Oscar de Efeitos Visuais

Os efeitos visuais – antes chamados de efeitos especiais – no cinema é tão antigo quanto o próprio cinema. No início do século 20, o cineasta e ilusionista George Méliès já inovava em seus filmes, utilizando truques que serviriam de base para artistas posteriores criarem seus efeitos especiais. O cinema descobria ali como alterar a realidade, e não apenas mostrar elementos filmados tais quais eles eram. Personagens se multiplicando, cabeças crescendo, foguete indo à lua, estes eram alguns dos efeitos vistos nas obras de Méliès.

Claro que não tem nem como comparar os efeitos visuais modernos com os dos filmes clássicos. Se tem uma coisa nos filmes que melhora com o tempo são os efeitos visuais. Nossos olhos se acostumaram tanto com efeitos de última geração, que é capaz de um filme feito há apenas 10, 15 anos ficar “datado” e perder parte de seu brilho em se tratando de efeitos visuais.

Hoje, os efeitos visuais chegaram a um nível impressionante, onde se cria de tudo: animais, robôs, dinossauros, alienígenas, planetas, super-heróis, catástrofes da natureza, cidades, florestas e até seres humanos. Não há mais limites para os gênios dos efeitos visuais no cinema. Uma evolução técnica fantástica.

Captura de movimento e uso de chroma key são alguns dos elementos mais utilizados atualmente por técnicos de efeitos visuais. Empresas de ponta como a Industrial & Light (fundada por George Lucas), Digital Domain (fundada por James Cameron), Weta Digital (fundada por Peter Jackson), Double Negative e Framestore são responsáveis por alguns dos maiores efeitos visuais do cinema moderno.

E sobre a questão “Qual a diferença entre efeitos visuais e efeitos especiais?” Para alguns, efeitos visuais são efeitos computadorizados, enquanto efeitos especiais são efeitos práticos; para outros, tudo não passa de uma mudança de nome, como aconteceu por exemplo com “efeitos sonoros” que posteriormente passou a se chamar edição de som. Nos dias de hoje, é difícil achar no cinema hollywoodiano um filme que não utilize pelo menos um pouco de computação gráfica em seus efeitos visuais. Até filmes como “Mad Max – Estrada da Fúria” – que algumas pessoas erroneamente acham que utilizaram poucos efeitos de computação gráfica – tem muitas sequências onde se utilizam efeitos computadorizados de última geração. Até alguns filmes de drama e comédia utilizam efeitos em CGI e você nem percebe.

Vamos lembrar um pouco a trajetória dos efeitos visuais no Oscar, com seus vencedores, quem mereceu e quem não mereceu este que é um dos prêmios técnicos mais cobiçados em Hollywood. Tecnicamente falando, o primeiro vencedor do Oscar de melhor filme foi também o primeiro vencedor do Oscar de efeitos visuais. “Asas” é um filme realizado em 1927 pelo diretor William A. Wellman. A obra mostra sequências perigosas de aviões sendo atacados no ar. As cenas realmente impressionam, passados mais de 90 anos de sua realização. O nome do prêmio era Melhor Engenharia de Efeitos.

Infelizmente, a Academia deixou de lado por 10 anos a categoria de efeitos visuais, e assim, filmes revolucionários como “King Kong” (1933) deixaram de ser premiados. “Lobos do Norte” (1938) recebeu um prêmio pela “fotografia, efeitos especiais e efeitos de som”. O filme, estrelado por Henry Fonda e George Raft, tem algumas sequências muito bem feitas de desmoronamento de geleiras.

Oficialmente, o Oscar de efeitos especiais/visuais surgiu em 1940, quando o filme “E as Chuvas Chegaram” (1939) venceu obras como “E o Vento Levou” e “O Mágico de Oz”. O filme conta com um casal ilustre de atores (Tyrone Power e Myrna Loy) e cenas de catástrofes naturais que impressionam até hoje.

Abaixo, a relação de todos os filmes vencedores do Oscar de efeitos visuais, com um breve comentário.

 “O Ladrão de Bagdá” (1940) – Boa aventura com cenários fantásticos e efeitos competentes.

“Revoada das Águias” (1941) – Um filme com boas sequências aéreas e elenco famoso.

“Vendaval de Paixões” (1942) – Um ataque de um polvo é a maior atração técnica deste filme dirigido por Cecil B. DeMille.

“Mergulho no Inferno” (1943) – Cenas muito bem feitas de ataques de submarinos.

“30 Segundos Sobre Tóquio” (1944) – Este filme tem apenas uma sequência memorável de efeitos visuais.

“Um Rapaz do Outro Mundo” (1945) – Primeira comédia agraciada com o prêmio de efeitos visuais.

“Uma Mulher do Outro Mundo” (1946) – Divertido filme inglês de fantasmas, dirigido por David Lean.

“A Rua do Delfim Verde” (1947) – Boas cenas de desastres naturais e a participação da bela atriz Lana Turner.

“O Retrato de Jennie” (1948) – A sequência da tempestade marítima é muito bem feita.

“O Monstro do Mundo Proibido” (1949) – Filme sobre um grande macaco em fuga (que lembra muito King Kong). Foi refilmado em 1998 como “Poderoso Joe”.

“Destino à Lua” (1950) – Um dos primeiros e mais famosos filmes sobre viagem espacial.

“O Fim do Mundo” (1951) – Ficção científica sobre a destruição do planeta Terra e a busca por um novo lugar para morar.

“O Veleiro da Aventura” (1952) – Aventura de época com boas cenas situadas no mar.

“A Guerra dos Mundos” (1953) – Uma das mais famosas adaptações da obra de H. G. Wells. Alguns efeitos envelheceram mal.

“20.000 Léguas Submarinas” (1954) – Uma das maiores aventuras dos anos 50, produzida pelos Estúdios Disney.

“As Pontes do Toko-Ri” (1955) – A Paramount era ótima com produções técnicas. Aqui o ótimo elenco também é destaque.

“Os Dez Mandamentos” (1956) – Segundo Oscar de efeitos visuais de um filme do diretor DeMille. Tudo é muito bem feito neste épico inesquecível.

“A Raposa do Mar” (1957) – Outro marcante filme de ataque de submarinos.

“O Pequeno Polegar” (1958) – Divertida aventura adaptada de um clássico da literatura infanto-juvenil.

“Ben-Hur” (1959) – Uma sucessão de cenas belíssimas neste que é um dos maiores filmes de todos os tempos. Charlton Heston lidera o excelente elenco.

“A Máquina do Tempo” (1960) – Outra competente adaptação de uma obra do visionário escritor H. G. Wells.

“Os Canhões de Navarone” (1961) – Um elenco brilhante em um filme com grandes cenas de guerra.

“O Mais Longo dos Dias” (1962) – Um filme de guerra memorável. Pode ser considerado “O Resgate do Soldado Ryan” dos anos 60.

“Cleópatra” (1963) – Uma impressionante superprodução que ganhou injustamente o Oscar de efeitos visuais, que deveria ter sido de “Os Pássaros”.

“Mary Poppins” (1964) – Um dos melhores filmes a misturar atores com desenhos animados. Excelente clássico musical.

“007 Contra a Chantagem Atômica” (1965) – Boa aventura do agente James Bond, com algumas eficientes sequências marítimas.

“Viagem Fantástica” (1966) – Fascinante ficção científica que recria o interior de um corpo humano.

“O Fabuloso Doutor Dolittle” (1967) – Musical com alguns bons momentos com animais falantes, mas o filme não empolga.

“2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968) – A obra-prima de Stanley Kubrick que inovou os efeitos visuais no cinema.

“Sem Rumo no Espaço” (1969) – O “Apollo 13” dos anos 60. Boas sequências espaciais.

“Tora! Tora! Tora!” (1970) – Um dos mais notáveis filmes sobre o ataque dos Japoneses a Pearl Harbor.

“Se Minha Cama Voasse” (1971) – Outro filme dos Estúdios Disney com atores e desenhos animados dividindo as cenas.

“O Destino do Poseidon” (1972) – Aventura e suspense em uma aventura que marcou época. Elenco formidável.

Não houve premiação para um filme realizado em 1973, na categoria de efeitos visuais.

“Terremoto” (1974) – Um dos mais competentes filmes-catástrofe dos anos 70, com um elenco de peso.

“O Dirigível Hindenburg” (1975) – Recriação do que teria sido a trágica viagem do hindenburg. O final, com cenas reais em preto e branco, destoa do restante da obra.

“King Kong” (1976) – Segunda versão da clássica história do macaco gigante. Aqui, o final se passa nas extintas Torres Gêmeas

Fuga no Século 23” (1976)  – Ficção científica que ganhou um prêmio pela realização especial em Efeitos Visuais.

“Star Wars: Uma Nova Esperança” (1977) – O diretor George Lucas inova os efeitos visuais no cinema. É criada a empresa Industrial Light & Magic.

“Superman – O Filme (1978) – Como dizia o slogan: “Você vai acreditar que um homem pode voar”. Inesquecível.

“Alien: O Oitavo Passageiro” (1979) – Efeitos visuais incríveis em um dos filmes mais tensos já feitos.

“Star Wars: O Império Contra-Ataca” (1980) – Considerado por muitos o melhor filme da saga Star Wars.

“Os Caçadores da Arca Perdida“ (1981) – Nostálgica aventura que marca o primeiro Oscar de efeitos visuais de um filme dirigido por Steven Spielberg.

“E.T. – O Extraterrestre” (1982) – Segundo Oscar na categoria de um filme dirigido por Spielberg. Mas o prêmio também seria justo se tivesse ido para “Blade Runner”.

“Star Wars: O Retorno de Jedi” (1983) – O filme da primeira trilogia que tem os melhores efeitos (até mesmo pelo avanço das novas tecnologias).

“Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984) – Merecido Oscar de efeitos visuais em uma aventura super acelerada.

“Cocoon” (1985) – Efeitos competentes em uma história que reúne um elenco formado por veteranos.

“Aliens: O Resgate” (1986) – Primeiro Oscar de efeitos visuais de um filme dirigido por James Cameron (diretor recordista de filmes vencedores do Oscar da categoria).

“Viagem Insólita” (1987) – Refilmagem em tom de comédia do clássico “Viagem Fantástica”, que também ganhou o Oscar.

“Uma Cilada para Roger Rabbit” (1988) – Efeitos visuais fantásticos no filme que melhor mesclou atores com desenhos animados. Primeiro filme do diretor Robert Zemeckis a vencer o Oscar esse Oscar

“O Segredo do Abismo” (1989) – Segundo Oscar de efeitos visuais de um filme de James Cameron. Tecnicamente fantástico.

“O Vingador do Futuro” (1990) – Efeitos visuais de primeira linha. Marte é recriada em grande estilo.

“O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final” (1991) – Terceiro Oscar da categoria de um filme de Cameron. O melhor filme de toda a série.

“A Morte lhe Cai Bem” (1992) – Segundo Oscar de efeitos visuais de um filme de Zemeckis. Uma alucinante e divertida sátira com um ótimo elenco.

“Jurassic Park” (1993) – Um verdadeiro show de efeitos visuais (dos melhores já vistos no cinema. Quarto e último (até o momento) Oscar da categoria de um filme de Spielberg.

“Forrest Gump: O Contador de Histórias” (1994) – Um dos primeiros filmes a utilizar efeitos visuais como elemento dramático de uma história. Terceiro Oscar de efeitos visuais de um filme de Zemeckis.

“Babe – O Porquinho Atrapalhado” (1995) – Inesperado Oscar de efeitos visuais, mas não se pode dizer que foi injusto.

“Independence Day” (1996) – Ná época, os efeitos visuais deste filme impressionaram bastante. Hoje, alguns dos efeitos estão um pouco datados.

“Titanic” (1997) – Um dos filmes que melhor souberam utilizar eficientes efeitos visuais. Quarto Oscar de efeitos visuais de um filme de Cameron.

“Amor Além da Vida” (1998) – Drama e romance que recria cenários com imagens de quadros de pintores famosos.

“Matrix” (1999) – Elogiada ficção científica que revolucionou os efeitos visuais no cinema. Um espetáculo.

“Gladiador” (2000) – O diretor Ridley Scott recria as grandes arenas romanas nesta elogiada e premiada superprodução.

“O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel” (2001) – Primeiro Oscar de efeitos visuais de um filme dirigido por Peter Jackson (que também ganharia nos dois filmes seguintes da série).

“O Senhor dos Anéis – As Duas Torres” – (2002) – Os efeitos visuais aqui são mais aprimorados e competentes.

“O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei” (2003) – O melhor filme da trilogia apresenta também os melhores efeitos visuais. Excelente.

“Homem-Aranha 2” (2004) – Eficientes efeitos visuais deste que é o único filme de um super-herói da Marvel a vencer o Oscar da categoria.

“King Kong” (2005) – Quarto Oscar de efeitos visuais de um filme dirigido por Peter Jackson. “Guerra dos Mundos” merecia levar o prêmio.

“Piratas do Caribe – O Baú da Morte” – Único filme da milionária franquia a ganhar o Oscar de efeitos visuais.

“A Bússola de Ouro“ (2007) – Aventura que tem um belo visual, mas em seu ano “Transformers” apresentava os melhores efeitos visuais”.

“O Curioso Caso de Benjamin Button” (2008) – Um filme que tem os efeitos visuais (competentes) como elenco dramático na história.

“Avatar” (2009) – Um dos filmes que apresentam os melhores efeitos visuais de todos os tempos. Tecnicamente irretocável.

“A Origem” (2010) – Efeitos visuais de primeira linha neste que é o primeiro dos dois Oscars da categoria de um filme dirigido por Christopher Nolan.

“A Invenção de Hugo Cabret” (2011) – Fábula dirigida por Martin Scorsese que recria brilhantemente a França do início do século 20.

“As Aventuras de Pi” (2012) – O filme que mostrou que não há mais limites para a perfeição dos efeitos visuais no cinema. Um verdadeiro espetáculo.

“Gravidade” (2013) – Efeitos visuais surpreendentes neste filme do premiado diretor Alfonso Cuarón.

“Interestelar” (2014) – Segundo dos dois Oscar de um filme dirigido por Nolan. Tudo é muito bem feito.

“Ex Machina: Instinto Artificial” (2015) – Um dos anos mais injustos do prêmio de efeitos visuais, onde qualquer um dos outros quatro indicados merecia mais.

“Mogli: O Menino Lobo” (2016) – Este é com certeza um dos filmes com os efeitos visuais mais perfeitos já vistos no cinema.

“Blade Runner 2049” (2017) – Inesperado, porém merecido, vencedor do Oscar de efeitos visuais. Um filme que merecia mais prêmios da Academia.