Crítica: Objetos de Luz – 46ª Mostra de São Paulo
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Crítica: Objetos de Luz – 46ª Mostra de São Paulo

Objetos de Luz – Ficha técnica:
Direção: Acácio de Almeida, Marie Carré
Roteiro: Marie Carré, Acácio de Almeida, Regina Guimarães
Nacionalidade e Lançamento: Portugal, 2022 (46ª Mostra de São Paulo)
Sinopse: A evocação da luz no cinema leva a Personagem do Homem da Luz a refletir sobre ela, sua essência e as suas múltiplas manifestações numa revisitação a espaços geográficos e de memórias.

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O grande diretor de fotografia português Acácio de Almeida se une à atriz Marie Carré neste documentário que busca refletir sobre o trabalho do artista. O documentário é como uma sequência de reflexões sobre o cinema, a luz e as relações de tempo e espaço dos filmes – com a presença de atores e sem a presença do realizador na tela.

Acácio de Almeida fotografou 150 filmes e se tornou um dos grandes nomes do Cinema Novo português, movimento vanguardista que conseguiu destaque mesmo sob a ditadura de Salazar, e que se assemelha ao Cinema Novo brasileiro. No entanto, “Objetos de Luz” é um filme também sobre o cinema como um todo.

A sétima arte é homenageada a partir da ideia da luz como fundamental. Acácio reflete sobre a luz que passa pelo projetor, que ilumina os atores e que evoca a vida – ainda que tenha sido o homem a criar a “luz que mata”, em referência às armas de destruição em massa.

Se “Objetos de Luz” chega a citar questões filosóficas, é porque ele embarca nessas reflexões. É bonito quando Acácio reflete sobre o fato de que as filmagens são retratos de um tempo e espaço que nunca voltam. Ele mesmo volta aos locais de gravação dos filmes marcantes de sua jornada, e vê como os lugares mudaram: a luz que incidiu sobre o momento filmado nunca mais será a mesma. A assinatura conjunta de sua esposa Marie Carré tem representação no romance representado por atores jovens.

Revisitando elementos do cinema português, o documentário funciona como homenagem e reflexão, ainda que não vá além dos pensamentos básicos. Sem nem mesmo transparecer a intenção de ser uma obra complexa, “Objetos de Luz” parece se satisfazer na simplicidade. “As coisas interligam-se na sua simplicidade”, diz o filme em certo momento. Mas a singeleza em excesso pode ser avessa à emoção.

  • Nota
3

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