PRATO NACIONAL: LA VINGANSAMENTO
Convidamos vocês para experimentarem os sabores fílmicos de nosso país, neste episódio vamos trazer uma das obsessões tupiniquins, o FUTEBOL! Aproveitando a brecha que a final da Copa América criou.
Não poderia deixar passar nem mais um mês sem falar deste esporte tão presente em nosso dia a dia, porque até quem não gosta ou acompanha, fica sabendo dos resultados por tanto ouvir piadas por aí, ofensas entre vizinhos, fogos ou por ser obrigado a mudar o trajeto casa/trabalho por causa de jogo.
Sente-se, relaxe que hoje só tem coisa leve e gostosa.
Caso procure por algo mais pesado, eis o nosso MENU com a temática dos pratos anteriores:
ENTRADA
Nossa mesa hoje estará farta de futebol e boas risadas, mas vamos começar com um hilariante e saboroso lanche de porta de estádio!
NA BEIRA DO FOGÃO TEMOS:
Milton Amaral, o grande parceiro de Mazzaropi.
INGREDIENTES:
Estamos falando de temperos como:
Paulistano de 34 que se tornou ator, roteirista e diretor.
Passou a vida topando as brisas do nosso amado Amácio Mazzaropi e vice-versa.
Já proporcionou inúmeras trilhas sonoras em seus longas, trabalhando com grandes nomes da época como: Antonio Carlos Jobim, Dolores Duran, Vicente Paiva, J. Redondo, Elpídio dos Santos, Anacleto Rosa, Fred Jorge, Mário Genari Filho, Lana Bittencourt e Agnaldo Rayol.
Seu maior sucesso é um clássico verde e amarelo, roteirizou e dirigiu o famoso JECA TATU de Monteiro Lobato.
Foi casado com Marlene França, a vencedora de melhor atriz do prêmio Governador do Estado pelo seu papel em A NOITE DO DESEJO.
MODO DE PREPARO:
Na massa do pãozinho, adicione obsessão futebolística. Coloque para assar em uma temperatura agradável, onde piadas sobre rivalidade possam crescer sem machucar.
Assim que pronto, corte os no meio e lambuze do carisma diferenciado do protagonista Mazzaropi.
Tempere a carne com sabor de torcedor, de identificação. Como é um filme alvinegro, não deixe de salpicar a energia da maior, mais doente e fiel torcida nacional.
Adicione uma cena da torcedora símbolo do time: Elisa Alves do Nascimento.
Com piadas que todo admirador do esporte irá entender e cair na gargalhada, corte tiras da carne de forma vertical.
Preencha o pão com cenas verdadeiras de jogos no Pacaembu da época, cite e mostre jogadores como Dino Sani e Rivellino.
Neste momento já deve estar se matando de vontade de tacar-lhe os dentes no sanduba, mas antes disso sinta o cheirinho dos misticismos que o futebol nacional cria, cheio de promessas e religiosidade.
Na hora que morder, saboreie tudo, desde a dificuldade que um torcedor passa em casa para ter o dinheiro do ingresso, as provocações e a paixão pela pelota.
POR QUE VALE PROVAR??
Acho que começarei todos os pratos assim, mas se você gosta mesmo de futebol, vai rachar de rir.
Leve e despretensioso, ótimo investimento de tempo.
Completamente divertido, tem bons bordões e situações.
Remete o humor dos nossos avós, algo mais simplório, virtuoso e algumas vezes fora da atual curva.
Tem charme e vitalidade.
Uma viagem no tempo. Um grande retrato da época.
Transborda jeitinho brasileiro em cada cena.
E bom… quem nunca discutiu com o rádio?
SABORES:
Inocente. Engraçado. Puro. É uma maravilhosa comédia atemporal.
PRATO PRINCIPAL
O lanche da porta do estádio não vai te sustentar por todo o dia. Hora de um bom churrasco, mas nada de gato. A receita aqui é coisa fina sem perder o ar de final.
NA BEIRA DO FOGÃO TEMOS:
Bruno Barreto, da família que chegou mais perto de nos conquistar um Oscar.
INGREDIENTES:
A maioria forte, como:
Filho de Lucy e Luiz Carlos Barreto, donos da Produtora LCD Barreto Filmes, responsável por grandes longas como VIDAS SECAS, ASSALTO AO TREM PAGADOR e TERRA EM TRANSE.
Irmão do Diretor Fábio Barreto cujo filme O QUARTILHO rendeu uma indicação ao Oscar.
Foi casado com a atriz Amy Irving, duas vezes indicada ao Globo de Ouro e ex-mulher de Steven Spieblerg.
Ficou nacionalmente conhecido pelo sucesso DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS, recorde de bilheteria por décadas.
E é mundialmente conhecido por O QUE É ISSO, COMPANHEIRO? quando concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro dois anos depois do seu irmão.
MODO DE PREPARO:
Separe fanatismo e corte em generosas fatias de rivalidade.
Salgue com um puta elenco competente.
Tempere individualmente com personagens pra lá de carismáticos.
Na grelha, coloque situações absurdas e deixe aflorar interessantes questionamentos.
Após alguns minutos, o longa estará selado com uma adaptação shakespeariana no cenário futebolístico paulistano.
POR QUE VALE PROVAR??
Terei que me repetir, mas se você gosta mesmo de futebol, vai rachar de rir.
Porque é incrivelmente engraçado ver a ambientação de uma obra tão conhecida com tamanho humor e genialidade.
É uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro e mundial. Com tantas tragédias e conflitos entre ambas as torcidas, é tão bom gargalhar um pouco com este antagonismo.
É aquele tipo de comédia romântica que nenhum dos lados do casal irá torcer o nariz em assistir.
Temos Marco Ricca e Luis Gustavo em grandes personagens, Luana Piovani em uma de suas melhores atuações, Mel Lisboa começando e Berta Zemel completamente ímpar.
Um diretor que vem de família campeã, onde gostam de estudar e propor formas diferentes de rodar um argumento.
Aborda boas discussões que vão muito além da paixão pelas quatro linhas.
E bom… quem nunca se encontrou em uma situação desagradável por futebol?
SABORES:
Fanático. Hilário. Pessoal. Um longa que conversa com quem é fã de tantas formas, pois discute, debate, bate e apanha. Engenhosa transposição.
SOBREMESA
Hora de tomar algo bem gelado para comemorar o pós-jogo! Que tal algo dourado e espumante?! Lá vai uma caneca das grandes t.r.i.n.c.a.n.d.o!
NA BEIRA DO FOGÃO TEMOS:
Fernando Fraiha, assíduo guerreiro do humor.
INGREDIENTES:
Paulistano é diretor, roteirista e produtor.
Estudou administração e arquitetura até aos 24 anos onde mergulhou no Cinema.
Após diversos curtas, LA VINGANÇA é o seu primeiro longa como diretor.
É um dos sócios fundadores da Biônica Filmes que realizou obras como a segunda maior bilheteria de 2014 OS HOMENS SÃO DE MARTE… E É PRA LÁ QUE EU VOU!
Foi um dos produtores do TURMA DA MÔNICA: LAÇOS, REZA A LENDA e da série PSI da HBO que foi indicada no EMMY.
Integrante da TV QUASE, colaborou no roteiro do filme UMA QUASE DUPLA além de dirigir também roteiriza a amada série CHOQUE DE CULTURA.
MODO DE PREPARO:
Aquecimento e adição da maior rivalidade mundial. Brasil e Argentina!
Na segunda etapa a clarificação será feita com um roteiro que pede por descrença, mas que ainda assim diverte demais.
Aos poucos vem a ebulição do grande elenco, que vai do sempre cativante Daniel Furlan até a impecável Leandra Leal.
O líquido irá oxigenar com a composição de questionamentos amorosos e da vida adulta.
A fermentação não poderia ser diferente, será na base da vingança!
Para maturar, contaremos com o cenário de nossos hermanos, muito humor e rixas.
POR QUE VALE PROVAR??
Por mais que aparentemente seja o filme da lista com menos componentes futebolísticos, este filme é para quem gosta de futebol SIM!
Filme feito em parceria com os caras, é uma produção Brasil-Argentina zoando exatamente essa intriga.
Para quem jura de pé junto que este antagonismo tem alguma coisa a ver com Cisplatina, Itaipu, Tordesilhas, Sacramento ou o Uruguai, está muito enganado. Quem sabe o que aconteceu em campo não oficialmente em 1908 e oficialmente em 1914, sabe que é tudo por causa de futebol e a loucura de seus torcedores de ambos os lados!
A obra tem uma cara peculiar dos nossos amigos do CHOQUE DE CULTURA, não só pelo Furlan ou Fraiha, mas em suas piadas.
Para os mais chatos, tem um jeitinho de filme gringo (e em partes, de fato é um).
Tem tudo a ver com a recente Copa América.
Bilíngue.
E bom… quem nunca quis se vingar após ganhar um par de chifres?
SABORES:
Rancoroso. Engraçaralho. Espirituoso. Daqueles formatos norte-americanos que adoramos bater palmas no sofá, adaptado para o visceral humor latino.
Estou aqui para derrubar o preconceito usando armas verdes e amarelas. Logo, os filmes aqui não terão uma crítica minha e sim a receita! Expondo pontos do tempero, modo de preparo e porque vale a pena provar. E assim como a nossa culinária, cultura e costumes, se encontra um pouquinho de cada parte do planeta em uma mistura cheia de ginga, criatividade e esforço, basicamente o DNA do nosso povo.
A crítica fica por conta de vocês! Convido cada um dos leitores deste artigo para que assista a lista (e se já provou o sabor), venha aqui expor a sua opinião nos comentários!