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Crítica: 007 – Operação Skyfall

Desde que a franquia 007 retomou as rédeas com a presença de Daniel Craig no papel do espião mais famoso do mundo, o foco passou a ser outro. “O que você queria, canetas explosivas?”, pergunta Q, de frente a um dos mais belos quadros da National Gallery, para um James Bond que ainda não se recuperou do tiro que quase o matou, em duas das diversas referências às origens de Bond.

Assim como os filmes anteriores da franquia, Skyfall é cru, realista e violento. Mais que os anteriores, este filme mostra o surgimento de importantes personagens clássicos das franquias anteriores e dos livros. E acima de tudo, Skyfall traz personagens profundos, bidimensionais e carregados de motivações.

Sam Mendes é sem dúvida o melhor diretor que a franquia teve nas últimas décadas. Quiçá, é o melhor diretor de todos os tempos para o agente secreto. Nada mal para uma comemoração de 50 anos.

O roteiro escrito a seis mãos (Neal Purvis, Robert Wade e John Logan) traz personagens complexos que enriquecem a trama: Bond é mais que um agente movido pela fúria, mas carrega angústias familiares e vícios problemáticos. M (Judi Dench) é mais que uma senhora teimosa: é uma verdadeira mãe preocupada com os agentes por quem guarda carinho como se fossem seus filhos – aliás, repare como os personagens a chamam de “ma’am” (senhora, em inglês) de maneira a parecer que a estão chamando de “mom” (mamãe). Até mesmo a bondgirl Sévérine (Bérénice Marlohe) tem elementos de sua história mostrados, fazendo com que ela seja mais do que apenas uma mulher sedutora feita para cair nos braços do espião. E o que dizer de Silva (Javier Bardem), o vilão mais dramático da série 007?

Bardem agrega mais um vilão importante para seu currículo, além de manter um corte de cabelo ridículo já habitual de suas boas performances. O vilão tem motivações muito mais importantes do que um simples desejo incontrolável de dominar o mundo ou explodir algum país. Por falar em vilões, o filme se sai bem ao questionar a necessidade de se manter agentes secretos no MI6, já que hoje se vive um mundo em que o “inimigo” não tem rosto ou bandeira e apenas carrega a alcunha de “terrorismo”.

Mesmo com o tom realista que a franquia já busca desde que estreou Cassino Royale em 2006, Skyfall não deixa de lado os momentos de exageros e piruetas que desafiam as leis da gravidade, além de quase transformar James Bond em um imortal. A atriz Bérénice Marlohe tem uma beleza estonteante, mas nem mesmo seu charme esconde seu olhar forçado e sua voz beirando o overacting.

Sam Mendes ainda consegue fazer sequências plasticamente belas, como a luta de Bond em meio a luzes neon de Xangai, ou uma apresentação surrealista do protagonista em meio a corredeiras de água e a canção de Adele.

Ao que parece, dois projetos da franquia estão no gatilho. Resta-nos torcer para que Sam Mendes continue dirigindo, ou que os próximos diretores sejam ao menos tão bons quanto o vencedor do Oscar por Beleza Americana.

Nota: 04 Claquetes

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