O adeus a Agildo Ribeiro (1932 - 2018) - Cinem(ação)
Cinema Nacional

O adeus a Agildo Ribeiro (1932 – 2018)

Morreu nesse sábado o humorista Agildo Ribeiro

O sábado amanheceu mais triste. Um dos mais talentosos humorista brasileiro, Agildo Ribeiro, faleceu aos 86 anos de idade. Nascido Agildo da Gama Barata Ribeiro Filho no dia 26 de abril de 1932, no Rio de Janeiro e filho do político Agildo Barata, ele começou sua carreira no teatro na década de 50.

Agildo Ribeiro com Consuelo Leandro em “O Auto da Compadecida”

Entre seus trabalhos de maior destaque está o personagem João Grilo, do clássico da literatura brasileira Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Agildo foi o primeiro ator a interpretar o personagem que ficou eternizado nos cinemas por Mateus Nachtergaele. Mais de dez anos antes de Mateus nascer Agildo já estava interpretando o personagem que o consagrou no cinema nacional.

No cinema o humorista tem uma carreira respeitável. Sua estreia no mundo da setima arte foi em Angu de Caroço, de 1954 e dirigido por Euripides Ramos. Em 1956 o humorista estrelou ao lado de Mazzaropi o clássico da Vera Cruz O Fuzileiro do Amor.Em 1958 novamente ao lado de grandes nomes do cinema como Oscarito e Zezé Macedo, Agildo participou do filme Esse Milhão é Meu, dirigido por Carlos Manga. Em 1962 o ator participou do clássico do cinema infanto juvenil Pluft – O Fantasminha, baseado na obra de Maria Clara Machado.

Agildo Ribeiro em “Tocaia no Asfalto” de Roberto Pires

Conhecido como “o capitão do riso” o ator sempre se destacou por papéis cômicos na TV e no Cinema. Mas Agildo ainda sim sabia fazer papéis dramáticos. Mostrando sua total versatilidade no mesmo ano de Pluft, o ator estrelou o filme Tocaia no Asfalto, de Roberto Pires. O filme é um clássico do cinema novo e faz parte do ciclo baiano de cinema. Além de Tocaia no Asfalto o ator participou do policial O Crime do Sacopã e Esse Mundo é Meu. Com isso de ator de chanchadas se tornou ator do cinema novo.

Um dos seus maiores sucessos no cinema ocorreu em 1976 quando estrelou ao lado de Jô Soares, que também dirigiu e escreveu, o filme O Pai do Povo. Parceria que viria a se repetir 25 anos depois em O Xangô de Baker Street, baseado no livro de Jô Soares. Os últimos trabalhos do ator no cinema foram O Homem do Ano de 2003 e A Casa da Mãe Joana de 2008 dirigido pelo saudoso Hugo Carvana. No filme Agildo Ribeiro fez o que mais gostava: fazer rir. No filme ele se veste de mulher para viver uma drag queen aposentada. O filme não foi muito bem com recebido pela crítica na época. Mas uma coisa ninguém pode negar. Agildo é a melhor coisa do filme.

Mas o grande destaque de Agildo Ribeiro foi sua carreira na TV. Ele estreou na TV em 1965 na série TNT. Mas seu auge começou em 1970 quando apresentou na Rede Globo o infantil Topo Gigio. Entre 1976 e 1981 o humorista foi um dos destaques no clássico do humor da TV Brasileira O Planeta dos Homens. Foi nesse programa que o ator criou seu personagem preferido: Professor Aquiles Arquelau.

O personagem é um professor de mitologia grega, que com um penteado bem inusitado e um jeito de falar característico, como se tivesse a língua presa, ensinava sobre sua especialidade aos telespectadores. Desse personagem surgiu os bordões ‘coisa horrorosa’ e ‘múmia paralítica’.  Esse último era a forma como o Professor se dirigia ao mordomo que ficava de pé ao seu lado com uma campainha e a tocava que ele sempre exagerava. Sobre a ‘múmia paralítica’ o ator disse:

“A ‘múmia paralítica’ era uma piada que eu fazia com a censura. Quando ela tocava a campainha, eu parava imediatamente de falar”

Professor Arquelau Aquiles em “Planeta dos Homens”. Um dos personagens favoritos de Agildo Ribeiro.

Agildo gostava tanto desse personagem, que entre 2015 e 2014 o ator reviveu o personagem no Zorra Total. Programa esse que nos brindou com vários outros personagens divertidos como Ali Babaluf, uma sátira dos políticos corruptos brasileiros e que eternizou o bordão: “Eu não estou nem aqui”.

Em 2015 quando o humorístico Zorra Total, passou por uma reformulação e passou a ser chamado apenas Zorra, o humorista também participou dessa nova fase. Ele ficou no humorístico até 2017. Uma das últimas participações do ator na TV foi no programa Tá no Ar: a TV na TV em episódio exibido no último dia 17/04/2018, num episódio que homenageou os grandes nomes do humor.

No último dia 13/03/2018 Agildo Ribeiro foi homenageado no 2º Prêmio de humor, em uma cerimônia no Jockey Club no Rio de Janeiro. O humorista Fábio Porchat apresentou a homenagem que reuniu humoristas, atores, autores e de comédia de várias gerações. Entre os presentes estavam Antonio Pedro Borges,  Ney Latorraca, Evandro Mesquita, Otávio Müller, Marcius Melhem, Maria Clara Gueiros, Dani Calabresa, Luís Miranda, Lucio Mauro Filho, Ingrid Guimarães, Íris Bruzzi, Carmen Verônica,  Isabelita dos Patins, Jane di Castro, Berta Loran, Patrícia Travassos e Marcos Veras. Todos estavam ali presentes, lotando o salão, para aplaudir de pé  Agildo Ribeiro que comemorava 60 anos de carreira.

Agildo Ribeiro em sua última aparição em público, no 2º Prêmio do Humor que o homenageou mês passado.

Sobre essa homenagem, em entrevista ao Jornal do Brasil o humorista disse:

Isso é quase uma homenagem póstuma, vocês querem me matar de emoção. Estou muito contente em receber este prêmio. Queria que meu pai, o capitão Agildo Barata, estivesse aqui para ver isso tudo

O humorista foi casado cinco vezes, entre suas esposas destacam-se as saudosas Marília Pera e Consuelo Leandro. Com sua última esposa, Didi Barata Ribeiro, falecida em 2009, ele viveu 35 anos. Em 2012 Agildo descobriu que tinha um filho e durante uma entrevista para a TV que também tinha uma neta.

Agildo faleceu no sábado dia 28/04 apenas dois dias depois de completar 86 anos em sua casa no Leblon, no Rio. O ator sofria de graves problemas no coração e devido a uma queda recente, ele tinha dificuldade para se manter em pé. A morte do humorista foi confirmada pela assessoria da TV Globo na manhã de sábado. O ator foi velado no Memorial do Carmo, onde foi cremado na tarde desse domingo, em cerimônia para a família.

Agildo Ribeiro era um mestre do humor. Seus personagens eram simples e marcantes. Críticos e divertidos. De forma divertida ele falava o que queríamos, o que pensávamos. E em tempos de escuridão Agildo nos fazia sorrir, gargalhar, nos fazia sentir um pouco de esperança. Seus personagens nos davam um pouco de graça pra nossa vida. Mas embora não esteja mais entre nós seu legado continua intacto. Seus personagens, seus bordões estarão para sempre na nossa memória. E quando tivermos momentos de escuridão com certeza nos farão sorrir!

Fica aqui a singela homenagem a esse grande humorista de toda equipe do Cinem(ação). Nossos votos de consolo e força para todos os amigos e familiares desse artista genial que nos deixou.

E como Agildo Ribeiro sempre nos fez rir, vamos terminar rindo também. Veja abaixo um dos personagens favoritos de Agildo, o Professor Arquelau Aquiles em O Planeta dos Homens.

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