A Felicidade Não se Compra: 70 Anos de um Clássico
A Felicidade Não se Compra
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A Felicidade Não se Compra: 70 anos de um clássico

No dia 20 de dezembro de 1946, estreava nos cinemas dos Estados Unidos, aquele que seria posteriormente considerado o maior clássico natalino de todos os tempos: “A Felicidade Não se Compra“, a obra-prima do diretor Frank Capra. Com fortes influências do escritor inglês Charles Dickens, em especial “Um Conto de Natal”, o filme conta a história de George Bailey (James Stewart), morador da pequena cidade de Bedford Falls, indo de sua infância, quando ele trabalhava como auxiliar em uma farmácia, passando por sua juventude quando ele se envolve com a jovem Mary Hatch (Donna Reed), até sua fase de maturidade, quando, depois de várias situações, lhe é roubado uma grande quantia de dinheiro pertencente do local em que ele trabalha e administra. Desconsolado, Bailey sai em desespero pelas ruas, na intenção de tirar a própria vida, até que um anjo aparece e lhe mostra como seria a cidade se ele não existisse.

A Felicidade Não se Compra:

A intenção do anjo é mostrar que um simples cidadão, aparentemente igual a todo mundo, pode fazer uma grande diferença na vida das pessoas. O retrato caótico de um mundo sem Bailey se define na falta de esperança de alguns, na amargura de outros e no descontentamento geral. Nessa jornada de Bailey por uma realidade alternativa sem ele, ficamos sabendo de sua real importância, e de como a vida pode nos dar uma segunda chance para seguirmos em frente.  Nunca o cinema mostrou a vida de forma tão simples e ao mesmo tempo tão satisfatória, criando um elo de otimismo e esperança entre seus personagens, culminando em um final tocante e inesquecível, onde é dita a seguinte frase: “Dizem que quando um sino toca, um anjo recebe asas”. Também famosa é a frase que define a vida de Bailey: “Nenhum homem é um fracasso se ele tem amigos”. Um dos momentos mais sublimes é quando a menina Mary diz no ouvido surdo do pequeno Bailey: “George Bailey, eu irei te amar até morrer”.

O diretor Capra vinha de comédias rápidas e inteligentes (Screwballs Comedy) como: “Aconteceu Naquela Noite” (o primeiro de seus 3 Oscars de direção, e estrelado por Clark Gable e Claudette Colbert), “O Galante Mr. Deeds” (seu segundo Oscar de direção. Com Gary Cooper e Jean Arthur). “Do Mundo Nada se Leva” (seu terceiro e último Oscar de direção. Com James Stewart e Jean Arthur), “A Mulher Faz o Homem” (novamente com Stewart e Arthur) “Adorável Vagabundo” (com Cooper e Barbara Stanwick) e “Este Mundo é um Hospício” (com Cary Grant e Priscilla Lane). Capra dirigiu também a utópica aventura “Horizonte Perdido” (com Ronald Colman e Jane Wyatt). Mas seu melhor trabalho é mesmo “A Felicidade Não se Compra”, onde, trabalhando mais uma vez com Stewart (seu ator preferido), ele tem a chance de mostrar todo o seu talento em narrar uma história otimista em meio a crises e desilusões. E Capra ainda tem sob seu comando um grupo de excelentes atores de apoio: Lionel Barrimore (aqui, fazendo um dos maiores vilões de todos os tempos), Thomas Mitchell, Gloria Grahame, Ward Bond, H. B. Warner e Beulah Bondi, entre outros.

 

“A Felicidade Não se Compra” é baseado na história “The Greatest Gift”, de Philip Van Doren Stern, e tem entre os roteiristas, o próprio Capra. Foi indicado aos Oscars de filme, direção, ator, edição e som; ganhou o Globo de Ouro de melhor direção. Fracasso em sua estreia, a obra máxima de Capra só encontraria seu merecido reconhecimento anos depois, com exibições na TV e em sessões especiais em cinemas do mundo inteiro. Nos anos 80, ele foi um dos filmes que entraram no processo de colorização. Capra não aprovava que alguém mexesse em seu filme, e pediu para que o mantivesse do jeito como fora filmado (em preto e branco). Tendo seu pedido negado, ele faleceu pouco tempo depois.

É difícil não se emocionar com toda a trajetória de lutas, desafios, perdas e superação de Bailey. Acreditar no mundo de “A Felicidade Não se Compra” é acreditar que o ser humano é capaz de boas atitudes em um mundo cada vez mais egoísta. A mensagem de fé e esperança continua atual. Uma obra-prima, frequentemente eleita um dos melhores filmes de todos os tempos.

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