Crítica: Modo Avião (2020) - Original Netflix - Cinem(ação)
Modo Avião
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Crítica: Modo Avião (2020) – Original Netflix

Modo Avião estreou na Netflix agora em janeiro de 2020 e pode ser uma boa opção para o público teen, principalmente os fãs da Larissa Manoela. Ou seja, o longa sabe qual é o público-alvo e sabe como satisfazê-lo. Para muitos, isso basta. Contudo, na análise cinematográfica (nosso foco aqui), ele deixa bastante a desejar.

Confira a nossa crítica dos outros originais Netflix lançados este ano:
Todas as Sardas do Mundo
Viver Duas Vezes
O Limite da Traição

Acompanhamos Ana (Larissa Manoela) uma jovem influenciadora digital com milhões de seguidores. Ela até gostaria de ser estilista, mas abanadona esse lado para servir a uma agência que controla cada passo dela e a expõe na redes sociais, onde tem uma repercussão enorme. E tudo é montado: do acordar aos relacionamentos, criando um mundo fútil e artificial, como é comum hoje em dia. Modo Avião dá umas exageradas, mas condizentes com a proposta de crítica.

Digo crítica, pois o filme quebra este mundo de Ana ao, após dois eventos, colocá-la em uma situação inusitada: ter que passar um tempo no interior, sem celular, com o Avô Germano (Erasmo Carlos). O movimento é óbvio e rende piadas igualmente batidas de conflitos culturais/geracionais.

E mais do que um caminho raso, as transições de Modo Avião são muito atropeladas. Não, não me refiro à poluição visual e caos do primeiro ato, onde a nossa tela é recheada de referências às mensagens e dada a quantidade fica difícil ler tudo – isso é uma justa tentativa de emular a linguagem da internet. Mas sim, sobre como os conflitos surgem e se resolvem, a montagem peca em vários momentos.

Aliás, os 4 pilares de um filme: direção, roteiro, montagem e atuação têm sérios problemas aqui. E os motivos estão interligados. Por exemplo, quase todas as falas parecem repetidas pelos atores sem muita expressão ou com uma expressão forçada. Isso acontece por uma falta de viço/orientação do diretor César Rodrigues, do texto raso dos roteiristas e talvez do material original e, claro, da falta de empenho dos atores. A montagem ágil tenta esconder essas falhas, mas acaba dando até mais holofotes.

Todos os personagens são monotônicos, não tendo grandes mudanças. Até o arco da protagonista é dentro de um espectro muito confortável e previsível. Vale dizer que há uma reviravolta que não previ e até justifica um “erro” do filme, contudo não é suficiente para salvar o todo já que o início propõe um conflito raso, o desenvolvimento é quase nulo e a conclusão previsível.

A parte da trilha sonora e figurino está boa, a primeira traz uma boa energia e sai do óbvio em alguns momentos. O segundo é tematicamente relevante e também vale nota.

Modo Avião é bem padrão, clichê e tenta ter algum frescor (já não tão fresco) ao apostar na linguagem da internet. Parece mais um filme que atingirá o público com base em modismo e no famoso algoritmo da Netflix, ironicamente, um pouco do que o próprio filme critica.

  • Nota Geral
1.5

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