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Obrigado, Amy

Antes de começarmos o texto, aqui vai uma sugestão: assista aos vídeos inseridos neste post conforme for lendo o artigo e, de preferência, com o fone de ouvido.

Acabo de assistir ao documentário sobre a vida de Amy Winehouse e fico com um gosto amargo na boca. Ver uma jovem inglesa com tanto talento se despedaçando aos poucos e sumindo ao longo do tempo, é difícil. Amy era distinta, sabia cantar belamente, era marcante e compunha como poucos artistas. Ela era intensa como uma eterna adolescente. Quando amou, foi como nos clássicos românticos sufocados pelo próprio sentimento como em “Romeu e Julieta”, mas se odiava, conseguia ser tão intensa quanto.

Ainda me lembro de quando ouvi pela a primeira vez seu álbum “Back to Black”, um som cru e sincero. Seu tom de voz amarrou a minha atenção, era como se o mundo tivesse ficado em silêncio para escutá-la dizendo: “você volta a ela e eu volto à escuridão – You go back to her/and I go back to black”. As suas letras sempre foram um retrato de seus sentimentos e experiências, claramente autobiográficas. Pegue as letras de Amy Winehouse e entenda um pouco melhor as suas angústias, desejos e medos.

Quando se assiste ao documentário, percebe-se que Amy estava assustada, nunca desejou fama e fãs, nem prêmios e muito dinheiro, essas coisas tinham pouca importância a ela. O que realmente buscava era a música, o jazz. “Amy tinha o dom completo”, afirmou Tony Bennett, “ela deveria ser considerada uma das maiores cantoras de jazz que já existiu e, se eu pudesse lhe dar um conselho hoje, eu diria, vá com calma”. Tony foi um dos maiores cantores de jazz da história e uma inspiração para Amy Winehouse.

Quando se analisa a história desta cantora, percebe-se que foram muitos erros. Erros que não poderiam ter acontecido e que eventualmente desencadearam em sua morte. Ainda adolescente, Amy já apresentava transtornos alimentares, como a bulimia. Aos 20 e poucos anos foi diagnosticada alcoólatra e seu pai declarou-se contra a internação, justificando que “ela tinha turnês a fazer”.

Sem dúvida, Amy com toda a sua excentricidade foi um talento que demoraremos a ver novamente. Não é a toa que depois de sua morte em julho de 2011, inúmeros tributos foram feitos a ela. Não há dúvidas de que Amy era uma incrível artista, mas também, era uma bomba relógio. Amy e o maridoTodos os indicadores a levavam para o fim que teve: um relacionamento conturbado, o uso constante de álcool e outras drogas, a bulimia, a depressão, a fama. Foram muitos fatores que a destruíram. Quando penso em Amy, penso que gostaria de tê-la conhecido, saber melhor sobre quem ela realmente era. Gostaria de ter sentado junto a ela e dito: “e ae, o que está acontecendo? Você está precisando de alguma coisa?”. Se ela não tivesse ficado famosa, se não tivesse se casado com quem se casou, se tivesse pais diferentes, se, se, se… talvez a história teria sido diferente. Contudo, Amy não teve tempo disso, “todos queriam um pedaço dela”. “O show deve continuar”, e foi isso o que ela fez, mesmo quando confessava que não queria mais a fama, os paparazzis e nem as turnês. Amy morreu jovem, no auge de sua carreira. Hoje, percebo que ela tornou-se muito maior que ela mesma, acredito que tenha se tornado tão grande que não coube em si.

Veja o Trailer do Documentário “Amy (2015)”!

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