Orgulho LGBT e a Representatividade
Em 2 dias, dia 03/06, acontece em São Paulo a 22ª Parada do Orgulho LGBT. Eu acompanho a Parada há pelo menos 10 anos, participando de várias edições. Nos últimos anos, o evento vem me causado uma emoção maior e me faz refletir o quanto minimamente evoluímos no empoderamento LGBT.
Mas por que eu estou falando da Parada do Orgulho LGBT em um site de cinema?
Justamente pela questão de representatividade e empoderamento.
Anos atrás, quando eu era uma lésbica jovem abrindo apenas uma fresta do seu armário, não existiam muitas mulheres lésbicas retratadas nas telas, ou até mesmo nos livros, revistas, ou qualquer mídia que seja. Foi um longo caminho buscando pessoas que fossem como eu e tentando me encontrar nesse mundo do áudio visual.
Então, por que não falar sobre o evento e de filmes e séries que ajudam qualquer pessoa LGBT a entender o que é o movimento ou até mesmo se encontrar em um personagem?
- Everything Sucks
Para entender um pouco mais como era ser uma menina LGBT nos anos 90, claro que trazendo para uma realidade brasileira, é só assistir à série Everything Sucks, da Netflix. Todas as fases da personagem acontecem na vida real de uma pequena lésbica.
O tema da Para do Orgulho LGBT de SP em 2018 é “Poder para LGBTI+, Nosso Voto, Nossa Voz”.
Não dá para não pensar no filme Milk, que fala justamente em dar voz a toda uma comunidade, na década de 70. Harvey Milk entrou para a história por ser o primeiro homem abertamente gay a ser eleito para um cargo público na Califórnia, EUA. Havey foi assassinado meses depois por um opositor político. Em um ano onde perdemos Marielle Franco da forma que perdemos, é preciso ainda mais falar do nosso lugar de voz e eleger representantes para isso.
Se hoje existe uma Parada do Ogulho LGBT é por que um dia existiu Stonewall e uma Marsha P Johnson. Marsha foi uma ativista negra, prostituta, transexual e defensora dos direitos homossexuais. A revolta de Stonewall é o que dá origem à luta por direitos LGBT no mundo. Antes mesmo de Milk pensar em concorrer para um cargo político ou de muitos de nós existirmos nessa terra, existia uma travesti lutando para que pudéssemos existir. Esse é um ponto de reflexão extremamente importante, pois até hoje o “T” da sigla é apagado, silenciado e assassinado.
E por que tudo isso importa? O Brasil ainda é o país que mais mata pessoas LGBT no mundo!
Em 2016 foram 347 vítimas de LGBTfobia, em 2017 foram 455 e em 2018, até o dia 15 de maio, já eram 153 de nós assassinados por crimes de ódio. Quando um de nós morre morremos um pouco também e carregamos o propósito dessa morte para nos fazermos existir resistindo.
Então, importa que cada adolescente que se sinta acuado, se veja representado e possa ver que tudo melhora, que existe futuro e existe um lugar sem dor. Importa que as pessoas possam ser quem elas são, com o gênero que se identificam sem temer morrer por isso a qualquer instante. Importa que pessoas LGBT possam exercer livremente seu amor, sem medo de agressões. Apenas importa!
Que nos vejamos representados cada vez mais no cinema, na política e na vida!
Aproveitem a Parada, orgulhem-se!
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