51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro - A Sombra do Pai - Dia 7
Festival de Brasília
Cinema Nacional

51º Festival de Brasília – A Sombra do Pai – Dia 7

O 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega ao sétimo dia (sexto da mostra competitiva e quarto da Mostra Brasília). Na noite foram exibidos 9 filmes, 8 curtas e 1 longa.

Confira aqui a cobertura do primeiro dia do Festival. Recheado de homenagens e com a exibição especial de “Imaginário” de Cristiano Burlan e  “Domingo”, longa de Clara Linhart e Fellipe Barbosa.

Segundo dia (Mostra Competitiva): Boca de Loba, Kairo, Torre das Donzelas e Los Silencios

Terceiro dia (Mostra Competitiva): Liberdade, Sempre Verei Cores no seu Cinza e New Life S.A.

Quarto dia. Mostra Brasília: Para a Minha Gata Mieze, O Homem Banco e Marés. Mostra Competitiva: Mesmo com Tanta Agonia e Luna

Quinto dia: Bloqueio + 7 curtas 

Sexto dia: Cabeças, O Outro Lado da Memória, Aulas que Amei e a Ilha


Vamos aos filmes do dia:

MOSTRA BRASÍLIA:

Curta:

Casa de praia (ficção, 16 min, 2018, DF, livre) de Duda Affonso

Curta performático sobre uma ida a uma praia diferente. A tentativa de denúncia de uma falta de comunicação/marasmo acaba pegando os mesmos vícios. Nota: 1,5/5

Terras brasileiras (documentário, 29 min, 2017, DF, 12 anos) de Dulce Queiroz

Excelente documentário sobre o confronto entre índios e produtores rurais na fronteira entre Mato Grosso e Paraguai. O grande mérito aqui é ouvir os dois lado e não julgar – fica claro que a diretora é pró-índio, mas ela não reduz a discussão, deixando o público tirar as próprias conclusões. A trilha é sentimental sem ser piegas, o que é muito difícil de atingir. O plano final com a bandeira do Brasil cortada é perfeito. Como pequena nota negativa temos uns letreiros explicativos no começo. É o filme subestimando o público e até a própria capacidade de contar uma história. Nota 4,5/5

Riscados pela memória (ficção, 20 min, 2018, DF, 10 anos) de Alex Vidigal;

A história se passa em um sebo de discos e uma mãe com uma filha pequena vão vender umas bolachonas velhas para o dono do local, interpretado pelo glorioso Antônio Pitanga. O filme faz uma comparação entre pessoas e discos, mas ao invés de deixar a metáfora sugerida expõe cada vírgula da ideia da maneira mais mastigada possível. Outro ponto negativa é que a criança vem como um alívio cômico irritante e tratando os pequenos como se tivessem problema mental. Há flashbacks com um filtro azul completamente desnecessários. Nota: 1,5/5

In memoriam (ficção, 24 min, 2018, DF, 12 anos) de Gustavo Fontele Dourado e Thiago Campelo

Uma alegoria sobre o luto e um certo olhar de admiração/preparação para a morte. Eu confesso que não atingi os objetivos da proposta e portanto sequer vou dar nota para não ser injusto.

Presos que menstruam (ficção, 20 min, 2018, DF, 18 anos) de Alisson Sbrana

O cotidiano duro da mulheres que são presas e estão grávidas. Presos que Menstruam traça um panorama a partir de uma história real e o faz de forma consistente. Nada revelador ou surpreendente, mas bem digna nos aspectos narrativos, interpretativos e técnicos. Nota: 3/5

À tona (documentário, 14 min, 2018, DF, 14 anos) de Daniella Cronemberger

O relato, narrado em off, de uma vítima de abusos pelo companheiro enquanto vemos uma reconstituição quase poética dos eventos descritos. Há uma carga emocional fortíssima, um tanto pela montagem/texto/trilha e um tanto pela natureza do tema. Nota: 3,5/5

Mostra Competitiva do Festival de Brasília: 

Curta:

Plano controle (ficção, 16 min, 2018, MG, 12 anos) de Juliana Antunes

História divertida sobre a possibilidade de se teletransportar colocando uma espécie de crédito no celular. Vemos um show de nostalgia com trechos que marcaram os anos 80/90, como exemplo temos a nave da Xuxa pegando fogo, banheira do Gugu, Mamonas Assassinas, entre várias outras. O final combina perfeitamente com a proposta e brinca com a razão de aspecto e a fotografia. No entanto há pequenas inconsistências e uma certa de demora de chegar no objetivo. Vale o rápido comentário: há linhas políticas no curta, mas sem pesar a mão e ocorrendo de maneira orgânica, o que nem sempre é visto em outras produções. Nota 3,5/5

Guaxuma (animação, 14 min, 2018, PE, 14 anos) de Nara Normande

Com ares aparentemente autobiográfico, a animação – riquíssima visualmente, aliás – traz a história de uma menina que cresce em um cidade praiana do interior junto com uma amiga. O curta trata de amadurecimento e memória, além de lidar com o ambiente. Os enxertos em live actions poderiam nos tirar da trama, mas vem como um bom acréscimo. Do começo ao fim o filme consegue nos colocar na pele da personagem o que nos faz crescer em emoção junto com a protagonista. Das pequenas pérolas do nosso cinema e a melhor coisa do Festival. Nota 5/5

A sombra do pai (ficção, 90 min, 2018, SP, 16 anos) de Gabriela Amaral Almeida.

Drama familiar com doses de terror. Após a morte da matriarca, uma família (pai, filha e tia) precisa se reorganizar. Todos os personagens têm arcos próprios e todos flertam com algo do oculto, sejam meras simpatias, até outros tipos de experiências. A fotografia é maravilhosa usando tons pastéis e uma penumbra sem deixar o todo escuro. As atuações estão bem firmes, demostrando a degradação, desorientação e presença. O longa faz uma referência diegética e com muito sentido narrativo a um filme clássico de terror e todo o aspecto que permeia tal citação é bem feito, mesmo que previsível. O ritmo nos engana, no melhor sentido, parece que não está acontecendo nada, que a história não anda, mas de repente tudo se justifica. E a direção, junto com a montagem, tem um controle absurdo da duração das cenas e do filme como um todo – ele corta no momento perfeito. Nota: 4,5/5

Estou fazendo a cobertura do Festival de Brasília em parceira com os sites Razão de AspectoO Sete e Louco por Filmes 
Veja meus comentários em vídeo, com toda essa turma, no canal do Razão de Aspecto no Youtube

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