Crítica: Fuga - Mostra Internacional de Cinema de São Paulo -
Fuga, filme polonês da diretora Agnieszka Smoczynska
4 Claquetes

Crítica: Fuga – Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Fuga conta uma história pesada de uma mulher que não suporta conviver com seu passado.

 

Ficha técnica:

Direção: Agnieszka Smoczynska
Roteiro:  Gabriela Muskala
Elenco: Gabriela Muskala, Lukasz Simlat, Malgorzata Buczkowska, Halina Rasiakówna.
Nacionalidade e lançamento: Polônia, 15 de Maio de 2018 no Festival de Cannes (exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo).

Sinopse: Alicja perdeu a memória e passou dois anos vivendo nas ruas, vagando. Após ser encontrada e retornar para sua família, terá problemas para voltar a se relacionar com eles.

 

“Fuga” é roteirizado e dirigido por mulheres. Uma história como essa dificilmente sairia de mãos masculinas. Acompanhamos Alicja, uma mulher que perdeu a memória e foi reencontrada graças a um programa de TV. Ela passa então a conviver com os pais, o marido e o filho, que estranham essa nova mulher com apenas a aparência da pessoa que outrora fez parte de suas vidas.

Fuga é desses filmes centrados nos personagens e nas suas relações. A protagonista descobre que seu nome era Kinga, mas se recusa a utilizá-lo, assim como se recusa a ser a mãe bondosa ou a esposa complacente. É aí que mora a questão discutida pelo filme: o lugar da mulher na família e suas obrigações.

 

Ainda que fale sobre a maneira como a mente de Alicja foge dos traumas do passado, o filme discute o papel que a sociedade impõe à mulher: ser “bela, recatada e do lar”. O que vemos é o oposto disso, e ao mesmo tempo a relação dela com o filho e o marido podem encontrar vestígios de carinho.

 

Smoczynska constrói uma atmosfera tensa e triste, com cores acinzentadas e cenários meio desolados, com grandes espaços vazios que simbolizam o sentimento da protagonista. Em meio à procura dos personagens por si mesmos, uma cena de dança é especialmente bela e intensa, como uma transa de corpos em transe que, após extrapolarem os sentimentos, voltam ao sentimento de solidão. No fim das contas, algumas pessoas podem muito bem ter nascido para serem sozinhas.

 

  • Nota
4

Summary

“Fuga” é roteirizado e dirigido por mulheres. Uma história como essa dificilmente sairia de mãos masculinas.

Deixe seu comentário