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Crítica: Extermínio (2002)

Ficha técnica de Extermínio.

Diretor: Danny Boyle (Quem quer ser um milionário?).

Roteirista: Alex Garland (Ex-Machina).

Elenco: Cillian Murphy (Batman: O Cavaleiro das Trevas), Naomie Harris (007 – Operação Skyfall), Noah Huntley (Drácula: A História nunca contada), Brendan Gleeson (A.I.: Inteligência Artificial)…

Lançamento: 25 de Julho de 2003 (Brasil).

Extermínio

Zumbis sempre foram visto com bons olhos pelos fãs de terror. Desde os clássicos de Romero que a mitologia dessa criatura vem se modificando. Sejam em filmes ou séries como The Walking Dead e Z Nation. Porém, um longa que o fez muito bem, e popularizou os zumbis corredores foi Extermínio (2002) – ou no original 28 days later – mas será que continua funcionando 14 anos depois?

A história gira em torno de Jim, que acorda de um coma 28 dias depois que um grupo de ativistas soltaram macacos infectados com uma espécie de vírus. Desnorteado e desorientado pela falta de pessoas na cidade, Jim encontra vários cadáveres e criaturas monstruosas (Zumbis); após achar mais dois sobreviventes, Selena (Naomie Harris) e Mark (Noah Huntley), os três vãos em busca de respostas.

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Tem de ser obrigatório citar a primeira cena do filme. Na qual um grupo de ativistas invade um laboratório onde estão os macacos infectados. Toda essa sequencia tem uma fotografia escura e uma edição frenética para nos apresentar o vírus raivoso. A câmera na mão ajuda a passar um senso de urgência incrível, onde sabemos que algo vai acabar errado. Apesar disso, nunca ficamos sem saber o que está ocorrendo; a geografia do local é bem determinada e nos encontramos nas cenas de “combate”. Isso vale para todo o restante.

Quando acompanhamos Jim nos primeiros minutos, temos plano detalhe de todos os soros e agulhas que estão injetados em sua pele. Algo que nos faz sentir a dor, criando uma aproximação entre espectador x personagem. Assim sendo, com a continuidade desses primeiros minutos observamos vários planos gerais que mostra a cidade em questão completamente vazia, deixando Jim em cantos da tela e atrás de algumas grades. Obviamente já nos contando que além de estar em um lugar que não é mais seu lar, também está preso nele. Como o espectador já sabe o que ocorreu e o personagem principal não, somos mais uma vez induzidos a sentir algo por ele e criar mais um vínculo.

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Vínculo esse que é essencial ao longa. Já que após um primeiro ato frenético, faz uma longa pausa no segundo para mostrar a relação das pessoas. Então temos cenas onde apenas pessoas conversam, vão a um mercado fazer compras, e criam uma ligação familiar ao fazerem um piquenique num lugar verde e bonito. Mas tudo isso sem deixar de lado algumas cenas de tirar o fôlego, como naquela ao qual quatro pessoas tentam trocar o pneu de um carro enquanto zumbis estão indo em direção a elas.

Além do uso da câmera frenética para dar dinamismo às cenas de perseguição. Também temos o plano holandês para determinar que algo errado irá acontecer. Então toda sequencia pré “desastre” é apresentada com esse plano, deixando assim o espectador incomodado e tenso na beira da poltrona antes mesmo do clímax.

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Uma coisa que deve ser mencionado é a maquiagem, essencial para um filme de terror – principalmente de zumbis. Em Extermínio ela é usada de forma muito coerente. Criaturas que acabaram de ser infectadas tem um aspecto mais humano, já as que estão há muito tempo aparecem todas sujas, com cortes em várias partes do corpo e pedaços arrancados. Tudo extremamente crível, obviamente sendo ajudado pela esperteza de usar uma câmera tremida quando os zumbis surgem em cena.

As atuações estão muito boas. Cilian Murphy consegue encontrar o tom perfeito para Jim, conquistando a simpatia do espectador, mas nunca deixando de mostrar a força que seu personagem tem dentro de si. Naomie Harris faz uma atuação impecável para sua personagem Selena, demonstra uma força no olhar e convicção em suas ações. Porém, é sabotada pelo roteiro que a faz de donzela em perigo no terceiro ato. O resto do elenco consegue passar muito bem o que o diretor propôs para a trama.

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Obviamente filmes de terror de subgênero zumbis ligam mais nossa suspensão de descrença. Mas é inegável que algumas conveniências de roteiro fazem a ligação espectador x filme se perder… Ao menos, um pouco. Como na cena em que Jim acorda 28 dias depois de um coma e consegue sair andando normalmente; ou mesmo quando encontra outros dois sobreviventes que o acolhem e logo decidem ir procurar pela sua família. Situações que no contexto de “apocalipse zumbi” são extremamente ilógicas.

Por fim, Danny Boyle fez aqui mais um trabalho excelente. Conseguindo muito bem transitar de cenas tensas de ação desenfreada para aquelas que precisam de uma carga dramática maior. Também utiliza a trilha sonora de maneira acertada, inclusive momentos de silêncio arrebatadores. Apesar de alguns problemas apontados, Extermínio continua excelente.

Escrito por: Will Bongiolo

  • Nota Geral
4

Resumo

Conseguindo muito bem transitar de cenas tensas de ação desenfreada para aquelas que precisam de uma carga dramática maior.

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