51º Festival de Brasília: O Outro Lado da Memória e Ilha – Dia 6
O 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega ao sexto dia (quinto da mostra competitiva e terceiro da Mostra Brasília). Na noite foram exibidos 4 filmes, 2 curtas e 2 longas.
Segundo dia (Mostra Competitiva): Boca de Loba, Kairo, Torre das Donzelas e Los Silencios
Terceiro dia (Mostra Competitiva): Liberdade, Sempre Verei Cores no seu Cinza e New Life S.A.
Quinto dia: Bloqueio + 7 curtas
Vamos aos filmes do dia:
MOSTRA BRASÍLIA:
Curta:
Cabeças: (ficção, 9 min, 2017, DF, livre) de Bruna Carolli
Filme infantil com um visual bonitinho e um design de produção simples mas funcional (destaque para a coroa de jujubas). O curta conta a história de uma princesinha que quer sonhar. Infelizmente a trama é muito atropelada e as coisas acontecem porque sim. Há até uma personagem que precisa falar que a protagonista é corajosa, já que não vemos um ato que justifique tal característica. Nota: 2/5
Longa:
O outro lado da memória (documentário, 110 min, 2018, DF, 10 anos) de André Luiz Oliveira.
Excelente documentário sobre a tentativa de realização de um filme inspirado no livro “Viva o Povo Brasileiro” do João Ubaldo Ribeiro. O primeiro ato pega depoimentos de estudiosos e personalidades sobre o livro. Depois vemos o processo de pré-produção do filme que infelizmente nunca nasceu. O longa mostra o detalhado trabalho de pesquisa, preparação de elenco e os detalhes desta etapa pré-filmagens. O Outro Lado da Memória vira uma deliciosa aula de cinema em uma abordagem quase metalinguística. No final, as reflexões políticas e financeiras do motivo de o projeto não ter sido concluído.
O Outro Lado da Memória tem tudo que um excelente documentário pode ter: bons entrevistados, ensina sobre história, faz chorar, rir e é cinema de por completo. Fica um gosto amargo ao pensarmos o que o filme interrompido poderia ser, mas é isso, cinema nem sempre são só flores, tal qual a formação do nosso povo. Apesar de um pouco alongado, não tira o mérito daquele que é o melhor filme do festival até agora. Nota: 5/5
Mostra Competitiva do Festival de Brasília:
Curta:
Aulas que matei (ficção, 24 min, 2018, DF, 12 anos) de Amanda Devulsky e Pedro B. Garcia
O filme envolve a vida escolar. Acompanhamos principalmente um professor de filosofia. Há pequenas cenas paralelas com alguns alunos. Uma mini arco com um aluno que deixa de frequentar a escola. Greve dos professores. Descaso com o patrimônio. Ou seja, um filme que atira para muitos lados e não desenvolve. A ideia é fazer um panorama escolar que todos já conhecem. O final um tanto simbólico destoa do resto do filme. Nota: 2/5
Ilha (ficção, 94 min, 2018, BA, 16 anos) de Ary Rosa e Glenda Nicácio.
Dos diretores Café com Canela que venceram o prêmio de Júri Popular em 2017. Um sequestrador rapta um cineasta com o intuito de gravar uma biografia do bandido. Uma brincadeira constante com a metalinguagem em uma ideia muito boa e bem realizada. Há desenvolvimento dos personagens, estes têm camadas e todas são exploradas. Sentimos a textura local a partir de cenários e personagens locais.
À semelhança do longa da Mostra Brasília, temos diversos sentimentos mesclados com a questão do fazer cinema. Muitas jogadas com a câmera (vide a conversa inicial sobre qual plano usar ou mesmo a cena final, que obviamente não vou dizer o que acontece, só que é linda).
A dupla de atores consegue transmitir muita verdade, mesmo em meio a essa situação absurda. Até o exagero fica sincero. Apesar do humor está no tom certo e funcionar quase sempre aqui, o grande charme (além da homenagem ao cinema) é o drama dos personagens. E isso só seria possível se os atores se entregassem, há chances de prêmios na categoria para eles. Nota 4,5/5
Estou fazendo a cobertura do Festival de Brasília em parceira com os sites Razão de Aspecto, O Sete e Louco por Filmes
Veja meus comentários em vídeo, com toda essa turma, no canal do Razão de Aspecto no Youtube