Eu Cinéfilo #11 – Eu me chamo… Ostra
É leviano e ‘herégico’ nos resumirmos a um número, a um canudo e a um currículo vitae (vintage?).
Eu quero…
Ser Getúlio Vargas.
Enrolar-me no próprio latim.
Engasgar com o próprio discurso.
E morrer com a própria bala.
Na verdade sou uma ostra. Uma ostra triste.
E essa minha verdade, que estava com ele, foi revelada. E ele se revelou pra mim, como uma fotografia.
O revelador, o revelado, Rubem Alves.
A maneira como nós encontramos com um livro é subjetivamente enigmática. O que independe se o livro é fruto de uma coceira gostosa ou de uma paralisia generalizada.
Passamos por ele com soberbia. O desdém prevalece. Os olhos se divergem…
Certo dia, o que não vimos ali, passamos a enxergar na margem oposta do rio. E o encontro pode acontecer de trás pra frente.
O traseiro nos seduz. As longínquas costas de mais ou menos quinze linhas instiga. O samba é atraente, que te leva a entrar pela porta principal…
O título é: ‘Ostra feliz não faz pérola’.
Seria uma parábola gigante, uma manual acadêmico de biologia, uma cartilha barata de auto-ajuda…?
– Um filme.
Foi o que me veio. Um belo roteiro cinematográfico.
A forma como o banal traduz o essencial é nostalgicamente poética.
As banalidades das fotos compõem um lindo filme da alma humana. Revela nosso suculento, e opulento recheio.
O filme é dividido em três atos, como uma peça. Esquartejadas em fotografias velozes, não lineares, cada uma com a sua própria coceira.
A infância, as lembranças, todos os pensamentos e anseios, submersos na mesma água, desaguando no mesmo mar.
O cinema é espera. É ver os búzios na areia e esperar a maré levar.
Às vezes a água da literatura mata a sede do cinema. E a escassez de um elixir sincero nos faz ver uma miragem, no deserto de bons filmes.
Cheguei à conclusão de que esse livro é um filme onde a imagem é resultado instantâneo da leitura, do mergulho.
Vamos fazer um tratado. Eu, como ostra (não do ato de comer, detesto-as!), compartilharei com vocês textos de filmes que de alguma forma nos fazem coçar. E vocês abrirão as ostras, devorarão seu recheio e depois irão me dizer ela era triste ou feliz.
Certo?
Primeiro “Eles”, depois a ostra, e por último… A felicidade.
Texto escrito por:
Felipe Ferreira
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