Empoderamento feminino: 11 mulheres que arrasaram como protagonistas
No Oscar de 2015 a vencedora do prêmio de Atriz Coadjuvante daquele ano, Patrícia Arquette, fez um discurso com alto teor de empoderamento feminino e reivindicou mais espaço para as mulheres. Coincidência ou não, de lá pra cá tivemos vários longas protagonizados por elas. A girl power veio com força em 2015 e parece que se perpetuou em 2016 – tomara mesmo que seja um caminho sem volta.
Aqui no Cinem(ação) já passeamos pelo tema em alguns Podcasts. Ouça os nossos papos nos programas: #179 Representatividade e Protagonismo, #151 Cinema X Intolerância e no indicação #12 We can do it
Destacarei 11 filmes do último um ano (temporada 2015-2016) que trazem papel de destaque para as mulheres. Vale a ressalva, meio óbvia – porém pertinente, de que não é só por o filme dar voz a ala feminina da sociedade que ele é necessariamente uma boa obra. Falarei aqui de filmes de todas as qualidades. Vamos à lista (clicando no título vocês têm acesso à crítica completa):
Dirigido por Anna Muylaert, Que Horas Ela Volta? foi o indicado pelo Brasil para representar o país no Oscar. Injustamente, no meu entender, ficou de fora da lista final. Mas Val, Jéssica e até a vilã Bárbara ficaram nos nossos corações. Regina Casé, vencendo o preconceito de muitos (inclusive o meu), deu um show. A menos experiente Camila Márdila encantou a todos com frases como: “Não me acho melhor que ninguém, só não me acho pior” mostrando a desenvoltura da personagens de encarar todos de igual para igual, não importando classe, sexo ou idade.
Animação também vale? Com certeza… ainda mais aqui que temos três mulheres de destaque. A Riley que é a menina que vemos desde o nascimento até o começo da adolescência. Podemos defini-la como personagem-cenário já que entramos na cabeça dela e lá encontramos, dentre outros, a Alegria e a Tristeza. Estas duas são as principais emoções da trama e roubam a cena. Momentos inesquecíveis de descoberta e, claro, muita emoção. As três, Riley, Alegria e Tristeza, têm uma evolução incrível e são outras personagem ao final do filme… e a gente também ao aprender lições valiosas.
STAR WARS: O DESPERTAR DA FORÇA:
O mundo nerd sempre foi muito masculino e por vezes preconceituoso. Aos poucos isso tem mudado. Uma das maiores franquias nerds, Star Wars, colocou uma jovem como destaque. E que jovem… a Rey foi até criticada por alguns por ser tão poderosa. Fato é que a garota foi o exemplo mor de girl power no ano passado e mostrou que sabe se virar sozinha. Garra, inteligência, coragem e diversas outras qualidades fizeram dela uma personagem inesquecível. Daisy Ridley, quase uma estreante em longas, deu um show. Daisy/Rey: a força está contigo!
Drama real do casal Laurel Hester e Stacie Andree. Duas mulheres bem diferentes entre si e ambas mostrando força de jeitos distintos. Laurel (Julianne Moore) é policial e muito competente no que faz. Stacie (Ellen Page), ainda buscando o próprio espaço, tenta se firmar como mecânica – ambas as profissões dadas por muitos como “para homens”. O filme é muito bom exatamente quando se detém no relacionamento das duas, apresentação das personagens e transformações delas. Na parte final elas saem de cena e a coisa fica estereotipada, melodramática e a luta pelos direitos iguais é mostrada de forma maniqueísta e pouco problematizada. Os debates são rasos e de condução óbvia. Ainda assim, o filme ficará marcado pelo relacionamento dessas duas mulheres.
Hoje mulher votar é algo natural. Mas em um passado (recente) não foi assim. O recorte do longa se dá na luta das mulheres para conseguir exercer o direito ao voto no Reino Unido no início do século passado. Acompanhamos a entrada de Maud Watts (Carey Mulligan) na militância e os reflexos políticos e sociais naquele espaço-tempo. Novamente, como obra cinematográfica, o longa não é muito bom. Mas para fins de estudo e conhecimento histórico vale a pena. Frases como: “Se isso [brigar pelos nossos direitos] é contra a lei, então a lei é imoral” martelam na cabeça de quem assiste. Vale também o destaque para Helena Bonham Carter como Edith Ellyn, uma forte entusiasta do movimento e que está disposta às últimas consequências para atingir o objetivo maior.
Com 6 indicações ao Oscar (incluindo atriz e atriz coadjuvante), Carol foi uma das melhores coisas que vi este ano. A parte técnica deste filme é excelente, mas foco aqui é na transformação das personagens. Vemos uma tensão sexual ser construída de uma forma vigorosa e delicada. Alternância de forças entre as protagonistas e nítida evolução de cada uma delas. A ponto de ficar difícil definir qual das duas é a real protagonista. A luta contra o preconceito também aparece aqui. E não posso esquecer de dar muitos aplausos para Cate Blanchett e Rooney Mara ambas sensacionais nos respectivos papéis.
Michelle acorda em um local desconhecido com dois caras também desconhecidos. E segundo eles uma grande ameaça está devastando o mundo lá fora. O que ela faz? Cria coragem, pensa e age para tentar descobrir o que está acontecendo. Ela apresenta um vigor invejável e tem uma habilidade de deixar MacGyver no chinelo. A atriz Mary Elizabeth Winstead passa uma verdade em cada emoção da personagem que encanta e convence o público a sentir uma empatia muito grande por Michelle. Sem dúvidas Michelle é uma das mulheres mais sagazes deste ano.
https://www.youtube.com/watch?v=M5-feV2zeIE%20
A veteraníssima Charlotte Rampling mostrou muita habilidade em 45 anos. A indicação ao Oscar é muito justa e talvez até o prêmio poderia sê-lo também. Aparecendo quase 100% do tempo tem tela Kate Mercer tem que lidar com uma descoberta que pode abalar o casamento tão longevo. A presença da atriz/personagem mostra que não há idade para se mostrar firme e ao mesmo tempo se sensibilizar com as desventuras do dia a dia. O final, apoteótico, coroa essa brilhante personagem.
https://www.youtube.com/watch?v=Nck9thDEfK0%20
Uma das polêmicas do filme A Garota Dinamarquesa foi se a atuação de Eddie Redmayne foi genial ou caricata. O que ninguém discute é que Alicia Vikander foi espetacular no longa, vencendo o Oscar de Atriz Coadjuvante – o único porém é que de coadjuvante ela tinha pouco… Gerda Wegener teve que lidar com o marido se assumindo como mulher. Por mais que o amor continuasse, sem dúvidas que essa questão impactou no relacionamento. Além disso Gerda tinha os anseios dela como pintora. A vida profissional e pessoal estavam em metamorfose, sendo portanto a personagem mais complexa em A Garota Dinamarquesa. Sensibilidade e força são palavras que a definem.
https://www.youtube.com/watch?v=vjq2FgjpXow%20
Desde o filme anterior, a franquia Alice se mostrou muito melhor na animação do que nessas novas versões. Contudo, Alice continua sendo uma personagem forte, questionadora e que defende aquilo que acredita. Este segundo filme a pegada feminista fica ainda mais evidente. Mesmo a atriz Mia Wasikowska não desempenhando um bom papel, temos outra referência para as mulheres. Vale o comentário que, tal qual em As Sufragistas, Helena Bonham Carter também aparece aqui com destaque.
https://www.youtube.com/watch?v=8cHqI-m4l28%20
O Max é o personagem título de uma franquia que é sinônimo de testosterona. Provavelmente um dos filmes mais queridos de 2015 e levando nada menos que 6 estatuetas para casa. E qual a personagem mais comentada? A resposta: A Imperatriz Furiosa. Talvez ela não seja a protagonista de fato, mas é a protagonista moral. Roubar um mega caminhão tunado, lutando contra a tirania do Immortan Joe, para salvar outras mulheres de serem escravizadas diz um pouco sobre essa mulher. Charlize Theron poderia ter sido lembrada no Oscar, mas nunca será esquecida nos nossos corações…
Gostaram da lista? Viram todos os longas? Que outros filmes de 2015-2016 poderiam estar presentes? Deixem aí nos comentários.
Agradeço à Iole Melo pela sugestão de título. 😀