"Love" - (2016) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Artigo

“Love” – (2016)

Love é uma das novas séries do Netflix.

O enredo nos conta, à princípio, sobre como é sentir-se só quando deixado por alguém ou quando a sensação de nunca estar preparado para estar num relacionamento sério com alguém realmente pode ser algo real nas nossas vidas. Mickey (Gillian Jacobs) e Gus (Paul Rust) se conhecem numa conveniência de um posto de gasolina quando ela não tem dinheiro para pagar seu café: um encontro de pessoas como acontece na vida. A gentileza de Gus e o jeito desajeitado de Mickey fazem jus à ideia dos opostos que se atraem, contudo, é a partir desse fato que começamos a conhecer melhor cada personagem e a perceber que ela é muito parecida com ele, mas através de um modo de se portar, falar, lidar com as pessoas, acaba se deslocando para um outro ser inventivo, imaginado de si mesma.

Nerd, viciado em filmes e super desajeitado, principalmente com as palavras, Gus atrai o olhar sincero e perdido de Mickey. Dividem o primeiro cigarro de maconha de Gus. Ele conhece sua casa. Mickey e Gus tem o mesmo tapete, porém de cores diferentes. O que fisgamos quando acompanhamos a narrativa é que antes deles se conhecerem, a infelicidade pairava permanente. Ambos estavam sós mas acompanhados. Eram cúmplices de seus próprios vazios de solidão, tristeza e desamor. Mickey nunca conseguira estar num relacionamento sério por muito tempo e com alguém que de fato a quis bem. É engraçado como tudo acontece, o texto é bem sincronizado, as vidas de cada personagem tem uma base por trás, não é superficial.

love

A amizade é muito importante para Gus. É possível estar ciente de que ele é um cara muito inseguro e é atrapalhado com as mulheres. Ela gosta disso. Mickey o vê como ele é. Não quer dizer que o amor é como um semblante ou um espelho de reflexos que são inerentes a quem os olha, porém temos que nos ver um pouco naquele por quem nos apaixonamos. A diferença faz parte e também deve existir como uma estrutura maciça de concreto que tanto suporta como suaviza e equaliza as semelhanças. Torcemos pelo amor dos dois. Quando Mickey percebe que está conectada com Gus, inventa disfarces e adereços como forma de não aceitação daquilo que está sentindo, mas acaba tendo que realmente lidar com seus sentimentos e a aceitar de frente o que pode estar por vir.

Love é uma história de amor da vida real e não dos filmes. O cotidiano, o grotesco, os espirros, as gentilezas e sátiras da própria vida são retratos um ao lado do outro que representam a casa onde o amor vive. É bonito, sincero, engraçado e tem um toque sutil de ironia.

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