Crítica: O Limite da Traição (2020) - Original Netflix
O Limite da Traição
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Crítica: O Limite da Traição (2020) – Original Netflix

O Limite da Traição é o terceiro original Netflix do ano. Os dois anteriores não foram satisfatórios, Todas as Sardas do Mundo e Viver Duas Vezes, mas tinham alguma coisa destacável. Já O Limite da Traição é uma sucessão de erros inacreditáveis.

Vamos começar com um fator externo ao filme: o título. A Fall from Grace é o original e tivemos essa transformação para o Brasil. Dando uma carinha de Super Cine e olha, eu não imaginaria que esse palpite estaria tão certo…

O longa trata da jovem e insegura advogada Jasmine (Bresha Webb) escalada para um caso de assassinato, onde a ré Grace (Crystal Fox) assumiu a culpa de matar o marido e deverá assinar um acordo com a promotoria. Contudo, talvez nem tudo seja o que parece (frase tão clichê quanto o filme). Não vou entrar em mais detalhes para não estragar a experiência – se bem que O Limite da Traição já se encarrega disso por si só…

Temos um típico filme de investigação/advocacia. Onde novos fatos vão surgindo, certas hierarquias e disputas vão sendo postas. Contudo, esses elementos soam artificiais, muito por conta da condução ao redor deles.

A montagem é desequilibrada não sabendo dosar os flashbacks e a história “atual” e dentro de cada linha temporal há falhas nesse aspecto – tem momentos que são só colagens, outros acabam de forma abrupta. A direção dos figurantes é amadora. Não é difícil reparar em alguns deles olhando para a câmera (vide a terrível cena no restaurante). Tyler Perry dirige e escreve, ele vem forte no Framboesa 2020 indicado em pior filme e pior ator e várias outras categorias com o Um Funeral em Família.

E nesse tipo de filme, que aposta no mistério, saber lidar com as informações é algo importante. Para que não soe como deus ex-machina surgindo algo do nada e tampouco que o público mate a charada logo de cara. Pasmem: O Limite da Traição consegue ambos os problemas. Não é difícil matar o que acontece e o que não matamos é porque simplesmente o roteiro resolve jogar ali…

Os atores, alguns bem conhecidos, parecem que estão no primeiro trabalho. O ar de telefilme de quinta (ou sábado, se pensarmos em um Super Cine) também não ajuda. Tudo é extremamente marcado e nada sutil. O papel do chefe da Jasmine ou o jeito como Grace lida com as coisas são totalmente inexplicáveis no mundo real e até na lógica interna do filme.

Estou quase escrevendo o texto com spoilers pois o filme de O Limite da Traição beira a comédia (vale dizer que esse é um viés forte, não necessariamente bom, em Perry). Sabe aqueles absurdos que às vezes soam até absurdos em produções cômicas? Pois é eles estão presentes aqui e definitivamente não era a ideia inicial.

O longa já vem forte como um dos candidatos a piores originais Netflix do ano, mas vou com calma, pois geralmente a competição é dura….

  • Nota Geral
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