Classificação indicativa?
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Classificação indicativa?

Diz a piada que a mãe se voltou à filha e disse: “Agora que você tem 12 anos, precisamos esclarecer algumas dúvidas sobre sexo”. Ao que a garota respondeu: “Sem problemas, mãe, que dúvidas a senhora tem?”.

Não é preciso negar que as gerações mais novas ganham acesso cada vez mais cedo a informações e imagens de sexo e violência. Se antes a chegada deste tipo de imagem só ocorria na TV da sala após mais de oito badaladas do relógio, agora elas chegam a todo momento, não apenas por meio de noticiários televisivos, como através de tablets, celulares e laptops. Fica cada vez mais difícil para os pais controlarem aquilo que os filhos podem ou não assistir.

Ao mesmo tempo, acabou-se a era da inocência pueril. Não saberia dizer se isso é decorrência da infindável oferta de imagens e informações, ou se também efeito das mudanças de gerações. O fato é que crianças de 12 anos possivelmente já viram imagens de sexo (muitas vezes explícitas) ou cenas gráficas de violência.

Alguns dirão que as imagens podem ser maléficas aos muito jovens, já que crianças podem não ser maduras o suficiente para suportar o que assistem, mas o fato é que controlar o que elas acessam será cada vez mais difícil.

Obviamente, isso não significa que os pais não devem se preocupar com o que os filhos assistem, mas creio que a educação tenha que ser mais voltada em fazê-los entender o mundo em que vivem, em vez de proibi-los de ver este filme ou aquela série.

E tudo isso me leva a pensar sobre a classificação indicativa, que pode muito bem perder a função em alguns anos. Ainda que seja um método eficiente para compreendermos o produto diante de nós (se vamos encontrar cenas de sexo, consumo de drogas, etc.), não faz nenhum sentido inserir “18 anos” no rótulo de um filme ou na apresentação de uma produção televisiva, quando crianças muito mais novas não se importarão com isso, e muitas vezes nem mesmo os pais.

Pior que isso, talvez, seja a determinação de horários específicos para as classificações mais altas. Em tempos de Vídeo on Demand e streaming, os efeitos desta limitação tendem a ser pouco eficientes.

Cabe aos pais, à escola e a toda a sociedade preparar as crianças para aquilo que elas vão assistir. E para isso, é preciso contato humano e muita conversa. As mudanças no acesso à tecnologia e na sociedade exigem que as pessoas saibam conversar e discutir de maneira saudável – no mundo real e no mundo virtual.

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