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CRÍTICA: MALIGNO (The Prodigy)

Terror que vai do sobrenatural ao ético.

Ficha técnica:

Direção: Nicholas McCarthy
Roteiro: Jeff Buhler
Elenco: Taylor Schilling, Jackson Robert Scott, Peter Mooney, Paul Fauteux, Brittany Allen e Colm Feore
Nacionalidade e lançamento: Estados Unidos / Canadá, 14 de março de 2019

Sinopse: Uma criança começa a demonstrar um comportamento assustador, dando a entender que forças malignas se apoderaram do seu corpo, forçando os seus pais a irem atrás de ajuda.

MALIGNO já começa por cima, com direito a gritaria e desespero. O terror já começa a fluir em nosso corpo tentando acompanhar as informações desconexas em cenas fortes e rimas visuais bem interessantes. O diretor Nicholas McCarthy (AT THE DEVIL’S DOOR) já te apresenta bem o que está por vir. Ou estaria.

Vemos que o roteiro de Jeff Buhler (CEMITÉRIO MALDITO) flui bem, com dinamismo e pontuando toda o crescimento de Miles, personagem de Jackson Robert Scott (IT, A COISA), avançamos no tempo em uma ótima viagem. E a expectativa só aumenta. Aos poucos vamos acompanhando Miles se desestruturar, proclamando o medo em sua casa ao ferir a sua babá, o amigo da escola e até mesmo o seu cãozinho.

Algumas cenas cravam um tom demoníaco, e a possível possessão do garoto começa se ganhar vida. Muito disso fica nas costas do pai Peter Mooney (BURDEN OF TRUTH) e da mãe do garoto vivida por Taylor Schilling (ORANGE IS THE NEW BLACK). Jhon tem um ar apático, sem carisma ou voz ativa na trama – eu e minha namorada chegamos a escalar o Ben Affleck para este papel, sem zoeira, Mooney lembra muito Affleck aqui – já Sarah Blume foi interpretada com mais “vontade” por Schilling, que não reinventa o clichê da mãe atormentada e preocupada com o filho, mas é muito segura e competente no que se propõe a fazer.

Se tornando um pouco mais técnico, gostaria de salientar dois pontos bem bacanas, o primeiro deles que me chamou atenção é a trilha sonora. Talvez não tão marcante como outros tantos filmes de terror, mas de fato é um personagem a parte. Em alguns momentos, ele traz para o áudio a batida cardíaca dos personagens em momentos cruciais do enredo.

Outro ponto legal a se comentar é a fotografia. Muitas vezes faz um mise em scene que nem parece pensado. Flui. Quadros que eu chamaria de “falso simples”. E não trai o filme em momento algum. Sagaz e criativo, assim como algumas transições. Diversos versos visuais explorados de forma eficaz.

Quanto ao roteiro, é bem escrito e entrega um plot bacana. Difícil ser “inovador” dentro deste tema, você pode até brincar com certos artifícios, explorar algumas vertentes, emendar ideias, inovar a forma de contar ou rodar, mas temos aqui um pouco mais do mesmo. O lance de não ser uma possessão é ótimo, suas raízes são uma boa ideia, mas não tão inovadora assim.

Um filme de terror muitas vezes é lembrado pelas situações, muito mais do que o vilão ou a temática. Temos o costume de nos por na pele dos ameaçados, em MALIGNO acompanhamos bons incidentes que realmente deixam cabreiro. Seja a criança falando húngaro enquanto dorme, encarar os olhos do filho e não encontrá-lo e ver o moleque com outro rosto.

Só que dando alguns passos para trás e olhando bem para a MALIGNO, temos não só um filme de terror, mas um questionamento moral. E isso é maravilhoso. Quando descobrimos que o personagem Edward Scarka que passa pela pele de Paul Fauteux (NO STRANGE THAN LOVE) está atrás de terminar o que começou em vida, a personagem Sarah Blumme levanta a pergunta: “Você mataria uma pessoa para encerrar a tortura sobre uma criança? O mal sobre um filho?”, pois é, isso da um forte sabor para o terceiro ato. Beira a genialidade.

2.5

Summary

Ideia, casting e execução ok, deixam o filme ok. Original até certo ponto, pois usa ferramentas que já vimos de alguma forma em outras obras. Ponto positivo para o garoto Jackson Robert Scott, que em uma cena de hipnose arquitetada para brilhar, ele mata no peito e mostra potencial. Bom filme.

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