Crítica: The Post – A Guerra Secreta (2017)
The Post é um filme muito bom que fala sobre a maior utopia do jornalismo: ser imparcial e falar a verdade não importando o preço que custe.
Ficha técnica:
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Josh Singer, Elizabeth Hannah
Elenco: Meryl Streep, Tom Hanks, Sarah Paulson, Allison Brie, Bob Odenkirk
Lançamento: 25 de janeiro de 2018 (Brasil)
Nacionalidade: EUA
Com a mesma “pegada” de Spotlight, o filme The Post chega para falar de guerra e política nos Estados Unidos pela vertente do jornalismo. O vazamento de um estudo sobre a Guerra do Vietnã e seus efeitos coloca o Times em uma situação de saia justa e o The Washington Post tem a oportunidade de fazer algo sobre o tema.
Para quem não está familiarizado com termos jornalísticos, talvez alguns conceitos passem batidos, como “lide”*, “boneco”* ou “foca”*, porém toda a ideia de publicar algo importante e tentar ser imparcial é bem explicada e mastigada por Spielberg. A linha de direção do diretor é muito característica, pois em “Ponte de Espiões” vemos um cenário bem próximo: um drama político que é mostrado com situações que nos causam ansiedade e angústia.
Para sacar o The Post você precisa entender pelo menos um pouquinho de história e ter mais um cadinho de senso crítico: o que foi a Guerra do Vietnã? Quem era o presidente Nixon? Como a mídia pode influenciar uma população? Mais ainda, o diretor traz questões do nosso cotidiano e inclusive o feminismo está pautado no longa.
Basicamente, há a crítica sobre a utopia jornalística. Em teoria, teríamos (nós, jornalistas) de ser imparciais, e contar todos os lados da história sem dar uma opinião (ou seja, falaríamos da verdade apenas, sem julgamentos). O que acontece na prática é bem diferente: os donos de jornais e outros veículos têm seus posicionamentos políticos e vão agir tal qual os beneficiem de alguma forma. É meio que “se você quer ser jornalista de tal lugar, você precisa dançar conforme a música”. É triste, porém verdade.
Mesmo assim, a trama remonta a vontade de ser imparcial (o que confesso, dá um certo orgulhinho porque lá no fundo a missão de um jornalista é ajudar trazendo informações de qualidade).
Feminismo?
Outra questão forte é sim, o feminismo, mesmo que com um tom mais suave. Meryl Streep é Kat Graham, dona e editora do The Whashington Post, herdado de sua família. Ela tomou as rédeas quando seu esposo faleceu e desde então tenta formas de fazer conexões com pessoas influentes e que possam investir no negócio da família. Mas algo que acontece, desde sempre, é que mulheres no poder são vistas como “incompetentes”. Ela mostra sua fragilidade, seu medo, de uma forma impreterivelmente verdadeira.
Mesmo sendo um “feminismo branco”, em que a mulher branca nunca trabalhou na vida porque não precisava e se vê na situação de ter a oportunidade de o fazê-lo (diferentemente do feminismo negro, em que a mulher já trabalha desde criança e não tem possibilidade de mudar de cargo), o filme mostra que uma figura feminina pode sim (e deve) estar em posição de liderança de uma grande empresa. E isso é feito de maneira explendida pela personagem , (Sarah Paulsen) quando está conversando com seu marido e editor Ben Bradlee (Tom Hanks). Ela fala que é muito mais difícil para uma mulher tomar uma decisão importante na empresa do que se ela fosse um homem.
O fim é espetacular, principalmente para quem realmente pegou a vibe da história, Mas se você não entender, acredito que dar um Google e procurar mais sobre o assunto pode ser bem enriquecedor para filosofar sobre o filme. Sério, eu vibrei muito nessa hora! hehehe
Glossário:
Lide: parágrafo mais importante dentro do jornalismo, normalmente é o primeiro e responde às perguntas “quem, quando, como, onde, por quê e o quê”. Também é explicado como pirâmide invertida, em que a base mais larga está em cima, com as informações mais importantes.
Boneco: estrutura desenhada/idealizada do jornal ou revista para seguir de base para a digramação.
Foca: jornalista recém-formado, ainda inexperiente.
Resumo
The Post é um filme muito bom que fala sobre a maior utopia do jornalismo: ser imparcial e falar a verdade não importando o preço que custe.