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Crítica: O Insulto

Indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro, “O Insulto” é um filme que, apesar do título, traz uma mensagem de esperança para o Oriente Médio.

 

Ficha técnica:
Direção: Ziad Doueiri
Roteiro: Ziad Doueiri, Joelle Touma
Elenco:  Adel Karam, Kamel El Basha, Diamand Bou Abboud, Camille Salameh, Rita Hayek, Julia Kassar.
Nacionalidade e lançamento: Líbano, 2017 (8 de fevereiro de 2018 no Brasil)

Sinopse: Após uma troca de insultos entre um libanês cristão e um refugiado palestino, os envolvidos acabam se encontrando no tribunal em um caso que ganha atenção nacional.

 

A realidade do oriente médio é muito distante da nossa, ainda que paradoxalmente próxima. Ao mesmo tempo em que é preciso um certo esforço e conhecimento para compreender as relações conflituosas entre cristão, palestinos, judeus e outros povos que por lá vivem, não fica tão complicado quando apenas comparamos a intolerância existente no Líbano para a que assistimos na nossa rotina – seja ela política, racial ou social.

Quando vemos em “O Insulto” que o mecânico Toni não aceita um conserto em sua casa, ficamos sem entender muito bem o que se passa. É preciso que a história se desenrole até percebermos que, apenas pelo sotaque palestino do personagem de Yasser Salameh (interpretado por um ator da mesma região), o protagonista já demonstrou seu preconceito. Em seguida, acompanharemos um típico caso de processo judicial que ganha repercussão nacional e inflama os ânimos de diversos grupos presentes na sociedade libanesa.

Preconceito esse que se baseia em conflitos históricos. Aliás, o resgate histórico de acontecimentos é fundamental para o desenrolar da trama cada vez mais intensa do filme. O filme se constrói apresentando os personagens gradativamente, e é interessante como ele nos mostra a posição dos advogados que defenderão cada um dos casos – a ponto de haver um momento de surpresa que chega a ser cômico.

Embora alguns momentos soem um pouco forçados devido à forma como os diálogos ocorrem – mas nada que espante quem já viu qualquer série americana de tribunal – “O Insulto” é extremamente eficaz em nos fazer entender a posição de cada um dos personagens. Aliás, o diretor faz uma escolha interessante ao narrar a história do ponto de vista de um nacionalista (ainda que também soe bastante didático as cenas em que ele trabalha assistindo a discursos de um partido político).

Esperto em conseguir com que o espectador entenda todos os lados envolvidos na trama, seja do palestino injustiçado que apenas deseja trabalhar mas não tem sangue de barata, o libanês cristão que sente que seu país foi invadido (embora suas atitudes sejam as mais condenáveis), e a advogada que quer defender a qualquer custo um homem injustiçado, inicialmente porque deseja fazer o bem, mas que também apresentará outros interesses ao longo do filme.

Fica claro o quanto o caso jurídico toma proporções inimagináveis a ponto de sair do controle de seus próprios protagonistas, e começamos até mesmo a perceber o quanto ambos passam a desejar que tudo acabe logo – e a cena em que o carro de um deles deixa de funcionar é sintomática para mostrar o quanto é possível que haja a convivência pacífica entre todos os povos.

Ainda que não hesite em mostrar situações horríveis que podem ser decorrentes da intolerância e da violência cega, como a morte de um entregador de pizza, “O Insulto” é feliz ao terminar sua narrativa de forma realista, ainda que sutilmente esperançosa. No fundo, todos podemos conviver pacificamente quando exercemos a empatia.

  • Nota
4

Resumo

Embora alguns momentos soem um pouco forçados devido à forma como os diálogos ocorrem – mas nada que espante quem já viu qualquer série americana de tribunal – “O Insulto” é extremamente eficaz em nos fazer entender a posição de cada um dos personagens.

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