Por que “Corra” (2017) nos fala mais do que podemos ver?
Em janeiro de 2017 a Universal Pictures trabalhou como distribuidora do filme “Corra” (“Get Out”, em inglês). O longa foi escrito, produzido e dirigido por Jordan Peele, que também é ator e tem larga experiência em produções para a TV.
Aqui no site, você pode encontrar a crítica do filme feita por Lucas Albuquerque e também escutar o programa #228 do podcast Cinem(ação), para ter maiores informações – e diferentes opiniões – sobre o filme. A minha proposta aqui nada mais é do que a de expor alguns aspectos que esta produção levantou ao longo dos seus 104 minutos. Não busco fazer uma análise sobre as suas qualidades cinematográficas, tampouco me considero crítico de cinema. Apenas pretendo destacar a importância temática sobre a 
Assisti ao “Corra” no mesmo dia em que escrevo este artigo. Após o almoço, acomodei-me na esperança de encontrar um filme que me fizesse refletir de alguma maneira. Lembrei-me que há alguns meses meu irmão, Rafael, havia elogiado bastante o thriller. Assisti novamente o trailer e, sem demora, tomei a minha decisão.
Quando vi Daniel Kaluuya, logo me lembrei de sua participação em Black Mirror. Na ocasião, recordo-me de ter ficado surpreso com a qualidade de sua interpretação e, devo dizer que no presente filme, o ator também não decepciona. Assim, composto por ótimos profissionais, apesar de não muito conhecidos – com exceção de Catherine Keener -, o filme discorre de forma direta e clara sobre o tema da discriminação racial.
Com bom humor e acidez, sem abandonar o clima de suspense e terror, o longa questiona diversos estigmas que ainda hoje servem a manter e a reproduzir o preconceito mundo afora. Apesar de ser ambientado nos Estados Unidos, a produção fala do que diz respeito à história da humanidade, abordando temas como a desvalorização e a criminalização da cultura negra, a sexualização da população negra e a exclusão social. No livro “Os estabelecidos e os outsiders”, Norbert Elias e John Scotson explicam detalhadamente este movimento da perspectiva das Ciências Sociais. Os autores discorrem sobre o processo discriminatório como um dos instrumentos de manutenção do poder dos grupos dominantes.

