51º Festival de Brasília: Temporada e New Life SA – Dia 8
O 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega ao oitavo dia (sétimo da mostra competitiva e quinto, e último, da Mostra Brasília). Na noite foram exibidos 6 filmes, 4 curtas e 2 longas.
Segundo dia (Mostra Competitiva): Boca de Loba, Kairo, Torre das Donzelas e Los Silencios
Terceiro dia (Mostra Competitiva): Liberdade, Sempre Verei Cores no seu Cinza e New Life S.A.
Quinto dia: Bloqueio + 7 curtas
Sexto dia: Cabeças, O Outro Lado da Memória, Aulas que Amei e a Ilha
Vamos aos filmes do dia:
MOSTRA BRASÍLIA:
Curtas:
O mistério da carne (ficção, 18 min, 2018, DF, 16 anos) de Rafaela Camelo
Um grupo de meninas em um colégio religioso. O plano de fundo é um ritual de lava pés, mas o mote central são os olhares de uma para outra. As jovens atrizes não são propriamente excelentes. A montagem se atropela um tanto e a história em si soa vazia. Nota 2/5
Sinucada (ficção, 16 min, 2018, DF, 14 anos) de Rafael Standniki
Sinucada conta a história de dois calouros que entram em um centro acadêmico da UnB. E participam de um desafio de sinuca contra veteranos. É recheado de clichês, exageros, alívios cômicos em um filme que já teria uma proposta leve. Os atores são muito ruins parecem fazer um esforço danado pra falar cada frase de um modo cool. Há uma mini lição de moral no final que torna a coisa ainda pior. Nota: 1/5
Noroeste (documentário, 13 min, 2018, 10 anos) de Lucas Ferreira Gesses; New Life S.A. (ficção, 78 min, 2018, 14 anos) de André Carvalheira.
Noroeste é um documentário sobre a região do DF de mesmo nome. A proposta é observacional. O diretor liga a câmera e registra algo cotidiano. Quase não tem fala e as que tem não são em direção à câmera. Pra que isso funcione ele tem que confiar muito nas imagens e na montagem. As imagens são simplórias e a perde-se muito tempo em alguns símbolos. Nota: 1,5/5
Mostra Competitiva:
Curta:
Eu, minha mãe e Wallace (ficção, 23 min, 2018, RJ, livre) de Irmãos Carvalho.
O drama familiar cujo patriarca cumpre condicional e nunca viu a filha, esta possivelmente sequer sabe da existência dele. A ex-esposa, meio que a contragosto, permite que ele visite a menina – sem revelar o segredo. Na primeira parte vemos o nosso protagonista encontrando o irmão, que também não via há tempos. Estes minutos, um tanto alongados, servem para apresentar o personagem principal e facilitar que o público compre o arco principal dele. Há um trabalho inquieto com a câmera, usando diversos ângulos que dão uma visceralidade. Os 4 atores passam uma verdade que ajuda na construção do ambiente. A raiva, mágoa, carinho, todos os sentimentos estão ali e às vezes na mesma cena e no mesmo personagem. E como é de praxe da dupla de diretores, há um bom trabalho de retratar a favela. Nota 4/5
Temporada (ficção, 113 min, 2018, MG, 12 anos) de André Novais Oliveira.
Tal qual o curta, Temporada passa algo genuíno para o público, no caso um retrato urbano interiorano de MG, quase dá pra sentir o cheiro do café e o gostinho de pão de queijo. Acompanhamos Juliana, recém contratada para trabalhar verificando as casas atrás de foco de endemias. Basicamente temos a jornada dela no trabalho e pessoal. Vale também mencionar o personagem Russão que já ganhou o título de mais carismático do Festival.
Se o retrato local é perfeito, outro elemento me encantou: a universalidade. A personagem é mulher, negra e hétero. Mas se fosse homem, branca e gay não faria a mínima diferença. Eles conseguiram pegar um personagem universal sem colocar uma vírgula política-social. E em um Festival com essa marca ver um longa assim é um muito bem-vindo desafogo.
Temporada, contudo, seria um ótimo curta. Ele tem uma barriga gigante que chega a torna o longa de quase duas horas um tanto maçante. Porém apesar dessa quebra, em especial na virada do segundo pro terceiro ato, o saldo é bem positivo. Nota: 3,5/5
Estou fazendo a cobertura do Festival de Brasília em parceira com os sites Razão de Aspecto, O Sete e Louco por Filmes
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