PRATO NACIONAL: MACU, AS MANEIRAS DO FUTURO - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Cinema Nacional

PRATO NACIONAL: MACU, AS MANEIRAS DO FUTURO

Neste mês a fornada foi tão boa, que o Prato Nacional saiu mais cedo!! Sim!! O Chef acertou tão bem a mão, que o tema fluiu rapidamente trazendo novos sabores para a sua mesa!!

A culinária assim como cinema, é uma alquimia feita para todos, mas que poucos de fato dominam. Hoje trazemos receitas peculiares, que mistura um pouco da exatidão e loucura da CIÊNCIA, com o misticismo e as possibilidades da FANTASIA.

Seja bem-vindo ao nosso humilde estabelecimento e aproveite para provar todos os nosso pratos!! Eis aqui o cardápio com a temática dos pratos anteriores:

Sabor do Horror

Gostinho de Aprisionamento

Tempero Paulistano

Corte Criminal

Preferência dos Pais

Delícias do Brasil

Fome de Futebol

Variedade Fotográfica

Mensagem no Menu

ENTRADA

Uma receita bem regional, deveras Tupiniquim. Sabor este que venceu décadas de preconceito e quilômetros culturais. Prepare o estômago, vem algo bem peculiar e inesquecível!!

NA BEIRA DO FOGÃO TEMOS:

    Joaquim Pedro de Andrade, e a sua intensidade irônica.

INGREDIENTES:

Carioca nascido na década de 30;

Cineasta, acadêmico, escritor, ator, diretor, produtor e roteirista;

Filho do fundador do Instituo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional;

Frequentava o Cineclube do CEC e estudava física e cinema mudo;

Ajudou na restauração da obra Os Passos da Paixão de Aleijadinho;

Fez diversos curtas-metragens e ganhou uma bolsa de estudos na França;

Explodiu no cinema logo em seu longa de estreia, onde dirigiu o documentário Garrincha, Alegria do Povo;

Em 2000 – anos depois de sua morte – ganhou uma seção especial dentro do Festival Internacional de Cinema de Veneza, com toda a sua filmografia.

MODO DE PREPARO:

Pegue uma das obras mais importantes do modernismo brasileiro;

Não apenas pense como o próprio Mário de Andrade, mas proponha;

Use o tempo e o espaço de forma arbitrária em sua bandeja;

Traga o Grande Otelo, para fazer o herói sem nenhum caráter e recheie a massa;

Em seu conteúdo use e abuse de provérbios e superstições, sempre de uma forma cínica e bem humorada;

Deixe-o ganhar forma indígena, dando força para o sabor brasileiro;

Sirva com grandes nomes, como Dina Sfat, Paulo José, Milton Gonçalves, Rodolfo Arena, Joana Fomm e Hugo Carnava.

POR QUE VALE PROVAR??

Porque foi a primeira obra após Joaquim ser solto pela ditadura;

É um banho de cachoeira, onde combina a bela natureza folclórica que possuímos junto a sua narrativa gelada e cheia de crítica;

Porque é uma obra rapsódia;

Um retrato satírico do nosso próprio povo;

É engraçado e funcional, até mesmo para os mais humildes de informação e intelecto;

Um elenco maravilhoso e cheio de carisma;

Tem força em suas passagens e camadas em suas piadas;

O seu diretor é reconhecido e lembrado até hoje por esta grande obra.

SABORES:

Cultural. Humorado. Pensado. Uma obra que até hoje ecoa com força.

PRATO PRINCIPAL

Agora precisamos de algumas calculadoras cientificas, diversos ingredientes estrangeiros e televisivos, e claro, um forno que possa viajar no tempo. Vamos preparar agora, algo que se você errar um detalhe, pode amargurar todo o prato. Porém, podemos voltar e repetir a receita até ficar perfeito!!

NA BEIRA DO FOGÃO TEMOS:

    Cláudio Torres, e o seu jeito único de criar romances.

INGREDIENTES:

A maioria forte, como:

Diretor, produtor e publicitário carioca;

Filho de um dos maiores casais do cinema nacional. O grande diretor Fernando Torres e a maior das atrizes, Fernanda Montenegro;

Irmão da também atriz, roteirista e diretora, Fernanda Torres;

Foi casado com a carismática atriz Maria Luíza Mendonça;

É um dos sócios da Conspiração Filmes;

Lançou cinco longas como Redentor e A Mulher Invisível;

Dirigiu e roteirizou um dos grandes sucessos na HBO, Magnífica 70.

MODO DE PREPARO:

Essa massa é interessante, mas muito sustentada por seu elenco;

Tente arrumar um pessoal como Aline Moraes, Gabriel Braga Nunes e Fernando Ceylão. Pode até mesmo dar um pinguinho de Gregório Duvivier;

Se já provou De Volta para o Futuro, adicione alguns elementos ala J.J. Abrams e bata até ficar com um tom brasileiro;

Espalhe por toda a sua extensão, uma comédia fácil e gostosa;

O recheio deve ser exclusivamente com Wagner Moura em um personagem muito bacana;

Deixe no forno por 20 anos;

Saboreie um digno prato de gênero 100% nacional.

POR QUE VALE PROVAR??

Todo o elenco está muito bem, entregando uma grande experiência;

É algo único para nós, uma temática dessas não se vê nunca por aqui;

Wagner Moura – como sempre – destruindo;

Existe uma sequência musical que é maravilhosa!! Não só pela música escolhida em si, mas como também todo o contexto e formato;

Uma forma interessante de adicionar um filme de gênero a nossa filmografia;

Mais interessante ainda, a escolha do casting para chamar um público novo para o cinema;

Garante risadas gostosas e até inocentes, por todos os seus 102 minutos de filme;

SABORES:

Divertido. Atemporal. Diferente. Um respiro de esperança para quem quer muito que o cinema nacional tome outros rumos.

SOBREMESA

Para fechar, hoje vamos trazer algo atípico e muito interessante. Para quem gosta de plots diferenciados em sua mesa, aqui você vai poder experimentar algo que ganhou os olhos e estômagos de muita gente por aí!!

NA BEIRA DO FOGÃO TEMOS:

   Juliana Rojas e Marco Dutra, uma dupla para se acompanhar de perto.

INGREDIENTES:

Paulistas da década de 80;

Eles se formaram na Escola de Comunicação e Artes da Usp;

Se conheceram por lá e começaram uma parceria que perdura até hoje;

Logo no primeiro curta-metragem da dupla, já participaram da Mostra Cinéfondation do Festival de Cannes;

Fizeram juntos o seu primeiro longa, o reconhecido Trabalhar Cansa;

Rojas ainda fez a montagem do documentário Pulsações e o Sintonia da Necrópole;

Dutra roteirizou Meu País e Quando Eu Era Vivo, e dirigiu O Silêncio do Céu.

MODO DE PREPARO:

Separe peças que sempre experimentou fora do país, para que possamos começar o prato;

Defina uma temática e não tenha medo de produzi-lo;

Crie um horror e pese no mal-estar;

Use artifícios locais;

Explore a trama com realidade, mas sempre sem tirar o pé do sobrenatural;

Experimente. Não é porque está na beira do fogão, que não pode experimentar;

Traga situações convencionais, explore tudo com um pouco de religiosidade, paixão, fanatismo e até mesmo sexualidade;

Adicione Isabél Zuaa e Marjorie Estiano sem dó nem piedade;

Bata, mas bata com vontade.

POR QUE VALE PROVAR??

Um filme que extrapola qualquer expectativa;

Atuações primorosas que ganham qualquer cinéfilo;

Um ambiente e uma atmosfera nada convencional para os nossos padrões;

Coragem em cada escolha;

Artístico sem deixar o tradicional;

Arquétipos conhecidos em formatos distintos;

Tem proposta e mensagem;

Reconhecido e premiado.

SABORES:

Visual. Recente. Artesanal. Quatro mãos que rabiscaram algo muito bacana – que mesmo agradando apenas um nicho – deveria ser provado por todos.

Estou aqui para derrubar o preconceito usando armas verdes e amarelas. Logo, os filmes aqui não terão uma crítica minha e sim a receita! Expondo pontos do tempero, modo de preparo e porque vale a pena provar. E assim como a nossa culinária, cultura e costumes, se encontra um pouquinho de cada parte do planeta em uma mistura cheia de ginga, criatividade e esforço, basicamente o DNA do nosso povo.

A crítica fica por conta de vocês! Convido cada um dos leitores deste artigo para que assista a lista (e se já provou o sabor), venha aqui expor a sua opinião nos comentários!

DELICIE-SE!!!!

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