Livros, personagens, filmes: quando eles se misturam – Parte II
Vamos continuar o tema: livros, personagens e a relação que eles possuem e aparecem nos filmes.
Não somente sobre os filmes que foram adaptados para o cinema, falaremos disso mais à frente (espero eu!), mas da importância que a leitura, os livros possuem dentro de filmes.
A teoria cinematográfica aborda continuamente as semelhanças e particularidades do cinema em relação à literatura. As afinidades com estilos provenientes de outras artes foram notadas desde o início dos anos 1920.
E a partir de 1950, os teóricos do cinema argumentavam que ele não era como a música ou a pintura abstrata, era uma arte de contar histórias, e sua maior afinidade foi com o romance e o teatro.
O livro tem o poder de desenvolver a criatividade, a sensibilidade, o senso crítico, a sociabilidade e a imaginação.
E sobre os escritores também temos muitos filmes que tratam deles, de seu processo de escrita, como criam a história, a própria história da vida do escritor. Dá uma olhada nesse texto sobre filmes que falam de escritores reais.
RUBY SPARKS – A NAMORADA PERFEITA, de 2012.
Dirigido por: Jonathan Dayton e Valerie Faris
Elenco: Paul Dano: Calvin Weir-Fields; Zoe Kazan: Ruby Sparks; Chris Messina: Harry; Annette Bening: Gertrude; Antonio Banderas: Mort; Aasif Mandvi: Cyrus Modi; Steve Coogan: Langdon Tharp; Toni Trucks: Susie
Calvin, um autor de romances que estourou de vender logo no primeiro livro e por conta disso, tem-se uma grande pressão em cima do seu segundo livro. E, então, chega o temido bloqueio. Calvin não consegue escrever o seu segundo livro.
Na turbulência que vira sua vida, ele é largado pela sua namorada e tem a ideia de escrever uma história sobre uma moça idealizada, que seria a sua namorada perfeita, mas acaba se apaixonando pela personagem que criou.
Para sua surpresa, ela simplesmente se materializa em sua casa: Ruby; que não sabe que é a personagem de um livro escrito por Calvin, já que ela tem uma personalidade própria, mas Calvin consegue mudá-la de acordo com o que ele escreve.
Uma cena emblemática é o confronto entre o criatura e criador no final, quando a personagem Ruby e o escritor Calvin têm que encarar a realidade. Uma cena muito bem construída.
A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, de 2013.
Direção: Brian Percival
Elenco: Emily Watson: Rosa Hubermann; Geoffrey Rush: Hans Hubermann; Sophie Nélisse: Liesel Meminger; Ben Schnetzer: Max Vandenburg; Gotthard Lange: Grave Digger; Hildegard Schroedter: Frau Becker; Joachim Paul Assböck: SS Officer; Kirsten Block: Frau Heinrich; Nico Liersch: Rudy; Rafael Gareisen: Walter; Sandra Nedeleff: Sarah.
O filme é adaptado do livro homônimo do escritor australiano Markus Zusak. Dirigido por Brian Percival, ele mostra a história de Liesel Meminger, que segue uma vida nova com sua família adotiva.
Durante a viagem para a cidade da nova família, seu irmão morre e, em seu enterro, Liesel encontra seu primeiro livro. Assim, a garota passa a roubar obras literárias, desenvolvendo o gosto pela leitura em meio à dura realidade da Segunda Guerra Mundial. Ela aprende a ler e partilhar livros com seus amigos, incluindo um homem judeu que vive na clandestinidade em sua casa. Numa Alemanha Nazista, onde se fez a queima dos livros, como símbolo de um regime opressivo que procurou silenciar e censurar um aspecto da cultura da nação, ler torna-se um ato revolucionário.
CAPITÃO FANTÁSTICO, de 2016.
Direção: Matt Ross
Elenco: Viggo Mortensen: Ben; Frank Langella: Jack; George MacKay: Bo; Samantha Isler: Kielyr; Annalise Basso: Vespyr; Nicholas Hamilton: Rellian; Shree Crooks: Zaja; Charlie Shotwell: Nai.
Conta a história de um casal que decide educar seus seis filhos distante do mundo capitalista e de uma dimensão de vida focada no consumo em uma propriedade rural no meio de uma floresta. Lá, eles criam seu pequeno universo numa cabana e vivem sob com regras e ideologias que são postas à prova a todo momento.
No filme, a literatura está presente, como nos diálogos em que o pai pede uma análise crítica das obras que seus filhos estão lendo; a cena em que a filha explica o drama contido em Lolita (um ótimo momento de como a leitura pode pertencer ao leitor) e o pai pedindo o ponto de vista da filha, o que ela concluiu com a leitura do livro, reforçando o aspecto da arte da escrita, ou seja, o que a história provocou nela.
ANIMAIS NOTURNOS, de 2016.
Dirigido por: Tom Ford
Elenco: Amy Adams: Susan Morrow; Jake Gyllenhaal: Tony Hastings / Edward Sheffield; Michael Shannon: Detetive; Aaron Taylor-Johnson: Ray Marcus; Isla Fisher: Laura Hastings; Armie Hammer: Hutton Morrow; Karl Glusman: Lou; Laura Linney: Anne Sutton.
Encontramos Susan, uma rica socialite dona de galeria de arte, é casada com um refinado homem de negócios, a fachada da vida perfeita que se exibe na mansão em que mora, e que são estruturalmente as ruínas de uma fria existência. Depois de vinte anos do fim de primeiro seu casamento, Susan recebe um manuscrito que foi enviado por seu ex-marido Edward, alguém com quem se casou muito jovem e, segundo sua mãe, o fizera por um capricho de adolescente rebelde e idealista.
O livro dentro do filme, ou seja, o livro aparece também como personagem, conta uma história fictícia, a personagem Tony Hastings, um homem que leva sua esposa e filha para tirar férias, mas o passeio toma um rumo violento ao cruzar o caminho de uma gangue.
Durante a tensa leitura, o que vemos dele na tela é a cena que acontece na cabeça da personagem Susan, enquanto o lê. Ela quem faz as ligações e coloca o ex-marido como personagem e as visões que tinha dele, ela pensa sobre as razões de ter recebido o texto, descobre verdades dolorosas sobre si mesma e relembra traumas de seu relacionamento.
A originalidade fica por conta de alguém construir, por meio da ficção, os eventos e as emoções guardadas há 20 anos e foram elas que levaram à relação ao fracasso. A história dentro da história, um suspense que aflige e choca.
UMA BELEZA FANTÁSTICA, 2016-2017.
Dirigido: Simon Aboud
Elenco: Andrew Scott: Vernon; Jeremy Irvine :Billy; Jessica Brown Findlay: Bella Brown; Tom Wilkinson: Alfie Stephenson; Anna Chancellor: Bramble.
O filme tem como proposta ser um conto de fadas moderno, então elementos que fogem da realidade são comuns, pois a personagem Bella foi deixada em uma caixa quando bebê e foi protegida por patos até que freiras a encontrassem.
O filme encanta pela singeleza e doçura com que mostra o desenrolar de uma amizade inusitada e muito apaixonante, que se dá através do descobrimento da jardinagem e de livros.
A jovem Bella Brown é uma escritora de contos infantis que não escreve. Reclusa, ela trabalha em uma biblioteca e leva uma vida solitária em meio aos livros. Um dia, o proprietário da casa alugada por Bella a força a arrumar o jardim, que é deixado em situação de extremo abandono por conta da repulsa da jovem em estar lá fora. É ou arrumar, ou ser despejada. E é aí que um velho rabugento de poucos amigos entra na sua vida.
A BELA E A FERA, (1991, Estúdios Disney), filme de 2017.
Direção: Bill Condon
Elenco: Emma Watson: Bela; Dan Stevens: Fera; Luke Evans: Gastão; Kevin Kline: Maurice, o pai da Bela; Josh Gad: LeFou; Ewan McGregor: Lumière; Emma Thompson: Madame Samovar; Audra McDonald: Guarda-Roupa.
A personagem Bela, moradora de uma pequena aldeia francesa, era humilde, gentil, e generosa, apaixonada por livros e leitura. Ela tem o pai capturado pela Fera e decide entregar sua vida ao estranho ser em troca da liberdade do progenitor.
No filme, Bela é considerada esquisita por amar a literatura, mas não se importa com isso. Fica realmente encantada com a biblioteca do castelo da Fera.
Temos muitos outros filmes que abordam a leitura, a literatura e o hábito de ler. Esses filmes são alguns exemplos que tem livros como parte de seu argumento central, ou como fato importante da história em si. Eles mostram o quanto a leitura é libertadora e importante para o aprendizado, para o crescimento pessoal, já que ler significa mais conhecimento, mais informação, mais capacidade argumentativa ampliada e desenvolvimento do raciocínio.