Crítica: Decisão de Risco (Eye in the Sky) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
4 Claquetes

Crítica: Decisão de Risco (Eye in the Sky)

Decisão de risco mostra vários argumentos sobre uma questão militar evidenciando os riscos daquelas decisões.

Ficha Técnica: 
Direção: Gavin Hood
Roteiro: Guy Hibbert
Elenco: Helen Mirren, Alan Rickman, Aaron Paul, Gavin Hood, Barkhad Abdi, Monica Dolan
Nacionalidade e lançamento: Reino Unido, 2015 (07 de abril de 2016 no Brasil)

Sinopse: a inteligência militar inglesa tem na mira um grupo de terroristas dos mais procurados, mas questões diplomáticas fazem as coisas ficarem mais complicadas que apertar um gatilho. Uma decisão que passa por vários caminhos tem que ser tomada em uma velocidade rápida com o tempo contando contra.

Alan Rickman Decisão de Risco

Tensão, suspense, drama, terrorismo, guerra, conflitos éticos, direito e política… Junta todos esse elementos e temos nosso filme. O longa, que estreia nesta quinta, tem essa mistura funciona que muito bem e incrivelmente de uma forma nada confusa (às vezes essa salada pode jogar uma ideia no lixo, não foi o caso aqui). O longa Decisão de Risco tem uma trama linear e que vai direto ao ponto.

A história de Eye in the Sky (quem escolhe os títulos no Brasil? Este é até bom, mas precisa mudar mesmo….?) é “simples” e mostrada de forma direta: o ponto de vista de militares, pilotos, ministros de países diferentes (Inglaterra e EUA), diplomatas, etc sobre capturar (e talvez matar) o alvo e de que maneira fazê-lo sem causar danos maiores.

O começo contextualiza bem os ambientes e os jogadores vão se construindo de forma natural na tela. A frase de abertura do filme resume bem o que iremos ver a seguir: “Na guerra a verdade é a primeira vítima”. O mesmo fato é tratado aqui sob o prisma de diversos argumentos (relacionados com aquela lista que coloquei no começo, política, ética, direito, etc). Uma outra frase marcante, dita mais para o final, é: “Nunca diga a um soldado que ele não sabe o custo da guerra”.

Decisão de Risco

Muito bom o trabalho do diretor Gavin Hood (sim, aquele mesmo que dirigiu X-Men Origens: Wolverine). Ele traz ângulos interessantes, uma movimentação de câmera que não é preguiçosa, dá um ótimo ritmo ao longa – acelera e acalma no momento certo – enfim, conta a história de uma maneira que enaltece o texto e passa bem as emoções devidas em cada momento.

E o roteiro, escrito pelo Guy Hibbert (que basicamente tinha trabalhos para a televisão no currículo), é muito bem estruturado. O primeiro ato vai construindo aquele mundo e ao final dele já estamos familiarizados com os personagens. O suspense da trama e as situações dramáticas dos personagens convencem muito. Verdade que em alguns instantes há uma certa simplificação e alguma conveniência, mas definitivamente não chegam a incomodar. Por vezes a dramaticidade fica mais forte que a tensão e também perde um pouco de força nesse sentido.

Os personagens são o ponto forte: nos importamos com eles e entendemos as motivações de cada um, já que eles têm um papel bem definido na história. Isso tem um lado bom, mas às vezes parece que eles estão ali para cumprir aquela função de modo ensaiado demais.

eye-in-the-sky

Os atores trazem um peso muito grande e compõem a tensão necessária para embalar o desenrolar dos acontecimentos. A veterana Helen Mirren está muito bem como protagonista dando vida à Coronel Katherine Powell. Sentimos a perseverança dela ao seguir os próprios ideais e podemos ter empatia ou um certo distanciamento da decisão da personagem. O saudoso Alan Rickman, no último papel da carreira, nos brinda com uma sobriedade grandiosa. Quando a “bola” chega nele o tom se acalma, mas sem perder a firmeza. Barkhad Abdi evolui bem ao longo da trama e do meio para o final cresce muito em tela. Monica Dolan, que faz a Angela, é um contraponto interessante e traz argumentos muito bons e a atriz nos faz acreditar naquilo que a personagem diz. Aaron Paul, o inesquecível Jesse de Breaking Bad, traz uma carga emocional (ao estilo que ele fez no seriado) que convence bastante.

Aaron Paul Decisão de Risco

O ponto fraco do longa, fora algumas conveniências, são os efeitos. Tem um objeto voador, uma espécie de mini drone, e um avião (ambos que dão origem ao título em inglês – olhos no céu), que o CGI não fica bom, apesar da função deles na trama ser muito curiosa. Tem algumas cenas que são desnecessárias com o avião e ainda bem que são poucas. Vale frisar que definitivamente aqui o foco não é ação, mas o suspense e o drama.

Obviamente não vou contar o final, mas farei algo diferente na crítica neste longa: deixarei na zona de comentários, abaixo desta crítica, uma breve análise sobre como a trama se resolve. Volte aqui e passe lá depois que assistir, o que aliás recomendo fortemente que façam….

[já o trailer, mesmo não mostrando o final, exibe alguns momentos que valeriam a pena guardar para a hora do filme…]

Deixe seu comentário