Crítica: No Fim do Túnel (2016)
No Fim do Túnel poderia ser bom, excelente até, mas….
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Rodrigo Grande
Elenco: Leonardo Sbaraglia, Clara Lago, Pablo Echarri, Uma Salduende
Nacionalidade e lançamento: Argentina/Espanha, 2016 (06 de outubro de 2016 no Brasil)
Sinopse: Joaquín (Leonardo Sbaraglia) mora sozinho. A vida dele muda quando uma mulher com a filha alugam um quarto na casa dele. A vida dele muda mais ainda quando descobre que os vizinhos estão armando um assalto através de um Túnel.
Estou defendendo que 2016 tem um subgênero chamado casa. Ou seja, há uma boa quantidade de longas que se passam em uma residência como cenário predominante. Nos últimos meses tivemos: Arq, O Quarto de Jack, Rua Cloverfield 10, The Invitation, Hush – A morte Ouve e O Homem nas Trevas.
O longa espanhol/argentino entra nessa conta e se assemelha especialmente aos dois últimos, dado os personagens principais terem algum tipo de deficiência. Depois de audição (Hush) e visão (O Homem nas Trevas) limitadas, neste o protagonistas Joaquín (Leonardo Sbaraglia) é cadeirante. Tal como nos filmes anteriores, o elemento está ali não como um completo limitante ou é visto coitadismo, já que nas situações dos filmes a sacada é criar alternativas mesmo diante daquelas adversidades.
Ainda assim, logo no início temos algumas dicas de que Joaquín está solitário e triste. Uma paleta fria de cores tanto na fotografia, quanto no figurino e um signo visual que por vezes denota melancolia: a chuva. A personagem Berta (Clara Lago), junto com a filha Betty (Uma Salduende), entra na história e na casa de Joaquín. É nítida a mudança: ela dará vida ao ambiente, vide, dentre outras coisas, roupas e batons vermelhos. A rotina dele muda um pouco.
Mas a rotina muda mesmo quando ele descobre uma movimentação estranha no apartamento ao lado. Algo que pode colocar em risco a vida dele e das duas novas inquilinas: um grupo de assaltantes querendo roubar um banco que passará por um túnel ligado a casa do nosso protagonista. No Fim do Túnel então envereda para um suspense que tinha potencial para ser bom. Como nos já citados Arq e Rua Cloverfiled, 10 há um jogo de gato e rato.
Três fatores, no entanto, tiraram-me constantemente da trama: o roteiro, a trilha e a montagem. A história tem um começo atabalhoado, um meio enfadonho e uma resolução clichê. Personagem e o contexto são jogados em tela. Não temos a sensação de que a coisa anda – as duas horas contribuíram com isso (o filme poderia ter 1h30). As viradas são previsíveis e carregam pouca emoção.
Emoção que a trilha tenta dar, mas, sabedora de uma narrativa fraca, só faz gritar e antevê os sentimentos que deveríamos perceber nas cenas. A constância desse elemento também irrita, não permitindo respirarmos. Agora o que destrói No Fim do Túnel é a montagem. Dois momentos exemplificam esse problema: a cena inicial e uma cena de dança. Se não são erradas, elas são, no mínimo, piegas. Se você não tiver problemas com tais colagens, então pode aproveitar melhor o resto do filme do que eu.
Um arco que funciona, porém é pouco explorado, é o da filha da Berta, a jovem Betty, tem alguma profundidade e as cenas da menina com Joaquín funcionam na totalidade. Não é correto julgar o filme pelo que ele não é, mas se a história fosse apenas focada no trio principal, sem toda a questão dos vizinhos, poderia se melhor sucedida. Aliás, certos movimentos poderiam ser tomados e o personagem não sofreria tanto e a coisa toda acabaria – o filme inclusive.
No Fim do Túnel decepciona. Poderia ser um dos grandes filmes do ano, como alguns daquela lista inicial do subgênero o são. Uma montagem com transições equivocadas e brutas, uma trilha destoante e inflada e, principalmente, um roteiro lamentável rebaixam e muito esta obra.
https://www.youtube.com/watch?v=eO0vwfzwuEI%20
Resumo
No Fim do Túnel decepciona. Poderia ser um dos grandes filmes do ano. Uma montagem com transições equivocadas e brutas, uma trilha destoante e inflada e, principalmente, um roteiro lamentável rebaixam e muito esta obra.