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Dica de Fime / Crítica: Um Sonho Possível

Embora já tenha sido publicado um post sobre “Um Sonho Possível”, tomo aqui a liberdade de escrever algumas palavras sobre o filme.

Antes de mais nada, “Um Sonho Possível” é uma linda história real sobre uma família rica que ajudou um homem negro e pobre a se tornar um grande atleta. No original, o filme se chama “The Blind Side”, e se refere ao ponto cego dos olhos, de quando se olha para frente durante o jogo de futebol americano. O “ponto cego” também pode se referir à sociedade americana, que não enxerga todos os grandes possíveis atletas que vivem nos subúrbios e são esquecidos pela sociedade por não terem a oportunidade do ricos (e brancos).

Michael “Big Mike” (Quinton Aaron) tem diversos problemas de aprendizado e uma história triste por morar nas ruas, mas ao cruzar o caminho da rica Leigh Anne (Sandra Bullock), receberá ajuda até se tornar um grande vencedor na vida.

Ambientado no estado do Tennessee, sul dos Estados Unidos, o filme não hesita em mostrar a tensão política entre democratas e republicanos, bem como a “brancura” e o conservadorismo da alta sociedade.

Enquanto Sandra Bullock atua com grandiosidade e carisma como uma mãe protetora, forte e ao mesmo tempo sensível, o ator principal Quinton Aaron parece muitas vezes perdido em seu papel e bastante fraco, deixando claro que só foi selecionado por suas raras características físicas. Enquanto isso, o jovem Jae Head consegue roubar a cena em todas as vezes que aparece.

O filme ainda tem diversas falhas e exageros. O personagem que procura uma vaga na escola para Michael simplesmente desaparece da projeção, assim como seu filho, também bolsista e provavelmente amigo de Michael. Cheio de momentos clichês e pedantes, como a cena em que Leigh Anne monta uma bela mesa de Ação de Graças (em cinco minutos!) para o novo membro da família, ou quando a mesma personagem invade um campo de treinamento para incentivar seu pupilo com palavras saídas de um livro de auto-ajuda. O filme ainda vem com diversos diálogos clichês e feitos com o puro objetivo de tocar o espectador, que muitas vezes só não se tornam ridículos graças ao esforço de Sandra Bullock (“-Eu nunca tive isso. -Um quarto só pra você? -Não, uma cama”). Para piorar, os roteiristas ainda se viram na obrigação de criar um ponto de virada para o terceiro ato muito artificial: afinal, será que ninguém teria pensado na situação apontada pela “investigadora” antes? Pior que isso, somente a maneira simplória com que Michael responde após passar algum tempo “refletindo” sobre o assunto.

Além disso, o filme subestima o espectador ao colocar uma narração no filme totalmente desnecessária, assim como precisa explicar sobre a história do touro Ferdinando, quando a simples referência inicial ao livro já seria o suficiente para o espectador entender o paralelo.

Apesar de todos os defeitos, a narrativa prende a atenção e cria identificação com Michael, de maneira a gerar uma grande torcida para que ele alcance o sucesso. Embora a imagem da família rica e feliz seja clichê, o espectador se afeiçoa a todos e torce para que todos sejam felizes. Considerando que é uma história verídica, isso torna o filme forte e impactante em diversos aspectos.

Nota: 3 Claquetes

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