isso fosse um fato, deixa Rokcy ainda mais forte do que sempre se mostrou no ringue, tratando o cunhado com carinho mesmo com tantos erros.
E a maior surra do filme é feita com palavras em uma esquina qualquer s2
Mas vamos ao vilão.
Tommy Gunn abriu as portas para vilões menos carismáticos e mais pés no chão. Por mais que eu não goste do Dixon como vilão, temos uma restruturação maravilhosa para o último longa do Rocky como protagonista. São muitos elementos em muitas camadas. Um filme realmente com o peso da canhota do Rocky.
Rocky/STALLONE precisa encarar Mason Dixon que é o TEMPO. Simples assim. Sly nesta jornada dá aula. Filosofa. Coloca toda a sua experiência, agora fora dos ringues, para todos aprenderem e levar para toda a vida. Mostra como Rocky/STALLONE ainda pode ser foda, que isso o TEMPO não tira, mas no ringue é outra coisa. O TEMPO é imbatível e isso fica bem claro.
É o filme que não só trouxe um simples fôlego para a série, temos aqui pulmões novos.
Obra que comprova que a originalidade é tudo.
Temos um avanço colossal em termos técnicos: desde a coreografia, o nível de atuação e a fotografia empregada, porra até plano sequência rola aqui s2
Nosso Rocky/STALLONE quer mostrar que o seu corpo não tem mais condições de continuar como protagonista, porém este universo é rico e interessante demais para morrer. Poderia rolar um reboot, um remake, um requalquercoisa, mas ele comprou a ideia do Ryan Coogler e trabalhou junto.
Creed é uma parcela de Sly. Creed é o avatar da sua CRIATIVIDADE. Seu corpo pode ter envelhecido, mas como vimos no último filme, sua mente não. Pelo contrário, cada vez está mais afiada, mais sábia. Stallone entende que não precisa mais usar o seu corpo em tudo que escreve. Ele pode simplesmente escrever!
Daqui pra frente é com o Creed/CRIATIVIDADE.
CREED: NASCIDO PARA LUTAR (cont)
Creed/CRIATIVIDADE conhece e enfrenta Stuntman, mas ele não é o foco da sua jornada. Creed quer tomar o cinturão, e para isso tem que derrubar o campeão. Neste percurso as pessoas acabam descobrindo de quem ele é filho. Apollo.
Então a sua CRIATIVIDADE nasceu do PÚBLICO? A resposta é sim.
O PÚBLICO ajudou a vencer a CRÍTICA. Apanhou da REALIDADE, e agora traz a CRIATIVIDADE. E pensando que realmente ela é ligada ao Rocky/STALLONE por todo o universo até então, mas ser uma ideia que veio de quem o assistia, sim. Ele nasceu do PÚBLICO.
Ricky Conlan o Campeão, está para encerrar a sua carreira e nunca foi nocauteado. Quem seria este cara?? Conlan é a HISTÓRIA. E Creed/CRIATIVIDADE precisa vencer HISTÓRIA para se consagrar.
E sabe o que é mais da hora? Ele não consegue vencer, mas mesmo assim ganha os parabéns da história. E é isso. Creed não veio para superar a bela história do Rocky, assim como também não quer seguir os passos do pai. Creed está em busca do próprio espaço.
Assim como o TEMPO, a HISTÓRIA é imbatível e Sly assina em baixo.
Enfim consigo assistir o longa mais recente e me deparo com um filme que na minha leitura é ainda mais carismático que o primeiro em seus 3 pilares: melhor trilha, melhor treino (aliás dois aqui) e melhor vilão. A CRIATIVIDADE trazendo de volta o CARISMA da série.
Fotografia mais intensa, aparição de dois personagens que eu não esperava e a evolução desse casalsão da porra. A cena final do Rocky com o neto ou o Creed entrando ao som da esposa no ringue… olha… coração apertou.
Mas vamos lá, eu fiquei de citar um lutador que volta aparecer aqui:
Danny Wheeler é a CONSCIÊNCIA do Rocky/STALLONE. Wheeler começa confrontando Creed/CRIATIVIDADE no começo, e deixando claro que ele não sabe se isso vai dar certo. Rocky confia na criativa proposta de Coogler, mas não sabe se vai virar.
Neste filme vemos a CRIATIVIDADE vencê-lo e tirar o seu título! Sly não se cansa de nos ensinar coisas boas s2
CREED II (cont.)
Agora vamos para a verdadeira batalha deste filme. Creed se depara com o Viktor Drago, que aqui representa o PASSADO.
Passado do Creed. Passado do Rocky. Passado do Sly que não pode vencer a história, não pode vencer o tempo, mas quer nos ensinar que podemos sim derrubar os erros do passado.
E o PASSADO não podia ser filho de outra pessoa se não a REALIDADE. E eles estão juntos nessa, porque também representa o passado de Ivan, quando vemos o que ele se tornou ou as pessoas que ele perdeu.
E para vencer o passado, Creed não precisa apenas de um treino, mas pela primeira vez vemos dois treinos épicos em um mesmo episódio. E eis que no final vemos Rocky/STALLONE, assistir fora do ringue a sua CRIATIVIDADE vencer em tom de despedida da série.
Poderíamos ir mais longe, falar como a Adrian poderia representar não só o amor, mas algo como a FORÇA. Paulie ser a personificação do seus ERROS, Rocky Jr a sua ESPERANÇA, que conforme foi ficando mais velho, foi o perdendo… e quem sabe o Logan, seu neto, seja o PRESENTE que ele tanto queria, tanto buscava. O PRESENTE literal, o hoje. Quem sabe ele seja a PAZ, o DESCANSO… enfim… brisas para outro artigo.
Obrigado a todos que me acompanharam até aqui.
Por favor não deixem de comentar o que acham e dar o ponto de vista de vocês também! Mês que vem trarei mais um artigo sobre esta série.
VIVA O ROCKY!