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Cinema e algo mais

Tudo tem seu tempo

Recentemente eu assisti a um documentário chamado “Minimalism”, uma produção Netflix que teve lançamento há mais ou menos dois anos. Lembro de querer assisti-lo, mas nunca tive a oportunidade. Eis que decidi assistir.

E percebi que eu provavelmente não o teria absorvido da mesma maneira que o fiz desta vez. A produção, que questiona a forma como as pessoas se relacionam com o consumismo e mostra exemplos de quem vive com menos, me fez repensar alguns fatores da minha vida, mas ao mesmo tempo me fez questionar algumas questões nele apresentadas.

Tivesse visto antes, eu certamente teria pensado em coisas diferentes. Eu tinha menos maturidade.

E tudo isso me fez pensar sobre o quanto é importante entender que tudo tem seu tempo. Na ânsia de tanto querer assistir, testemunhar e acompanhar, acabamos consumindo menos e assistindo a muito menos do que aquilo que gostaríamos. Também lemos muito menos do que os livros que nos são oferecidos, ainda que seja válido o esforço de querer testemunhar cada vez mais da infinita oferta de conteúdo a que temos acesso nesta pós-modernidade.

Mesmo assim, gosto de acreditar que tudo tem seu tempo. Nem sempre podemos ver os filmes que queremos no tempo que queremos. O lado positivo disso é que, quando tivermos a oportunidade de vê-los, estaremos mais maduros. E com a maturidade que só o tempo nos traz, podemos aproveitar melhor o conteúdo, os signos e símbolos presentes em cada frame. Ao mesmo tempo, estes filmes acabam tendo também a função de nos dar mais maturidade.

Lembro-me de quando vi “A Invenção de Hugo Cabret”, de Scorsese, no cinema. Algo me fez com que eu não aproveitasse o longa da melhor forma que eu poderia. Talvez fosse a maturidade. Hoje, é um dos meus filmes preferidos – e ainda o considero extremamente subestimado. Foi a maturidade que me fez enxergar a beleza da trama que homenageia o próprio cinema. No entanto, é possível que minha primeira experiência com esta obra de Martin Scorsese tenha sido preponderante para engrandecer o filme no segundo contato, como se a ativação de uma memória fosse capaz de aumentar minhas percepções.

Ainda assim, tudo tem seu tempo. Sem essa sequência de acontecimentos, minhas percepções seriam diferentes. Portanto, hoje acredito que temos as percepções que temos e sentimos o que sentimos devido à nossa história. E como não temos controle total sobre nossa vivência, precisamos compreendê-la e aceitá-la como algo indissociável da nossa experiência com a arte e o cinema. Afinal de contas, tudo tem seu tempo.

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