Crítica: Homem-Aranha: Longe de Casa
“Homem-Aranha: Longe de Casa” é uma aventura eficiente com uma mensagem que faz sentido para os dias de hoje.
Ficha técnica
Direção: Jon Watts
Roteiro: Chris McKenna, Erik Sommers
Nacionalidade e Lançamento: Estados Unidos, 2019 (4 de julho de 2019 no Brasil)
Sinopse: Peter Parker (Tom Holland) vai a uma viagem de duas semanas pela Europa com os amigos do colégio, mas é surpreendido pela visita de Nick Fury (Samuel L. Jackson), que precisa de ajuda para enfrentar monstros nomeados como Elementais. Peter terá que lutar ao lado de Mysterio (Jake Gyllenhaal). Mais do que isso, Peter também precisará lidar com a lacuna deixada por Tony Stark.
–
A Marvel não dá ponto sem nó. Quando, após atingir um auge em “Vingadores: Ultimato”, esperava-se que viria um filme morno protagonizado pelo Homem-Aranha, ela surpreende não apenas pela qualidade do que apresenta, mas também pelas possibilidades que abre para a franquia.
“Homem-Aranha: Longe de Casa” começa em um tom bem-humorado – que não abandona ao longo da projeção – para deixar claro que tudo o que Peter Parker (Holland) precisa, especialmente após a trama relacionada ao Thanos, é descansar em uma viagem escolar pela Europa, na qual pretende se dedicar a conquistar M.J. (Zendaya), a menina de quem gosta. Antes disso, e também com certo bom-humor, o longa se dedica a explicar os efeitos das ações do grande vilão e do processo que salvou as pessoas, mas que gerou algumas anomalias devido ao fato de os “sumidos” terem ficado 5 anos parados no tempo.
O filme consegue mostrar como as pessoas já se acostumaram com a existência de super-heróis, e a presença de Tia May em grupos de apoio reforça como as pessoas estão se organizando. Além disso, é interessante notar como o conceito de identidade secreta, que nunca foi uma questão aos filmes da Marvel (diferentemente dos quadrinhos), é questionado neste filme, já que Peter é um dos poucos que ainda precisam esconder que são os verdadeiros heróis. Isso exige malabarismos, como a criação de um nome diferente para sua aparição na Europa, e requer certa condescendência dos colegas e professores da escola, que são mostrados como ingênuos desde o início. Essa ingenuidade pareceria incongruente se não fosse a escolha do roteiro de aproximar o longa das comédias de escola dos anos 90 e apresentar uma temática política interessante para os dias de hoje: a ideia de que as pessoas acreditam no que querem acreditar.
Ademais, essa defesa de que as pessoas acreditam naquilo que querem acreditar permeia todo o filme. O protagonista não quer aceitar em seu potencial, por isso acredita na idoneidade do “herói” que acabou de conhecer – afinal, ele precisava crer nisso para se livrar de um poder que lhe traria muita responsabilidade. Os professores acreditam no que querem. As pessoas acreditam no que querem, e é preciso de muito esforço para mostrar que o que elas veem é apenas uma projeção bem realizada. Por fim, já nas cenas pós-créditos, vemos que as pessoas poderão acreditar no que são feitas para acreditar – e só de imaginar o esforço que será fazê-las enxergar a verdade já nos dá uma ideia dos próximos filmes da franquia.
Mas não é só de visões macro que “Homem-Aranha: Longe de Casa” depende para ser um bom filme. Apesar do início um pouco arrastado, o longa surpreende pelas cenas de ação muito bem coreografadas e a presença de um vilão bem construído e com um propósito que faz muito sentido. A atuação de Gyllenhaal é tão boa que até ameniza uma cena expositiva que poderia ser um ponto fraco do longa, além de aumentar o elemento surpresa do roteiro no ponto de virada da trama.
Apesar de algumas piadas em momentos inconvenientes (marca registrada da Marvel), o filme também consegue colocar o drama necessário no arco de desenvolvimento do protagonista, e mais uma vez conta com a qualidade de atuação de Tom Holland que, apesar de dar foco no jeito “engraçadinho” como o teioso, já havia provado sua capacidade dramática desde 2012 com “O Impossível”. E assim a Marvel se consolida como um grande projeto que, a despeito de quaisquer críticas nos mais diversos âmbitos, acaba por se manter extremamente coeso mesmo depois de tantos filmes. E se há alguns filmes mais fracos ou histórias menos impactantes, o fato é que a maioria tem sua eficiência e está acima do mediano. E “Homem-Aranha: Longe de Casa” definitivamente se encaixa neste padrão.
Summary
“Homem-Aranha: Longe de Casa” é uma aventura eficiente com uma mensagem que faz sentido para os dias de hoje. Confira a crítica: