Crítica: Blockbuster (2017) – Netflix
Blockbuster, que foi lançado há poucos dias na Netflix, é uma comédia romântica extremamente francesa
Ficha técnica:
Direção: July Hygreck
Roteiro: July Hygreck, Tom Hygreck
Elenco: Syrus Shahidi, Charlotte Gabris, Tom Hygreck, Sylvain Quimene, Laura Boujenah, Michel Gondry
Nacionalidade e lançamento: França, 2017 (lançamento mundial: 24 de janeiro de 2018 na Netflix)
Sinopse: Jéremy e Lola são um casal apaixonado que faz vídeos diários que, em vez de serem postados no Youtube, são feitos para apenas uma pessoa: o pai de Jéremy, que está doente em um hospital. Mas Lola fica decepcionada quando descobre a circunstância em que conheceu o namorado, e decide ir embora. Agora, o jovem apaixonado vai tentar reconquistá-la de forma um pouco atípica.
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“Blockbuster” é um filme que fala muito mais sobre os sentimentos dos personagens do que suas ações propriamente ditas. O próprio motivo pelo qual a jovem Lola se sente decepcionada e decide partir é meramente uma desculpa para que acompanhemos as aventuras desastradas de Jéremy e seus amigos em busca de uma reconquista.
Seria, então, uma escolha que também faz referência aos filmes americanos citados no título, já que estes também possuem algumas premissas absurdas ou vagas? Desde as primeiras cenas, entendemos que os filmes blockbusters americanos são combustíveis para a vida dos personagens. Mas as referências metalinguísticas não param por aqui. Lola é apaixonada por quadrinhos (nada como uma mulher na direção do filme, não é mesmo?) e os letreiros e desenhos que simbolizam, por exemplo, a tristeza de Jéremy. É interessante notar como as filmagens feitas pelo protagonista formam justamente a “janela para o mundo” que ele escolheu para seu pai. E o trabalho que ele faz com seu amigo consiste em, basicamente, “enganar” as pessoas – o que não deixa de ser o papel do cinema!
Ao longo da história, o filme falha em conectar os acontecimentos. As tentativas de Jéremy e seus amigos em fazer um vídeo com o “sequestro” de alguém importante para pedir que Lola volte para ele são episódicas e não levam a lugar nenhum, servindo apenas para mostrar algumas participações especiais que pouco significam ao público de fora da França. Aliás, por mais interessante que seja o fato de que Lola é fã do cineasta francês Michel Gondry e seu filme mais “blockbuster”, é no mínimo anticlimático que a participação do diretor não tenha absolutamente nenhuma serventia narrativa.
Ironicamente, “Blockbuster” é tudo menos um blockbuster: francês, irônico, displicente, e infelizmente pouco memorável (o que, convenhamos, muitos blockbusters também são). Ao menos o drama relacionado ao pai do protagonista funciona. E no fim, pelo menos saímos com a sensação de que os sentimentos são mais importantes que os motivos que levaram a eles.
Resumo
Ironicamente, “Blockbuster” é tudo menos um blockbuster: francês, irônico, displicente, e infelizmente pouco memorável (o que, convenhamos, muitos blockbusters também são).