Black Mirror | The National Anthem (O hino nacional)
Black Mirror é uma minissérie do Reino Unido, escrita e roteirizada por Charlie Brooker, que procura mostrar o potencial maligno de tecnologias existentes (ou próximas da existência) em nossa sociedade. Com um olhar extremamente crítico e pessimista para o futuro, traz perspectivas assustadoras, já que usa conceitos sociais e culturais já praticados e os eleva a máxima potencia. Sua estreia mundial foi em 4 de dezembro de 2011 e já possui duas temporadas, um episódio sazonal (especial de Natal) e terceira temporada confirmada para estreia.
O formato da série é diferente do que estamos acostumados a assistir. Cada temporada tem apenas três episódios, cada um independente do outro, com histórias, personagens e universos completamente desconexos. Alias, não totalmente, todos com um background que centraliza o papel das tecnologias no mundo, entrelaçado com o comportamento humano, maior parte deles trazendo o homem como o lobo do homem, quase como tentando nos dar a dica: “Olha, se continuarmos assim, é aí que vamos parar, e esse não é um lugar legal.” As tecnologias, nesse contexto focando nas digitais, sempre potencializaram a existência humana e seus feitos, e Black Mirror procura esfregar na nossa cara o quanto todo esse poder é perigoso.
Como já citado, cada episódio é praticamente um média-metragem, nos apresentando roteiros completamente diferentes, logo, como uma série de postagens, cada episódio da primeira temporada será descrito e comentado separadamente, falando principalmente pelas problemáticas tecnológicas e sociais.
A partir deste ponto, este artigo contém revelações sobre enredo e acontecimentos da drama, continue lendo por sua conta e risco.
Abaixo, um ensaio sobre o primeiro episódio.
01 – The National Anthem (O hino nacional)
Primeiro episódio da série, dirigido por Otto Bathurst e escrito por seu criador, Charlie Brooker.
Elenco: Rory Kinnear, Lindsay Duncan, Donald Sumpter, Tom Goodman-Hill, Anna Wilson-Jones, Lydia Wilson.
A Princesa Susannah (Lydia Wilson), duquesa de Beaumont e amada pelo povo britânico é sequestrada. Seu sequestrador tem uma única condição para libertar o membro da família Real: o primeiro-ministro, Michael Callow (Rory Kinnear), precisa realizar transar com uma leitoa em rede nacional, e ir até o fim do ato (aka gozar na porca). Obviamente, o governo inglês tenta de tudo para evitar tal ato e enganar o sequestrador, mas o próprio já havia alertado sobre esse tipo de manobra e não foi enganado.
Esse primeiro episódio eu assisti em sala de aula. Para puxar a discussão do dia, o episódio (e a série inteira, diga-se de passagem) foi bem interessante. E como foi interessante!
O maior diferencial deste para os seus sucessores é que as tecnologias que nos são apresentadas são todas já existentes. Não são promessas ou a próxima tecnologia massiva. Tudo está ao nosso redor hoje: TV, jornal, Youtube e conceitos já conhecidos como imprensa, sensacionalismo e viralização. O vídeo da ameaça do sequestrador ficou no Youtube por poucos segundos e a inteligência inglesa já não conseguiu escondê-lo do público, ele já havia sido baixado e re-upado diversas vezes.
Durante o episódio somos levados a pensar o quão longe iríamos para chegar a algum objetivo, seja o bem do outro (indivíduo), o bem comum ou responsabilidade política. E quão longe essa tenda de circo da sociedade do espetáculo leva as massas ao seu extremo também (outros episódios também retratam esse tema). Ao fim do episódio o ato é consumido ao vivo e é o evento mais televisionado e de maior audiência de todos os tempos em escala mundial.
Detalhe: Enquanto toda a população estava com seus olhos virados para todas as TVs de Londres, a duquesa Susannah havia sido libertada, antes do coito.
Em breve, o próximo artigo, sobre o episódio intitulado Fifteen Million Merits (Quinze milhões de méritos).