Sunny: crítica do Eu Cinéfilo (cinema coreano) - Cinem(ação)
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Eu Cinéfilo #35 Sunny – Jovens coreanas na repressão da Guerra Fria

O cinema coreano se mostra cada vez mais intenso, com personagens cuidadosamente construídos e situações minuciosamente dirigidas. Não é diferente com Sunny, do diretor Kang Hyeong-cheol. A comédia estreou em 2011, nos cinemas da Coréia do Sul, mas faz pouco tempo que circulou com legendas por aqui. A narrativa suave mostra como é a vida das mulheres coreanas em uma perspectiva doce, mesmo em plenos anos 80, no qual o país estava mergulhado em um clima autoritário e violento. O longa conta a história de um grupo de sete amigas, sem os clichês adolescentes hollywoodianos, que passam pelos anos escolares juntas.

O contexto no filme é construído em duas timelines, uma mais atual, onde as personagens estão passando pela meia idade, e outra construída no furor dos anos 80, com uma trilha sonora digna de cantarolar junto. O futuro é mostrado em uma realidade crua, porém, visualmente bonita. Os sonhos que vemos no ritmo do pop oitentista, não deu certo para essas mulheres e a direção nos faz querer saber mais sobre a vida delas.

A história é contada através da personagem principal Im Na-mi (Yoo Ho-jeong), esposa e mãe de uma adolescente Presa na rotina de afazeres do dia a dia. Durante uma visita a mãe no hospital, acaba encontrando Chun-hwa (Jin Hee-kyung), a “líder” do antigo grupo de garotas da escola, agora com câncer terminal. Na conversa, o último pedido da mulher é reencontrar todas as amigas e vê-las pela última vez.

Na-mi decide atender o pedido e a busca começa. Os dois mundos, a nova e antiga Coréia, se encontram nas cenas de transição. Desde a chegada a nova escola, até a criação do nome Sunny. O primeiro amor. Com todas as diferenças culturais que chamam atenção pela polidez coreana e, também, com o cenário de guerra fria que o país enfrentava, com toques de recolher e reverência ao hino nacional.

A cena mais emblemática dessa referência é a do protesto. É delicado ver que por serem novas, as garotas acabam aquém ao acontecimento, ao mesmo tempo que é violento vê-las brigando. Claro que, a comédia não fica longe da cena. Mas vamos deixar o sabor visual para quem for assistir ao filme.

Outro detalhe do longa são as caracterizações, é como se viajássemos no tempo ao mesmo tempo que ficamos no mesmo lugar. É interessante como a amizade entre as sete resistiu ao tempo, mesmo na memória.

 

 

Texto escrito por: Tainá Costa

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